A doença é, para alguns, o desmoronamento das suas falsas certezas; para outros a experiência maior de Deus.
Estando doente uma vez em Manresa (Espanha) chegou a ponto de morte, com uma febre tão extrema que julgou claramente que a alma lhe sairia logo. Vinha-lhe um pensamento que lhe dizia ser tudo isso justo e causava-lhe tanta aflição que só lhe dava repugnância, pondo-lhe diante seus pecados. Com tal pensamento tinha mais trabalho que com a própria febre; mas não podia vencer essa idéia, por mais que pelejasse por afastá-la. Mas, aliviado um pouco da febre e não mais naquele extremo de expirar, começou a dar gritos a umas senhoras, que tinham vindo para visitá-lo, pediu-lhes por amor de Deus, quando outra vez o vissem em perigo de morte, lhe gritassem em altas vozes, dizendo-lhe: “Pecador! Lembra-te das ofensas que cometestes contra Deus!” (autobiografia de Santo Inácio de Loyola. 32).
Alguns estão mais preocupados em viver muito do que em viver bem. A morte, desde que nascemos, vive ao nosso lado. Inácio de Loyolaa viu de perto por diversas vezes, sempre consciente da sua limitação. Senhor, afasta-te de mim que sou pecador! dizia Pedro.
Existem quatro fontes de autoconhecimento: os pensamentos, os sonhos, o corpo e as nossas atitudes. Inácio de Loyola sente, mais uma vez, que umas e outras revelam ainda o lado mais negativo da sua existência. E isso ainda lhe traz desgosto! Só mais tarde experimentará que as situações limite serão ocasião privilegiada da presença de Deus!
Meses atrás tive um problema cardíaco sério. Após o cateterismo, fui encaminhado para uma cirurgia urgente. Nesse ínterim, mil pensamentos, quase todos negativos, perpassaram minha cabeça. Tentei me serenar e me colocar confiante nas mãos de Deus e dos homens. Minha limitação faria transparecer mais a presença do Senhor! Assim acreditava e assim o esperava!
Uma pergunta: Como você lida com os problemas de saúde?
Pe. J. Ramón F-Cigoña, SJ