Dia após dia, domingo após domingo, a Palavra de Deus vai nos modelando interiormente. Toda a comunidade dos discípulos do Senhor se deixa “moldar” e “modelar” pelas visitas do Senhor em sua Palavra. O Evangelho de Mateus (Mt 22, 34-40), nos fala uma vez mais do único mandamento: amar o Senhor de todo o coração e devotar bem querer sem limite ao outro, ao semelhante, ao irmão.
Destaquemos, em primeiro lugar, as determinações da página do livro do Êxodo (Ex 22, 20-26):
• O povo nunca poderá esquecer que vivera como estrangeiro na terra do Egito. Destarte, o mandamento do amor se volta para os migrantes, estrangeiros, essa gente que faz a trouxa e tenta vida e trabalho em terra estranha. Precisam todos de atenção e de carinho.
• Duas categorias de pessoas serão objeto de particulares atenções: as viúvas e os órfãos. Mulheres viúvas e crianças particularmente frágeis necessitarão de apoio em todos os sentidos: não podem morrer de fome, precisarão levar vida digna e nunca poderão ser exploradas.
• Sim, toda a atenção e delicadeza para com os pobres: “Se emprestares dinheiro a alguém do meu povo, a um pobre que vive do teu lado, não sejas um usuário, dele cobrando juros”. Toda ação que explora os mais fracos clama e brada aos céus.
• Por vezes, talvez emprestando ao pobre, alguém pede como garantia o manto. Ora, esse manto precisará ser devolvido à noite porque é a única coberta que o pobre tem para se aquecer do frio.
• Amar a Deus significa ouvir sua voz, tentar compreender seu projeto ao nosso respeito e a respeito do mundo. Significa louvá-lo com os lábios, mas antes com a parte mais fina e sensível da consciência. Quer dizer não fazer dele um “resolvedor” de nossos problemas, mas um oceano de amor no qual mergulhamos, de modo especial nos momentos de oração de oração e de meditação. Significa ficar repetindo uma ladainha de interrogações e de entrega: O que queres de mim, Senhor? Eis-me aqui! Faça-se em mim segundo a tua palavra.
• Amar ao próximo quer dizer:
• Não se considerar superior a ninguém, oferecer sempre o lugar para o outro.
• Acreditar que o outro é mais do que aparenta ser.
• Nunca usar, muito menos abusar do outro.
• Adivinhar as suas necessidades.
• Educá-lo para que não venha a se tornar um ser banal e medíocre.
• Matar a fome de seu estômago e a fome de Deus. Se não tiver essa fome suscitá-la enquanto for tempo.
• Ter a coragem de lavar os pés dos outros sem reclamos de retribuições e sem a ladainha de cobranças.
• Dar hospitalidade a todos e cada um mesmo com certo esquecimento de si.
• Atender no próximo os pedidos do próprio Jesus.
• Vestir os corpos nus e cobrir de perdão aquele que precisa recomeçar uma vida nova depois de loucuras.
Frei Almir Ribeiro Guimarães,OFS