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Estive doente e cuidastes de mim-entrevista com o Padre Elias Floriano, Paróquia Nossa Senhora Aparecida, bairro Alto Vera Cruz

Visitar os enfermos é prioridade na vida do padre Elias Floriano dos Santos há quase 30 anos. Desde que foi ordenado sacerdote, no dia 1º de julho de 1988, padre Elias exerce com entusiasmo a missão de ir ao encontro dos doentes. Na vivência dessa tarefa, padre Elias conta com a ajuda de muitos fiéis da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Alto Vera Cruz. São Ministros Extraordinários da Comunhão Eucarística que, sob o sol ou chuva, levam o Santíssimo Sacramento aos lares de quem não pode participar das Missas. Padre Elias destaca que visitar os enfermos é oportunidade para crescer na fé e efetivamente tornar-se discípulo de Cristo.

Colocar-se no lugar dos outros

“Buscamos mostrar aos fiéis de nossas comunidades de fé que devemos seguir o exemplo de Jesus e nos colocar no lugar dos outros. Quem integra a Igreja – Povo de Deus, precisa ser presença na vida do próximo. Jesus fala: “estive doente e cuidastes de mim”, indicando a sua presença na dor de cada enfermo. Então a tarefa de visitar quem é doente deve ser abraçada por todos. Particularmente, compreendo que esse exercício faz parte do meu ministério. É preciso pensar que hoje podemos estar com saúde, mas amanhã nada impede que estejamos doentes. E, para cada pessoa, especialmente para o enfermo, a solidão faz aumentar os sofrimentos. Assim, seja nas casas ou nos hospitais, devemos ir ao encontro de quem enfrenta enfermidades.

Testemunhar a fé a partir de atitudes

Na catequese e na evangelização, dia a dia, mostramos que é importante fazer o bem. É preocupante a atitude de algumas pessoas que se dizem católicas, vão à Missa, mas não se comprometem com a edificação do Reino de Deus. Afinal, a Palavra de Deus ensina: tudo passa, mas o amor jamais acabará. Há ainda outro aspecto a destacar. É possível aprender muitas coisas com os enfermos: a valorizar a vida, o outro, a ser mais manso e humilde de coração. A enfermidade nos acompanha no dia a dia. Isso fica cada vez mais claro quando convivemos com os enfermos. Diante de quem está doente, reforçamos a compreensão de que o orgulho e a autossuficiência de nada adiantam, pois nos enxergamos no outro que está fragilizado.

Os enfermos ensinam

Há situações em que vamos ao encontro dos doentes acreditando que nós levaremos força e conforto. Porém, durante a visita, vivenciamos situação diferente. O enfermo é que nos oferece uma palavra que traz ensinamento e nos fortalece. Muitas vezes, vamos com a intenção de levar alegria, mas tem enfermos que, com a sua vida, enriquecem nossos pensamentos. Isso é vida – Jesus acontecendo no nosso dia a dia. Posso dizer que nunca fui a uma visita que me deixou entristecido, por mais difícil que seja a condição da pessoa que encontramos. Pois cada vez que vamos ao encontro de outras pessoas, crescemos.

Para amenizar a dor de quem sofre

A primeira coisa é ter a disposição para escutar. O enfermo tem a necessidade de falar e ser ouvido. Por isso, quem visita um doente deve ter disponibilidade para oferecer, verdadeiramente, a própria presença. Isso significa dedicar toda a atenção a quem sofre. Sabemos que o tempo hoje é um bem precioso e as pessoas vivem na correria. Porém, durante as visitas aos enfermos, é importante ter disponibilidade. Servir com paciência e misericórdia. Nessa missão, não se esquecer de fazer orações, mas falar menos, lembrar que o momento é oportunidade para o outro se expressar, partilhar as suas dores. Isso é um ato de acolhida e generosidade que contribui para os processos de cura.

O enfermo como excluído

Grande parte das pessoas desconsidera a realidade de quem está enfermo. Descarta os doentes da própria convivência. Mas há também muitos que os acolhem. Famílias que cuidam de seus enfermos com carinho e dedicação. Também nos hospitais, há muitos profissionais de saúde que abraçam com amor a profissão. Mas a exclusão, que aumenta a dor dos enfermos, ainda prevalece. Para reverter essa situação não há outro caminho: reconhecer que é no encontro, cultivando a proximidade, que crescemos. Cada pessoa tem a oportunidade de tornar-se melhor quando se coloca em comunhão com a vida do semelhante, em momentos de celebração e de sofrimento. Assim é construída a história e realiza-se o Reino de Deus. Não podemos excluir, mas partilhar, valorizar o ser humano. Marginalizar, abandonar, não dar atenção, essas atitudes pesam não apenas na existência do outro, mas na vida de quem opta pelo caminho do egoísmo. Temos que assumir a vocação para o serviço.

Oração

Sugiro sempre que as pessoas busquem dialogar com Deus de modo espontâneo, com palavras que nascem do coração. É o Espírito Santo que faz brotar a comunicação de cada um de nós com Deus. Mas faço, em diferentes momentos, seja nas visitas aos enfermos ou durante as celebrações, a seguinte prece:
“Jesus esteja ao teu lado para te defender,
Dentro de ti para te conservar,
Diante de ti para te conduzir,
Atrás de ti para te guardar
E acima de ti para te abençoar.
Amém”



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