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A formação integral e permanente do catequista – artigo de Neuza Silveira

Nunca se insistiu tanto na formação da pessoa do catequista como nos tempos atuais, caracterizados não somente por”tempos de mudanças”, mas também por mudança de tempo. Várias são as iniciativas realizadas pela Igreja ante às realidades apresentadas como desafios e sinais das mudanças históricas e culturais, que exigem formas novas, métodos próprios e expressões diferenciadas do mesmo conteúdo evangélico.

As exigências da formação do catequista decorrem do sentido da catequese e da função que ela tem no processo de evangelização. A Catequese é um processo permanente de educação da fé das crianças, dos jovens e dos adultos, dentro de um itinerário pedagógico e mistagógico que, numa ação dialógica, vai educando na fé e conduzindo o catequizando para dentro do Mistério Pascal que tem seu centro vital em Jesus Cristo.

O Concílio Vaticano II já falava de formação Permanente sobre os catequistas, pedindo-lhes que fizessem cursos procurando renovar-se para os tempos em mudanças. O Diretório Geral para a Catequese fala de ‘prioridade absoluta’. Ele nos chama a atenção para a organização adequada sobre a formação dos catequistas no que concerne tanto à formação de base quanto à formação permanente. Assim diz o Diretório: “A pastoral catequética diocesana deve dar absoluta prioridade à formação dos catequistas leigos. Deve estar atenta, também, à formação catequética dos presbíteros, tanto nos planos de estudo da formação seminarística quanto no período da formação permanente. Pede-se ao bispo que cuide dessa formação.(cf. DGC, 234).

A formação do catequista tem por finalidade torná-lo apto a transmitir o Evangelho, ou seja, apto à comunicar a mensagem cristã. Assim o objetivo da formação é levar o catequista a saber construir um itinerário eficaz no qual, através das diversas etapas, anuncie Jesus Cristo; faça conhecer a sua vida, enquadrando-a na totalidade da história da salvação; explique o mistério do Filho de Deus, feito homem por nós; ajude o catecúmeno e ou catequizando a identificar-se com Jesus, mediante os sacramentos da iniciação.

Ao falar “explique o mistério do Filho de Deus”, vamos ressaltar aqui que a etimologia do verbo “explicar”, do grego, significa guiar, orientar, encaminhar, conduzir. Assim como Jesus, no caminho de Emaús (Lc 24,27), explica as escrituras aos discípulos, Filipe conduz o etíope ao caminho das Escrituras, explicando-lhe a catequese sobre a morte e ressurreição de Jesus Cristo (cf. At 8,25-40).

Desde os primórdios do cristianismo, o Espírito tem despertado no coração e na mente dos evangelizadores e catequistas o desejo de que a Palavra de Jesus ecoe fortemente na vida e na história da humanidade convocada pelo próprio Senhor a uma experiência profunda d’Ele próprio, Caminho, Verdade e Vida (cf. Jo 14,6).

O anúncio é o despertar da fé, o ensino é o viver da fé. O anúncio é ser inebriado pelo amor de Deus; o ensino é viver o amor de Deus. O anúncio nos leva a Deus, o ensino nos faz ir aos irmãos. Assim, a primeira formação do anúncio é a chamada “formação querigmática” que nos leva a conhecer Jesus Cristo, morto, ressuscitado e glorificado. A partir desse anúncio somos chamados a fazer uma experiência de mudança de vida, graças à fé, seguindo a tradição oral dos primeiros cristãos. É experimentar e viver Jesus vivo como Salvador, Senhor, Messias que dá o Espírito Santo.

Hoje, com a grande evolução e o progresso da concepção sobre a catequese, o valor da experiência de Deus  acentua-se ainda mais,  do que na tradicional catequese ligada aos conteúdos da fé, ou à doutrina. Esta está em função daquela, ou seja, os conteúdos da fé são importantes, mas a catequese deve estar mais voltada para a Palavra proclamada, anunciada e ensinada, que leva o catecúmeno e/ou o catequizando a experimentar Deus. Trata-se de uma catequese mais existencial, vivencial e mistagógica, de inspiração catecumenal.

A formação catequética continuada, que se renova em seus métodos, exige renovação no perfil do catequista como pedagogo e mistagogo, a exemplo de Jesus. No itinerário a caminho da maturação da fé, o catequista tem dupla missão: transmitir o ensinamento e conduzir o catequizando no mistério da fé. Nesse sentido, o despertar para o discipulado se processa numa interação permanente, em que os evangelizadores, catequistas e catequizandos são “crescentes e aprendentes ” a vida inteira.

Neuza Silveira de Souza –  Coordenadora da comissão
Arquidiocesana Bíblico-Catequética de Belo Horizonte

 



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