Na Igreja existem muitos modos de viver o Evangelho de Jesus. Essa diversidade de propostas e vivências é antiga, pois provém dos tempos apostólicos. Lembremos que as antigas sedes patriarcais de Jerusalém, Antioquia, Roma e Constantinopla tinham ritos litúrgicos diferentes e também compreensões diferenciadas da mesma fé. Católico significa comunhão de todos nas suas diversidades.
Pedro e Paulo, discípulos do mesmo Senhor, experimentaram a graça da salvação de modos diferentes: um foi seguidor, o outro perseguidor! E demos graças a Deus por ter quatro evangelhos e não apenas um. Se tivéssemos apenas “um” Evangelho provavelmente seríamos muito fundamentalistas! Cada evangelista representava um grupo de comunidades. A de João era muito espirituais, gnósticos no melhor sentido dessa palavra…
Na vida espiritual não devemos separar corpo e espírito e muito menos pensar que o segundo é melhor do que o primeiro, pois não haveria Redenção sem a graça da Criação! Depois da Encarnação do Verbo de Deus, não é necessário subir muito para encontrar o Senhor. Ele está aqui conosco, na nossa vida e na nossa história, pois Ele é o Emanuel, Deus conosco. A vida espiritual acontece dentro e no meio da material.
Na vida espiritual não devemos separar corpo e espírito e muito menos pensar que o segundo é melhor do que o primeiro, pois não haveria Redenção sem a graça da Criação! |
A espiritualidade inaciana baseia-se nesses pressupostos experimentados gratuitamente por Inácio de Loyola, quando ainda era leigo. Este homem sentiu que Deus se comunicava e lhe ensinava a ser e viver como discípulo, por meio da palavra interior discernida e confrontada com o acompanhante…
A Espiritualidade inaciana é, pois, experiêncial e acontece quando alguém percorre o caminho interior dos Exercícios Espirituais, e experimenta aquelas etapas de purificação (Primeira Semana), iluminação (Segunda Semana) e unificação (Terceira e Quarta Semana)…
Quando a experiência de Deus acontece, ficamos profundamente tocados e transformados. É um encantamento inesquecível que a própria pessoa experimenta e todos percebem.
A espiritualidade Inaciana é fundamentalmente despojada, Cristo-cêntrica e eclesial e sempre nos coloca a serviço dos mais necessitados…
Pe. J. Ramón F. de la Cigoña sj