O reitor da PUC Minas, padre Luís Henrique Eloy e Silva, partilhou importantes reflexões com empreendedores, empresários e representantes do setor industrial de Minas Gerais, nesta segunda-feira, dia 7, a partir do tema “Espiritualidade, negócios e trabalho”, durante a mais recente edição do evento Almoço-Palestra, realizado pela Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa de Minas Gerais (ADCE/MG). Fundamentando-se na Bíblia, na Doutrina Social da Igreja e no magistério do Papa Francisco, padre Luís Henrique Eloy e Silva explicou que espiritualidade, negócios e trabalho constituem realidades que estão interligadas. O reitor da PUC Minas argumentou que os empreendedores devem ser protagonistas na promoção da ética, na capacitação de trabalhadores para o mundo contemporâneo, fortemente impactado pelas tecnologias da inteligência artificial. A partir da palestra do padre Luís Henrique, os empreendedores puderam amadurecer compreensão a respeito do compromisso com a ética no mundo do empreendedorismo – essencial para a sustentabilidade dos próprios negócios, pois o planeta já apresenta sinais de esgotamento, em razão do consumo desmedido e da exploração predatória dos recursos naturais. “O esgotamento do mundo exterior é também esgotamento do mundo interior”, ponderou o reitor da PUC Minas.
Padre Luís Henrique lembrou dos diferentes tipos de adoecimento, que comprometem a vida de trabalhadores e empresários, a exemplo da Síndrome de Burnout, mais diretamente ligada ao trabalho, e a Depressão. Esses males, conforme explica o presbítero, remetem à falta de sentido para as muitas atividades no contexto da vida. “A principal causa de adoecimento não é simplesmente o excesso de trabalho, mas a falta de sentido para o próprio trabalho. A criatividade é filha de uma vida rica de sentidos”, disse.
O reitor a PUC Minas recordou o Sermão da Montanha, chamando-o de Carta Magna dos ensinamentos cristãos para o mundo contemporâneo, para lembrar que todos precisam seguir o exemplo de Jesus, dedicando-se aos “pequeninos”. O Sermão da Montanha, conforme ensinou padre Luís Henrique, que é doutor e mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma, constitui apenas três capítulos do Evangelho segundo São Mateus (capítulos do cinco ao sete), mas é denso em lições. O sacerdote explicou que o estilo de redação bíblica tem uma característica singular, com o princípio e o fim de cada texto criando uma moldura que faz projetar a ideia principal. Padre Luís ainda acrescentou, lembrando as muitas lições que podem ser aprendidas a partir da Palavra de Deus: “Na Bíblia, um texto abre-se a muitas possibilidades”.
Sobre o papel da espiritualidade no mundo dos negócios e do trabalho, o reitor da PUC Minas sublinhou: não se deve considerar espiritualidade como realidade separada do cotidiano, um campo a ser vivido somente no ambiente das igrejas. Padre Luís Henrique construiu seu argumento apresentando, dentre outras razões, a própria origem etimológica da palavra “espiritualidade”: vem o latim spiritus, sendo quase uma onomatopeia – palavra formada a partir do som natural a ela associado. Esse som remete ao sopro, à respiração. Espiritualidade tem, pois, valor similar aos atos de inspirar e expirar, essenciais à vida. “É caminho para entrar em sintonia com o ‘eu’ mais profundo”, refletiu o sacerdote.