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“Eu te escolhi para dar muito fruto”

Neste Mês das Missões, fico feliz em poder partilhar alguns frutos da minha caminhada de 18 anos como missionária consagrada da Fraternidade Missionária Verbum Dei. Sou mexicana e há quatro anos moro em Belo Horizonte, onde, com muita alegria, vivo minha dedicação à oração e ao anúncio da Palavra de Deus. Anteriormente, também realizei esta mesma missão em Guadalajara e Monterrey, no México, em Madri, na Espanha, e em Porto Alegre, Brasil.

Recentemente, celebramos a solenidade de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Maria é, para mim, companheira inseparável na caminhada missionária. Ultimamente, a passagem do seu encontro com Isabel tem-me interpelado especialmente: no encontro das duas mães acontece o encontro dos dois filhos, os frutos que cada uma delas traz dentro de si. Diz o evangelista Lucas que, quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu seio e Isabel, repleta do Espírito Santo, exclamou: “Tu és bendita mais do que todas às mulheres; bendito é também o fruto do teu ventre!” (Lc 1, 39-45).

Maria é bendita porque nos deu o fruto do seu ventre: Jesus! Cada um de nós está também chamado por Deus a dar fruto; fruto que surja do ventre da terra onde o Senhor nos coloca como campo de missão. O capítulo 15 do Evangelho de João nos ajuda a reconhecer esse chamado de Deus como vocação de todo cristão. Nos versículos 1 a 10, o evangelista João apresenta a imagem da vinha/videira, que, no Antigo Testamento, era aplicada ao povo de Israel, para indicar o amor de eleição e cuidado de Deus por seu povo.

 

percebi que o Senhor me escolhe e me designa para dar fruto, e um fruto inculturado e vocacional; fruto que surja do ventre da terra de missão na qual Ele quer que eu viva

Aos discípulos de Jesus é feito o chamado a permanecer unidos a Ele, que é a verdadeira videira. “Permanecei em mim, como eu permaneço em vós!”, nos pede Jesus como condição vital. Permanecer no Seu amor significa “habitar na casa do amor”, atar-se, firme e ativamente aos propósitos do passado, aprendê-los no presente, encarar o futuro com essa adesão vital a Cristo no projeto de vida.

Nos versículos seguintes, Jesus fala da gramática do amor, da alegria e da lógica da amizade no seguimento a Ele: “Eu vos disse isso para que a minha alegria esteja em vós e vossa alegria seja perfeita.”.

A alegria no seguimento de Cristo é um dos traços mais atraentes e o sinal de autenticidade das pessoas que doam sua vida a Jesus e oferecem tudo pelo Reino. Essa alegria desabrocha no mandamento do amor. “Eis o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Ninguém tem maior amor do que aquele que se despoja da vida pelas pessoas que ama.

Outro elemento essencial no seguimento a Jesus é a amizade. A oração como amizade, como encontro afetivo e afetivo com Jesus, é a que dinamiza e impulsiona nossa vida para a missão. É no diálogo de afetuosa intimidade, em que Jesus nos chama de amigos e não de servos, que Ele nos chama e envia. O amigo conhece os segredos e desejos do Pai, através da relação e revelação de Jesus Cristo.

Esta passagem nos relembra ainda a eleição, a escolha de Jesus que chama: “Não fostes vós que me escolheste, mas eu que vos escolhi, e os designei para irdes produzir fruto”. Essa designação expressa uma escolha do Pai e a eleição eterna de Jesus, que culmina na vocação para a qual o Espírito Santo nos capacita a responder pela fé e em liberdade.

Por isso, podemos dizer que o chamado não é uma mera iniciativa pessoal. Nasce da escolha divina e se concretiza na resposta humana, através das pequenas fidelidades de coração e das opções fundamentais do dia-a-dia que nos levam a nos doar na missão como resposta ao chamado. A vocação é uma semente de valor incalculável que, a seu tempo, dará um fruto abundante.

Finalmente, partilho um chamado que Deus me faz intuir nesta etapa da minha vida missionária e que surgiu quando eu contemplava uma árvore de jabuticaba, que é típica do Brasil. Naquele momento, lembrei-me das palavras de Jesus: “Eu vos designei para irdes e produzir frutos” (Jo 15, 16) e percebi que o Senhor me escolhe e me designa para dar fruto, e um fruto inculturado e vocacional; fruto que surja do ventre da terra de missão na qual Ele quer que eu viva.

Com todo o coração e com muito carinho, peço, portanto, a Nossa Senhora Aparecida – que foi semente cultivada e amadurecida, terreno fértil em corpo e alma, flor que, em seu ventre, deu o mais belo fruto – para que me ensine a dar o fruto que seu Filho Jesus pede de mim, um fruto inculturado, vocacional e perseverante até o fim.

 

Irmã Maria Elena
Missionária Verbum Dei



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