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Grito dos Excluídos: “A vida em primeiro lugar”

 

Em Belo Horizonte, pastorais, movimentos sociais e entidades se organizam para o 21º Grito dos Excluídos, no dia 7 de setembro.  Este ano, o evento traz novamente o tema A Vida em primeiro lugar e o lema, Que país é esse que mata gente, que a mídia mente e nos consome?

Na programação haverá caminhada, apresentações culturais e artísticas (dança, capoeira, apresentações musicais e teatro). A organização pretende debater situações atuais do contexto brasileiro, refletindo sobre a conjuntura nacional e a Campanha da Fraternidade 2015 que trata da relação Igreja e sociedade. Os participantes irão se concentrar  na Praça da Rodoviária e caminhar pela Avenida Afonso Pena.

 

“Essa manifestação é, especialmente, das pessoas envolvidas nas pastorais , com a causa dos excluídos.  É claro que a Igreja cada vez mais deseja que seja deles. Contudo,  quando não for possível, que seja por eles”. 

Os organizadores ressaltam que um  conjunto de manifestações serão realizadas no Dia da Pátria, com o objetivo de chamar a atenção para as condições sociais no Brasil. Não é um movimento nem uma campanha, mas um espaço de participação livre e popular para os próprios excluídos e os movimentos e entidades que os defendem.

O bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, dom Luiz Gonzaga Fechio – que preside a Comissão Episcopal para o Serviço da Justiça, da Caridade e da Paz , do Regional Leste 2, e  integra a Comissão Episcopal para o Serviço da Justiça, da Caridade e da Paz da CNBB –  ressalta que a manifestação é de grande significado, não importando o número de pessoas, que varia ao longo dos anos. “O Grito dos Excluídos continua tendo grande significado. Ele existe, de fato, nas grandes concentrações de pessoas, mas nos pequenos grupos.  Vejo o Grito acontecer  nas visitas aos moradores de rua, às mulheres marginalizadas, aos menores. Em  todo o grupo que chamamos de excluídos”.

Dom Luiz lembra que o Grito  é também para que as pastorais, as lideranças que estão à frente do trabalho com as pessoas excluídas se sintam incentivadas a continuar

O Grito – observa o bispo –  é dos excluídos, mas , por não terem a oportunidade de saírem de onde estão para o centro da cidade,  a manifestação  reúne, especialmente  aqueles que estão envolvidos com as causas deles. Dom Luiz lembra a dificuldade de se  reunir  essas pessoas  tão sofridas – cada uma delas com suas particularidades-,  no centro da cidade, para uma manifestação. O mais viável, segundo ele,  é ajudá-las onde elas  estão . 

 

“Essa manifestação é, especialmente, das pessoas envolvidas nas pastorais , com a causa dos excluídos.  É claro que a Igreja cada vez mais deseja que seja deles. Contudo,  quando não for possível, que seja por eles”.
 
O grito nasceu na 2ª Semana Social Brasileira, realizada de 24 a 29 de julho de 1994, cujo tema principal foi o fortalecimento do debate sobre “O Brasil que a gente quer, o Brasil que nós queremos”. Tratava-se de buscar alternativas ao modelo econômico neoliberal, imposto por meio das privatizações e do sistema financeiro internacional. Ao fim dessa Semana, os participantes chegaram a uma síntese: “Brasil economicamente justo, politicamente democrático, socialmente solidário e culturalmente plural”.

 

 “A Semana Social  tende a ser um tempo oportuno no qual a Igreja  observa  aquilo que está ocorrendo na realidade social, e convida as lideranças do país e da igreja  para debater essa realidade. Assim, ocorreu na 2ª  Semana Social. Em vista daquele momento, da realidade em que se vivia, teve-se a ideia de se realizar o Grito dos Excluídos  no dia 7 de setembro, dia sugestivo , quando comemoramos a Independência do Brasil.   A data nos desafia com sentimento de independência  ao nos depararmos com situações  de dependência”, recorda dom dom Luiz Gonzaga.  

 

Na avaliação do bispo,  as reivindicações são praticamente as mesmas  porque a  exclusão tem se agravado em  todos os segmentos , atingindo a criança, o jovem, o adolescente, o menor,  o idoso, o enfermo.

 

Grito dos Excluídos, setembro de 2014

“É lógico que essa situação está relacionada ao pobre, aquele que muitos pensam que não quer trabalhar, que não tem vontade de fazer nada. Contudo,  é fácil colocarmos rótulos, mas quando estamos com essas pessoas vemos que não tiveram  oportunidade de  receber um gesto muito simples de carinho, de afeto, de proximidade que a faz sentir-se  gente,  sentir que é ser humano;  que não é indigente, mas pessoa amada por Deus” -observa o presidente da Comissão de Justiça e Paz do Regional Leste2. 

 

E para enxergar essa realidade,  dom Luiz acredita que  é preciso  ter  os olhos de Jesus, ter a visão do que o evangelho nos mostra .  “Não tem como não ver a exclusão,  a questão é que ver com os olhos de Jesus cria uma sensibilidade. Também  pode-se fazer de conta que não se vê  e, com isso, não ter sensibilidade para pensar o que cabe a nós  fazer para reverter ou  amenizar essa situação.  Atrás de cada realidade de uma pessoa existe uma história. E  ao conhecer muitas histórias, a gente vê que a situação é muito delicada para fazermos um  Juízo geral. Para essas pessoas é  que o Grito dos Excluídos  foi criado, para ser a voz daqueles que não têm voz.”

 



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