“A Igreja precisa, em sua tarefa evangelizadora, ser um grande ancoradouro dos que estão envolvidos com a educação”. A afirmação foi feita pelo arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e grão-chanceler da PUC Minas, dom Walmor, ao presidir Celebração Eucarística na abertura do IV Congresso Nacional de Educação Católica, nesta quarta-feira, dia 19 de julho, na capital mineira. Este ano, o evento, considerado o maior realizado no Brasil com a proposta de debater o ensino de confissão religiosa, tem como tema central “Educação Católica e os desafios do século XXI – Debater o presente”.
Segundo dom Walmor, a realidade hoje é de muitos desafios e de muitas demandas e, por isso, é preciso discutir e refletir muito para não negociar aquilo que é essencial, mas, ao mesmo tempo, dialogar com a multiplicidade, com as diferenças, com a pluralidade. “Por isso, esse IV Congresso da Anec tem uma importância fundamental para as escolas e para aquilo que a Igreja quer e pode oferecer na qualificação da educação na sociedade brasileira”. Nesse sentido, o Arcebispo ressaltou que a educação católica vai além da transmissão de conhecimentos, devendo se preocupar com a formação da pessoa no que diz respeito ao seu caráter e à cidadania. “Toda educação deve ter essa perspectiva, mas, para educação católica, essa perspectiva é, de fato, fundamental. Não é suficiente, não basta o ensino formal. É preciso formar integralmente cada pessoa, esse é um compromisso fundamental da nossa escola”- afirmou o arcebispo.
A Missa foi concelebrada por bispos e padres, dentre eles, dom Ilson de Jesus Montanari, arcebispo titular de Capocilla, na Mauritânia, secretário do Colégio Cardinalício e secretário da Congregação dos Bispos. Dom Ilson recordou a importância do contato entre educadores e educandos no processo de aprendizagem, ao fazer um paralelo entre a transmissão do conhecimento e a corrida de revezamento, em que os integrantes das equipes repassam um bastão até concluir o percurso. “Um atleta entrega o bastão diretamente ao outro. Não o lança para cima, para que qualquer um o apanhe. Assim deve ser o ato de ensinar. O professor deve estar atento às necessidades e aos pontos que o aluno necessita receber determinado conhecimento e o seu apoio”.
Após a Celebração Eucarística, a Orquestra São Miguel Arcanjo, de Barbacena, formada por jovens músicos, encantou os participantes do Congresso. Em um segundo momento cultural, o público pôde apreciar a apresentação do Grupo Sarandeiros.
A mesa de abertura dos trabalhos foi formada pelo presidente da Comissão Episcopal de Educação e Cultura da CNBB, Dom João Justino de Medeiros e Silva; pelo reitor da PUC Minas e bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte , Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães; pelo diretor presidente da ANEC e reitor da Universidade La Salle, Prof. Dr. Paulo Fossatti; pelo presidente do Conselho Superior da ANEC e reitor da Unisinos, padre Marcelo Fernandes de Aquino; pela representante da Secretária de Estado de Educação, Mara Cristina Rodrigues Santos, e pela diretora da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB Nacional), Irmã Cacilda.
O presidente da ANEC, Paulo Fossati abriu os trabalhos destacando o cuidado da organização do evento para trazer conferências que agregassem novas ideias sobre a metodologia de ensino. “Nosso congresso foi pensado com muito cuidado por todos nós. Queremos apresentar novas ideias sobre as metodologias, as formas de educar e por isso a NAEC se encarregou de trazer bons palestrantes nesses três dias”, disse ele, destacando a importância de compartilhar vivências durante o encontro, uma vez que as experiências fazem parte do legado deixado para as gerações futuras.
Padre Marcelo Aquino ressaltou o papel da ANEC na educação católica. “A educação é um longo processo de construção de liberdade e igualdade. Nossa fé nos afirma que Deus nos ama. E a educação passa a ser um longo percorrido caminho, de aprender a amar, a ser livre e a promover a igualdade entre todos os irmãos. A ANEC tem grande papel na construção da sociedade e quer ser a presença católica na sociedade brasileira”, afirmou.
O reitor da PUC Minas, dom Joaquim Mol, disse que o Brasil vive um momento de intensa desconstrução de muitas coisas e de intenso desafio à esperança das pessoas pela situação difícil que vivem, sob os pontos de vista político, econômico, ético, mas principalmente sob o ponto de vista antropológico, ou seja, considerando o ser humano que falta com a ética, que desestabiliza politicamente, que gera crises econômicas. “É esse ser humano que a educação católica precisa olhar para ele e ajudar a prepará-lo para enfrentar as situações, especialmente, para que no momento mais difícil da crise ele não perca a esperança” – disse o reitor da PUC Minas. “E, para mim, esperança não é apenas uma ideia, mas uma forma de presença dentro da sociedade” – acrescentou.
O presidente da comissão episcopal de educação e cultura da Conferência dos Bispos do Brasil, e arcebispo coadjutor da Arquidiocese de Montes Claros, dom João Justino, chamou a atenção para a riqueza do espaço que significa o Congresso e destacou: “Somos aqui servidores desta sociedade, como educadores, e não podemos fugir do diálogo acerca dos problemas contemporâneos que atingem a sociedade. É próprio da nossa fé criar espaços de diálogo. Bastaria lembrar Jesus em diálogo com as pessoas, com seus discípulos, grupos e multidões. Jesus gostava de uma boa conversa. Isso nos inspira a exercitar o diálogo em todos os momentos desse Congresso. É o tempo da escuta, das trocas de experiências, para que tenhamos coragem para enfrentar os desafios do momento, presentes na história do Brasil”.
Em consonância com as reflexões feitas na abertura do Congresso da Anec, a primeira conferência do dia, com o tema “O Papel da Educação no Processo Civilizatório”, foi proferida pelo filósofo, professor e ex-ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro. A parte da tarde foi reservada para as sessões temáticas e apresentação dos trabalhos.
O Evento é voltado para gestores, mantenedores, coordenadores, educadores, docentes, religiosos, profissionais técnicos do ensino básico e superior, profissionais da imprensa e demais interessados no tema.
O objetivo é propiciar momentos de reflexão, visando a melhorias na realidade educacional dos participantes que representam instituições de ensino católicas de todo o país.
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