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Dom Mol fala sobre combate à corrupção e mudanças no cenário sociorreligioso em coletiva de imprensa

O bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte (MG) e reitor da PUC Minas dom Joaquim Mol compara a corrupção com o câncer e ressalta a “intensa relação do povo brasileiro com Deus”. Ele fez as afirmações na tarde de ontem, durante entrevista coletiva a jornalistas, dentro da programação da 54ª Assembleia Geral da CNBB, realizada em Aparecida (SP). Dom Mol participa da Assembleia ao lado de dom Walmor e dos bispos auxiliares dom João Justino e dom Edson Oriolo. Também concedeu entrevista o arcebispo de Londrina (PR), dom Orlando Brandes.

Os dois bispos apresentaram aos jornalistas o aprofundamento do tema central da Assembleia, “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade. Sal da Terra e luz do mundo”, como também os resultados de reflexões sobre a conjuntura político-social e eclesial.

O trânsito religioso é outra questão de interesse dos bispos nos estudos a serem realizados durante o evento. Para  ajudar na compreensão desse fenômeno, dom Joaquim Mol citou dados da pesquisa “Mudanças no cenário sociorreligioso no Brasil” apresentada aos bispos pela pesquisadora do Centro de Estatísticas Religiosas e Investigação Social, Silvia Fernandes.

Segundo o bispo,  a pesquisa  não mostra mudanças significativas. Ele ressaltou que a Igreja Católica continua com 64,5,% das pessoas que professam a religião e que se dizem católicas no país. Os demais percentuais estão distribuídos em vários grupos, com destaque maior para o protestantismo pentecostal, com 18% dos entrevistados”, explicou. Nós estamos em um país, portanto, que tem um povo com intensa relação com Deus e uma crença muito bem definida”, afirmou.

 

Também chamou atenção de dom Mol , os 8,9 % que se declaram sem religião. “É importante destacar que, daqueles 8,9% dos que se consideram sem religião, as razões são várias, tais como: possuem religiosidade própria sem vínculo com instituição, não possuem crenças religiosas, não frenquentam igrejas e, dentre esses, 0,5% diz que não acredita em Deus”.

O bispo observou que, conforme aponta a pesquisa, mais de 68% dos entrevistados nunca transitaram por outras denominações religiosas e considera relevante o nível de comprometimento deles com a religião que professam: “23% dos que se declararam católicos assumem ter um compromisso com a sua religião”. O cenário, contudo, é de pluralismo religioso, o que, segundo ele, torna de  grande importância o cultivo da capacidade de diálogo e respeito às diferenças religiosas.

 

A apuração de toda corrupção deve ser implacável, com julgamento pela justiça das pessoas envolvidas e
posterior punição daquelas
que forem consideradas culpadas

No que diz respeito à conjuntura político-social e eclesial, dom Joaquim Mol destacou  que a Igreja Católica no Brasil, por meio da CNBB, repudia com veemência toda e qualquer atitude, ação e plano de corrupção no país. “Por considerar a corrupção algo que fere e desmancha o tecido social, ela é  comparada a um câncer em metástase” – afirmou, acrescentando que as pessoas envolvidas devem ser julgadas, e as consideradas culpadas,  punidas rigorosamente dentro da legislação vigente.

O posicionamento da CNBB sobre a situação do país será divulgado publicamente por meio de nota oficial. “Nós estamos vivendo um momento de crises, mas essas crises não são de agora. No momento estão abertas, mas são antigas e devem levar muito tempo para serem superadas”. O bispo explicou que para elaborar esse documento  a instituição está capturando percepções das realidades  social, cultural, econômica, e política. “No campo da cultura estamos analisando a crise de valores; no econômico, queremos refletir sobre a hegemonia do sistema financeiro. Naquilo que se refere ao social, vamos pensar sobre a erosão dos direitos sociais já conquistados, sobretudo na Constituição de 88, e na crise política, sobre o enfraquecimento das instituições”.

O arcebispo de Londrina, dom Orlando Brandes, fez uma análise da atuação dos leigos, tema central da Assembleia Geral da CNBB: “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade. Sal da Terra e luz do mundo”, ressaltando que a Igreja quer dar destaque àqueles que constituem sua grande maioria, os leigos. “Cada pessoa é profeta da sua realidade. O texto que nós estamos trabalhando, vai mostrar o leigo como sujeito na Igreja. Falamos muito dos direitos dos leigos, pois ele é sujeito nessa realidade e pertence à Igreja; o leigo é Igreja”, disse.

Dom Orlando Brandes observou que o primeiro campo de atuação dos leigos é o mundo, estando ele presente na política, no trabalho, nas comunicações, conforme afirma o Concilio Vaticano II.“Precisamos voltar à fonte desse Concílio  e considerar como primeiro campo de atuação dos leigos a sua própria realidade e transformá-la”, disse.

O arcebispo lembrou que as atividades da Assembleia Geral, em torno de seu tema central,  inspiram-se na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, a primeira  do  pontificado do Papa Francisco, quando o pontífice retoma questões referentes à participação dos leigos na Igreja e na Sociedade.



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