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Jornada Vocacional: “O catequista é mensageiro da voz de Deus”, afirma Neuza Silveira de Souza

No último domingo do mês de agosto é celebrado o Dia do Catequista, vocação dos que assumem a missão de transmitir os ensinamentos de Jesus. A nobreza dessa vocação foi sublinhada pelo Papa Francisco que, por meio  da Carta Apostólica sob forma de  ‘Motu proprio’ “Antiquum ministerium”, publicada no dia 11 de maio de 2021, instituiu o ministério do catequista.

A Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte (Sabic), Neuza Silveira de Souza, há mais de 30 anos se dedica à catequese. Nesta entrevista, Neuza de Souza partilha um pouco de sua experiência e fala sobre o seu despertar vocacional.

O despertar vocacional

Neuza conta que desde muito cedo, em sua cidade natal, ela gostava de participar da Missa e ficava olhando as catequistas cuidando das crianças, na Igreja. “Tínhamos um padre que na hora da homilia gostava de conversar com as crianças, fazer perguntas e eu me encantava com a cena e dizia para mim mesma: um dia vou ser catequista”, afirma.

Passado um tempo e já em outra cidade, Neuza teve a oportunidade de realizar uma formação de catequese na paróquia em que frequentava. A assessora que ministraria a formação era a Inês Broshuis, então assessora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e fazia a divulgação do documento “Catequese Renovada”. “Com a formação recebida, apaixonei-me pela catequese e tive a certeza do que realmente queria – ser catequista”, diz.

Os desafios do catequista

Neuza destaca que há grandes desafios enfrentados pelos catequistas. “O catequista tem a missão de ajudar outras pessoas a fazer uma experiência de se colocar no seguimento de Jesus. Para que isto aconteça, o catequista precisa, efetivamente, estar no seguimento de Cristo, tem de conhecer a Palavra, tem de ter disponibilidade, compromisso, tem de primeiro ter feito a experiência do encontro com Jesus. A ação catequética é um processo de crescimento na fé, e o catequista precisa descobrir e compreender a pedagogia de Deus, a pedagogia de Jesus e a pedagogia da Igreja para bem fazer ecoar a Palavra de Deus e ajudar as pessoas a crescer na fé”, afirma.

A catequista ressalta que é necessário também conhecer a realidade do catequizando: o ambiente, a família, como vivem. “O catequista é um educador da fé. Precisa se preocupar com a sua própria formação. Tem que adequar a linguagem de acordo com a idade dos catequizandos para conseguir passar a mensagem. Qual a melhor forma de realizar dinâmicas que ajudam no processo de transmissão do conteúdo, de criar relações”, explica.

As alegrias da vocação

Neuza Silveira  partilha que a maior alegria vivida na vocação de catequista  é a possibilidade de se colocar a serviço da Palavra e sentir que ela faz eco na vida das pessoas. “A Palavra  produz brilho no olhar e pode levar ao apaixonamento por Jesus. Isto porque nós catequistas, pela própria essência de nossa vocação, somos chamados a olhar para Jesus e inspirar-se na sua prática. Ele é o modelo que nos confere identidade e molda nosso coração. E, assim, com seu agir nos encanta, somos movidos para também encantarmos nossos catequizandos”, diz.

Neuza lembra importante fala do Papa Francisco  sobre os catequistas: além de mestres e mistagogos, são especialistas na arte do acompanhamento (EG, n. 169-173), têm competências educacionais, sabem ouvir e entrar na dinâmica do amadurecimento humano. “Essas considerações envolvem todo nosso ser e produz muita alegria em nós, fazendo-nos sentir impulsionados para ir ao encontro do outro, mostrar nosso amor e nos dispor a doar, a fim de nutrir o crescimento espiritual das pessoas e de nós mesmos para juntos caminharmos e trabalharmos para a edificação do Corpo de Cristo no nosso meio”, afirma.

Buscar ser exemplo

Para  Neuza Silveira, o catequista é sempre modelo para seus catequizandos. Precisa estar atento, dar testemunho de fé e de vida, ser comprometido com suas atividades. O catequista é um cristão que, respondendo ao chamado particular de Deus, torna-se responsável pela transmissão da fé e pela missão de iniciar as pessoas na vida cristã, constituindo, assim, o corpo eclesial da Igreja, da qual Cristo é a cabeça. Ela explica que de acordo com o Diretório para a Catequese,  o catequista abriga, acolhe, alimenta e testemunha a vida nova que vem de Jesus, tornando-se sinal para os outros (DpC n. 113). “Mas não esqueçamos que o protagonista é sempre o Espírito Santo. Sem Ele, nada somos”, destaca.

Ao catequista sempre foi dado o ministério da Palavra, por confiança da Igreja. Hoje, o catequista é um ministro instituído pela Igreja, representando-a  na formação de discípulos missionários de Cristo.

Orientações para o amadurecimento da vocação de catequista

Alguns conselhos são dados por Neuza Silveira aos que sentem o chamado para ser catequista. “Seja sempre confiante, perseverante. O trabalho do catequista é uma dádiva de Deus. É uma missão e exige compromisso. Somos chamados a ser semeadores da Palavra, cuidadores da criação, e exercemos nosso ministério pela graça que provém de Deus. Semeamos partilhando nossas experiências no campo da existência humana. Elas florescem como flor do campo que, ao ser tocada pelo vento, desaparece, mas deixa lugar para o amor de Deus penetrar e florescer, fazendo habitação no coração do irmão”, afirma.

A coordenadora do Sabic destaca que o catequista é o mensageiro da voz de Deus,  empresta sua voz para Deus falar. “Assim, nunca desista, seja sempre catequista corajoso, forte, mas também humilde e perseverante, na certeza de que Deus caminha junto”, ressalta.

Em relação aos passos para se tornar um bom catequista, Neuza aponta: “Primeiro descobrir sua vocação. A nossa vida de fé cristã é comunitária. Da comunidade brota vocações. O catequista se torna uma pessoa de referência dentro da comunidade evangelizadora. Precisa gostar e se dispor a dialogar com crianças, jovens e adultos; participar das atividades  da comunidade; desenvolver sua espiritualidade de Catequista. Ninguém nasce catequista, mas se torna catequista e tem de trabalhar para crescer na vocação, ter forte espiritualidade para ser capaz de mostrar e iluminar os caminhos da fé, buscar conhecimentos sobre a Palavra de Deus e, principalmente, fazer a experiência do encontro pessoal com Jesus, pois a Catequese tem como centralidade a pessoa de Jesus Cristo – sua vida, paixão, morte e ressurreição. Precisa ser uma pessoa de oração, buscar formação permanente, estar atento à realidade olhando para os fatos da vida com o olhar da fé, ter consciência crítica diante de fatos e acontecimentos.

Outras características precisam ser desenvolvidas:  a confiança sobre o trabalho que desenvolve e os ensinamentos que são partilhados, a disponibilidade para mergulhar no mistério de Cristo. Deve-se buscar permanentemente a interação fé e vida –  exercendo a sua missão social e comunitária. A coordenadora do Sabic pontua ainda que o catequista deve investir para desenvolver habilidades com a linguagem, pois também é um comunicador. Além disso, o catequista precisa buscar equilíbrio emocional, ser responsável e perseverante, saber trabalhar em equipe, exercer a criatividade e a liderança. Sempre buscar aprender mais sobre didática, dinâmicas para trabalhar com grupos. Por amor, buscar fazer o melhor pelo bem dos catequizandos, sentindo dentro de si o chamado para a vocação de catequista.



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