Em sintonia com os desafios propostos pelo magistério do Papa Francisco, foi criada no âmbito do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da Arquidiocese de BH (Nesp/PUC Minas), a Escola Casa Comum: Formação Política de Cristãos Humanistas. A instituição que nasceu dentro da universidade e da Igreja Católica, é um espaço do nosso tempo, aberta, ecumênica e sem fronteiras, tendo portanto caráter nacional e internacional para alcançar pessoas em todo o mundo. Uma interessante apresentação virtual da Casa Comum foi feita pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte e reitor da PUC Minas, dom Joaquim Mol, com mediação do coordenador do Nesp, professor Robson Sávio e professores integrantes do projeto. A ideia da Casa Comum, como explica dom Mol, é agir para transformar a sociedade em um lugar do “bem viver para todas as pessoas.”
Dom Mol destacou que a Casa Comum está em sintonia com magistério do Papa Francisco, que se preocupa com a iniquidade do nosso sistema econômico, o qual traz o mal em sua raiz, produzindo sociedades injustas. Assim, a proposta é pensar outras economias, comprometidas com os princípios cristãos, com a economia do bem viver. “Enfrentamos um momento forte de desigualdade social no Brasil e no mundo. Resultado de processos alicerçados no acumulo, temos uma política enferma que precisamos recuperar”, diz dom Mol. Apesar de ser uma escola aberta às várias correntes do pensamento, a Casa Comum Formação Política de Cristãos Humanistas tem um rumo bem definido. “Pluralidade não é neutralidade. Buscamos valores humanistas do Evangelho, os princípios éticos.”
Construção coletiva
Durante sua apresentação, Robson Sávio, coordenador do Nesp, disse que a Casa Comum está de “portas e janelas bem abertas” para receber, aprender e ensinar. Ele ressaltou, no entanto, que essas portas estão ancoradas em paredes muito sólidas que são os princípios cristãos, uma filosofia e ética humanista que têm como inspiração o Papa Francisco. “Que todos aqueles cristãos e cristãs comprometidos com a verdade, a justiça e a paz venham conosco nessa construção coletiva.”
Estatuto do Homem
O sociólogo Eduardo Brasileiro recebeu aplausos ao lembrar o Artigo III do estatuto do Homem, do poeta amazonense Thiago de Mello, em alusão ao propósito da Escola: “Fica decretado que, a partir deste instante, haverá girassóis em todas as janelas, que os girassóis terão direito a abrir-se dentro da sombra; e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, abertas para o verde onde cresce a esperança.”
Coordenadora da Casa Comum e professora do Nesp, Rachel Almeida ressaltou o momento marcante da iniciativa. Ela agradeceu a dom Mol e a todos os professores e participantes da Casa que propicia uma renovação da esperança. Segundo Rachel três elementos serão constantes na Escola: “A disponibilidade, o aprendizado constante e a alegria.” Padre Paulo Adolfo, diretor do Centro Nacional de Fé e Política (Cefep) lembrou do grande número de escolas que estão surgindo em formato remoto durante a pandemia e que podem representar uma união de forças em prol do objetivo comum. A Casa Comum, segundo ele, nasce em um momento social grave e poderá trazer grande contribuição para a sociedade.
Uma nobre forma de amor
A professora e antropóloga Regina Novaes também participou da apresentação da Casa Comum trazendo uma importante reflexão sobre a intrínseca e complexa relação entre a religião e a política. Ela lembrou que na prática não se confirma a ideia de que ambas estão separadas e sem conexão.
A seguir, a transmissão que apresenta a Casa Comum.