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É possível aprender com a Copa?

 

Ah! Essa nossa cultura que só sabe ganhar e levar vantagens! É claro, sempre existem divergências, dificuldades e episódios negativos. Mas, é exatamente para evidenciar o outro lado da realidade que faço esta reflexão. Nada é só bom e nada é apenas mau. O pessimismo de um mundo em crise nos leva à tentação de negar as coisas boas que acontecem tão perto de nós, e a valorizar apenas o que nos causa dor.

A floração dos ipês roxos anunciava o início do inverno quando a Copa começou! Era o dia 12 de junho de 2014, para ser precisa. No início, as expressões de euforia eram tímidas, uma certa apreensão, implantada pelo medo do fracasso! Apenas uma bandeirinha verde- amarela aqui e acolá. Tudo com cautela.

A natureza estava certa: cada coisa a seu tempo, nada havia que temer! Nosso povo jamais se negaria a receber seus visitantes com gentileza e, por sua vez, os que aqui chegavam não resistiam à beleza das praias, ao céu azul e ao jeito carinhoso de nossa gente.

Logo, um clima de entusiasmo e a boa convivência se instalou! As praças se cobriram de nossas cores nas bandeiras, nas camisas, nos bonés: tudo era verde e amarelo! De repente, nós também, os brasileiros, acenávamos com bandeiras de outras nações e tudo se misturava! A alegria na rua era contagiante. Os que ganhavam e os que perdiam, todos brindavam o evento que unia tantas culturas. Muitos turistas estrangeiros, cujos times se despediam, permaneciam no Brasil para curtir o clima de paz e solidariedade. Outros há que pretendem fincar aqui suas raízes, como os ganeses e alguns europeus.

 

Foi possível vivenciar nesta festa – que o mundo inteiro acompanhou com entusiasmo- a beleza da convivência pacífica entre povos e nações: sonho que a humanidade acalenta

A Copa mostrou que o esporte pode nos ensinar a conhecer e respeitar nossos limites e potencialidades. Sei que muito já se escreveu sobre ela, tanto sobre os desacertos, quanto sobre os saldos positivos que nos foram legados. Mas falemos dos ganhos intangíveis.

Por um tempo, as guerras, a agressão entre povos e mesmo as nossas violências internas foram deixadas de lado, embaçadas pela euforia das músicas, entoadas em tom de desafio entre diferentes nações.

A oportunidade de mesclar várias culturas num evento comum nos ensinou inúmeras lições. Como dizia Jesus, ninguém se salva sozinho. E com Kant aprendemos que o conhecimento se alcança na convivência.

Alguns visitantes deixaram lembranças de que nunca nos esqueceremos: os japoneses que silenciosamente apanharam o lixo no estádio, em sinal de respeito pelo espaço público; os nossos irmãos sul americanos que se acomodaram no Sambódromo, para não perder o acontecimento; os “hermanos”  argentinos que, apesar da grande dificuldade, defenderam com galhardia e entusiasmo sua bandeira até o fim.

E o que dizer dos alemães? Venceram-nos com competência e elegância e ao mesmo tempo mostraram ao mundo que mesmo perdendo no futebol hoje, o Brasil tem história e merece respeito e admiração.

Foi possível vivenciar nesta festa – que o mundo inteiro acompanhou com entusiasmo-
a beleza da convivência pacífica entre povos e nações: sonho que a humanidade acalenta!

Quanto aprendizado! E o que é a beleza da vida senão a possibilidade de estar sempre aprendendo? Faço minhas a palavras do saudoso Gonzaguinha: Viver… e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz!


Adelaide Baeta
Mestre em Ciência Política, pela UFMG,
Doutora em Engenharia de Produção pela COPPE, UFRJ,
Pós-doutorado em Gestão da Inovação, pela Université du Québec a Montreal



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