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[Artigo]Espiritualidade Cristã: um chamado a perceber os sinais dos tempos – Neuza Silveira, Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte

A espiritualidade cristã é algo que brota do coração do Senhor. Em Jesus o Espírito de Deus o impelia a ir ao encontro dos outros, ao encontro com o Pai, na oração silenciosa. Momento em que acolhe e ouve a vontade do Pai para a missão. Erguido na cruz e glorificado, revela para nós a presença e a salvação de Deus. Reconhecer sua ressurreição e sua glorificação pelo Pai é sinal da presença salvífica de Cristo entre nós e do desejo de Deus.

Para o cristão, descobrir a vontade de Deus na vida é viver a Espiritualidade, é fazer a experiência da mesma espiritualidade vivida por Jesus, fazer o que Ele fez, viver o que ele viveu, assumir o seu Projeto. É cultivar a presença de Deus.

E o cultivo de Deus em nós nos alerta sempre para o processo de conversão. Aproxima-nos da Boa-Nova anunciada por Jesus e nos leva a crer no evangelho, a notícia de que o Pai nos ama, está próximo de nós e nos ensina a percorrer caminhos que nos levam à santidade. Por esses lugares podemos perceber a presença do Reino. É Jesus que dá a indicação dos seus sinais: “Os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, o Evangelho é anunciado aos pobres” (Mt 11,5).

O Cultivo da espiritualidade cristã nos leva a entender a prática de Jesus como processo de sua atividade missionária: uma prática concreta e libertadora que se realiza nos pobres e excluídos e nos quais ressoa o eco das profecias (Is 35,5s, 61,11).

Como viver bem a Espiritualidade cristã
Somos chamados a estar atentos à imagem que fazemos de Deus, para viver bem a Espiritualidade cristã. Não é difícil perceber como nosso jeito de ser, de orar e de interpretar os fatos está intimamente ligado à imagem de Deus que cultivamos.

O Deus que Jesus revela é fonte de ternura, alegria e perdão, com um coração enorme! O Deus que não está preocupado com o que fazemos ou deixamos de fazer. Mas quer que nossas atitudes sejam reflexos do nosso relacionamento com Ele. Quem anda no caminho de Deus não pode se deixar iludir pelos atalhos de beira-estrada. Jesus se apresenta como o Caminho, a Verdade e a Vida. A nossa fé em Cristo é a consequência de um encontro que nos faz reconhecer Jesus como o rosto humano do Mistério, como a encarnação do Mistério.

A espiritualidade, portanto, é o que nos anima e nos impulsiona à vida cristã. É fruto de nossa relação com Deus, que se expressa nas atitudes cotidianas e no serviço ao próximo. Assim, falar de espiritualidade não é falar de uma parte da vida, mas de toda a vida. É a dimensão espiritual que alicerça o ser cristão na experiência de Deus manifestado em Jesus e o conduz, pelo Espírito, nos caminhos de um amadurecimento profundo.

O caminho com Jesus Cristo se dá, portanto, a partir de um encontro humano que nos induz a descobri-lo e segui-lo como o Mistério feito homem. O Espírito Santo nos inspira e impele a uma ação concreta, age na experiência pessoal, mas muito mais nas experiências comunitárias. Ele é sempre o protagonista de nossas ações.

E nós, todos os batizados somos chamados ao discipulado e à missão de levar a Boa-Nova de Jesus Cristo, assumindo a missão evangelizadora da Igreja. O cristão age no mundo. Assim, conhecer esse mundo é uma exigência de nossa espiritualidade. O cristão necessita conhecer bem a estrutura social, política, econômica e cultural do seu povo para bem vivenciar a sua espiritualidade.

Neuza Silveira de Souza – coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte.



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