No encontro com 1500 líderes de movimentos populares e de pastorais, de 145 países, o Papa Francisco pede a Deus que, em meio às suas lutas, lhes dê coragem para viver na alegria. Em consonância com os principais eixos da Carta de Santa Cruz, o Santo Padre inspirou sua mensagem no que está sendo chamado de “os 3 Ts” – Terra, Teto e Trabalho.
Assim como no documento redigido ao final de três dias de encontro e palestras em Santa Cruz de la Sierra, o Papa apontou caminhos para a conquista da justiça social. “Desejo que os campesinos tenham direito à terra” – disse ele. Ao referir-se aos sem teto, afirmou: “No coração, tenhamos sempre a Virgem Maria, uma jovem humilde de uma pequena aldeia perdida na periferia dum grande império, uma mãe sem teto que soube transformar um curral de animais na casa de Jesus, com uns pobres paninhos e uma montanha de ternura. Maria é sinal de esperança para os povos que sofrem dores de parto até que brote a justiça. Rezo à Virgem do Carmo, padroeira da Bolívia, para fazer com que este nosso Encontro seja fermento de mudança.”
E ao advertir sobre a necessidade premente de se colocar a economia a serviço dos povos, o Santo PAdre afirmou: “Os seres humanos e a natureza não devem estar ao serviço do dinheiro. Digamos NÃO a uma economia de exclusão e desigualdade, onde o dinheiro reina em vez de servir. Esta economia mata. Essa economia exclui. Essa economia destrói a Mãe Terra “. Ele ressaltou, ainda, que os “3 Ts” precisam ir além do que representam ( Terra, Teto e Trabalho). “Os governos que assumem como própria a tarefa de colocar a economia a serviço das pessoas devem promover o fortalecimento, a melhoria, a coordenação e a expansão dessas formas de economia popular e a produção comunitária. Isso implica melhorar os processos de trabalho, provê-los de adequadas infra-estruturas e garantir plenos direitos aos trabalhadores desse setor alternativo. Quando o Estado e as organizações sociais assumem, juntos, a missão de garantir os “3 Ts” as populações, ativam-se os princípios de solidariedade e subsidiariedade que permitem construir o bem comum numa democracia plena e participativa”.
O Papa Francisco encerrou sua fala aos milhares de fiéis pedindo a todos que, em nome de Deus, defendessem a Mãe Terra e destacou que o futuro da humanidade está na capacidade do povo de se organizar. Depois de abençoar a multidão, pediu a todos que rezassem por ele.
A Carta de Santa Cruz
Antes do pronunciamento do Santo Padre, foi lida a Carta de Santa Cruz, que se refere às discussões durante os três dias do Encontro Mundial dos Movimentos Populares. A Carta sintetiza as reflexões e considerações sobre o tema “Terra, Teto e Trabalho”. “É fundamental viver bem e em harmonia com a Mãe Terra, que deve ser lavrada pelo bem de todos”, afirma o documento que também condena o uso de agrotóxicos, o plantio dos transgênicos ea propriedade privada da terra por grandes grupos empresariais.
A Carta de Santa Cruz exorta os trabalhadores para a luta constante pela sindicalização e o combate à terceirização de forma ampla e irrestrita, no Brasil, proposta pelo o Projeto de Lei 30 , da Câmara dos Deputados. A moradia é reafirmada como direito universal no documento, que também denuncia a especulação imobiliária e latifundiária.
Entre os convidados a tomarem parte da mesa ao lado do Papa Francisco, está o diretor de relações Internacionais da CUT Minas, Jairo Nogueira. Da Arquidiocese de Belo Horizonte, participaram do evento Maria da Glória Santos, membro do Círculo Bíblico da Paróquia Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, bairro Santa Cruz, e o sindicalista Jair Gomes Pereira Filho, da Pastoral Social e da Comunidade Nossa Senhora da Esperança – Paróquia Nossa Senhora Rainha da Paz, no bairro Caiçara.
Confira, aqui, a íntegra do pronunciamento do Papa Francisco
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Visita ao Paraguai encerra viagem à América do Sul
Nesta sexta-feira, dia 10 de julho, o Papa Francisco chega a Assunção, no Paraguai, para um encontro com o presidente Horacio Cartes e outras autoridades, no Palácio de los López. No sábado, passa pelo Hospital Pediátrico “Niños de Acosta Nu” e reza a Santa Missa na praça do Santuário Mariano de Caacupé.
A visita à América do Sul encerra-se com o encontro do pontífice com os bispos do Paraguai, neste sábado, no Centro Cultural da Nunciatura Apostólica, e com jovens do país, na Avenida Costanera de Assunção. Às 19 h, O Papa Francisco retorna ao Vaticano.
Cobertura simultânea da Assessoria de Comunicação
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com a colaboração de Jair Gomes Pereira Filho