No dia 25 de março de 1995 na Festa da Anunciação do Senhor o então papa João Paulo II, hoje no altar dos Santos da Igreja, publicava uma importante Encíclica em seu Pontificado: a “Evangelium Vitae”, o Evangelho da Vida.
Nesta ocasião já se faziam sentir 27 anos da publicação de outro pronunciamento papal importante sobre os valores da vida humana, a Encíclica do Bem Aventurado papa Paulo VI: “Humanae Vitae” de 1968.
A Igreja Católica consciente do seu papel de conhecedora da Humanidade e corresponsável por ela sente a necessidade de responder a muitos desafios apresentados à vida humana neste intervalo de tempo.
São João Paulo II, assessorado por eminentes teólogos e uma equipe interdisciplinar de médicos, teólogos, filósofos e pessoas de outras áreas elenca as grandes chaves de leitura para esta obra excepcional.
A Sociedade é convidada a realizar uma virada de mentalidade, um processo que passe pelos corações e se estabeleça como Cultura |
Inicia recordando o mistério do Mal pela passagem do episódio da morte de Abel pelo seu irmão Caim (Gn 4,8). Neste primeiro capítulo recorda as diversas ameaças à vida humana. Violências, guerras, a diminuição constante por parte de grande parte da Sociedade com relação ao valor da vida humana. Acentua e denuncia a perversa mudança da noção de liberdade – agora não mais vinculada da Verdade que é Cristo. Ainda no mesmo capítulo provoca nossa reflexão sobre o eclipse do sentido de Deus e consequentemente do homem, do humano propriamente dito. Contudo, finaliza acentuando que existem sinais de esperança e convoca todos a comprometerem-se pela Vida.
O segundo e terceiro capítulos são dedicados a uma exposição de caráter bíblico-teológico. Partindo do nascimento de Jesus – O Verbo que se fez Carne (Jo 1,2), recorda passeando de modo eloquente e fascinante por textos bíblicos, o quão central é a pessoa humana e a vida como Dom de Deus. Afirma que em Cristo conhecemos o pleno sentido da vida humana. Assim a dignidade da vida que nasce – desde a concepção – deve ser um valor inquestionável! Reafirmando junto com toda a história da Igreja o grave mal do aborto e as consequências para pessoas e para a Sociedade, a Encíclica também denuncia o crime e a gravidade da eutanásia – a tentativa de acelerar o processo da morte.
No quarto e derradeiro capítulo é realçada uma reflexão séria e com fundamentação bíblica e também filosófica sobre a promoção de uma nova cultura de vida. Aqui se reafirma a centralidade da família, seu papel e atualidade para uma nova e bem assentada cultura que promova vida. A família é chamada de ‘santuário da vida’. A Sociedade é convidada a realizar uma virada de mentalidade, um processo que passe pelos corações e se estabeleça como Cultura, ou seja, com valores e com vivências autênticas e garantidas pelas Leis Civil e Moral. Com Maria, modelo de maternidade, o Santo Padre encerra as reflexões afirmando a centralidade da Ressurreição da carne, isto é, da pessoa inteira, como o destino eterno do seguidor de Cristo.
Pe. Otávio Juliano de Almeida
Professor da PUC Minas e Pároco da Paróquia São João XXIII