A Catedral de São Carlos Borromeu, em São Carlos (SP), recebeu bispos de várias dioceses, padres, diáconos, autoridades e fiéis para a ordenação episcopal de dom Luiz Gonzaga Fechio, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte.
No dia 19 de janeiro deste ano, o Papa Bento XVI nomeou o monsenhor Luiz Gonzaga Fechio, pároco da Paróquia dos Santos Anjos, na diocese de São Carlos (SP), bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte. Feito o anúncio, a Celebração Eucarística em que o monsenhor seria ordenado bispo foi marcada para o dia 19 de março. Nestes dois meses, a Diocese de São Carlos viveu a expectativa de ver a 11º ordenação episcopal de um padre nascido na cidade paulista, enquanto a Arquidiocese de Belo Horizonte aguardava com grande alegria a chegada do recém nomeado bispo auxiliar.
A ordenação episcopal é também conhecida como o terceiro grau do sacramento da Ordem. O primeiro grau do sacramento faz do leigo um diácono. O segundo, torna o diácono padre. Já o terceiro grau, consagra o padre como bispo e só pode ser conferido após o anúncio do Papa.
O arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, celebrou a ordenação episcopal de dom Luiz Gonzaga. Entre os bispos presentes na Catedral São Carlos Borromeu, também estava dom Joaquim Mol, bispo auxiliar da Arquidiocese e reitor da PUC Minas.
Dom Walmor, durante a celebração, lembrou que 19 de março é dia de São José, patrono da Igreja. Disse que o bispo, seguindo o exemplo de São José, deve exercer a paternidade e a irmandade. “Nosso ministério, a exemplo de José na sua paternidade, é a tarefa missionária de edificar a realeza de Cristo”. Dirigindo-se a dom Luiz Fechio, o arcebispo
disse: “Vamos juntos edificar esta realeza de Cristo na Arquidiocese de Belo Horizonte”. Dom Walmor ainda lembrou que a paternidade característica do ministério episcopal permite compreender que “a realeza em Cristo não é dominação, nem poder. É serviço”.
Um dos vários momentos marcantes da cerimônia de ordenação foi quando os pais de dom Luiz levaram ao altar o óleo para sua unção. Os presentes também aplaudiram bastante quando o mandato apostólico (documento escrito pelo Papa Bento XVI), nomeando dom Luiz Gonzaga como bispo auxiliar, foi lido. O Santo Padre disse que dom Luiz Gonzaga foi escolhido devido a “teus excelentes dons e conhecimento das coisas sagradas”.
A Celebração Eucarística foi concluída com um pronunciamento de dom Luiz Gonzaga Fechio. O bispo pediu para que todos, especialmente aqueles que fazem parte da diocese de São Carlos e da Arquidiocese de Belo Horizonte, orem por ele. “A graça que recebi não é um ponto de chegada, não é para que eu a guarde comigo, é para que o Senhor me use para distribuir muitas graças, principalmente ao pequeno”. Dom Luiz pediu a proteção de Deus, de São José e, em especial, Nossa Senhora da Piedade. “Que Nossa Senhora, que hoje lembro como Nossa Senhora da Piedade, Padroeira de Minas Gerais, me carregue em seu colo”.
Antes da bênção final de dom Walmor, dom Luiz Gonzaga Fechio agradeceu todos que contribuíram para sua formação e citou o filósofo Antístenes, que viveu na Grécia no século 3, antes de Cristo. “A gratidão é a memória do coração”, lembrou dom Luiz, provocando aplausos dos presentes.
“Pela Graça de Deus” é o lema escolhido por dom Luiz Fechio para seu episcopado. O início das atividades do bispo auxiliar na Arquidiocese de Belo Horizonte será em abril. Sua ordenação episcopal, que começou as 15h deste sábado e terminou ás 17h50 minutos, foi transmitida na íntegra, para todo Brasil, pelas TVs Canção Nova e Horizonte, além da Rádio América e outras emissoras paulistas.
Confira na íntegra a mensagem de dom Luiz Gonzaga Fechio
“PELA GRAÇA DE DEUS, a nossa mãe Igreja, na pessoa do Santo Padre, o Papa Bento XVI, chamou-me ao serviço pastoral para o Reino de Deus, na condição de bispo.
Faço questão de enfatizar as palavras “pela graça de Deus” porque as escolhi para orientarem-me neste ministério que me foi solicitado. Desejo, porém, expressar que o motivo desta escolha é a minha consciência segura de que jamais poderia ter respondido o meu “sim” sem pensar o quanto, verdadeiramente, precisarei da graça divina para exercer bem esta missão.
Não somos nada, senão pela bondade, pela misericórdia, pelo amor, pelo poder, enfim, pela graça de nosso Bom Deus. Para cada uma dessas palavras e tantas outras que poderíamos citar e outras que talvez nem conseguiríamos, para destacar as qualidades de Deus, quero colocar todas nesta palavra “graça”, pois, quanto maior a responsabilidade, mais ela se faz necessária.
Não fui chamado pelo Senhor, primeiramente, para ser um bispo, e, sim, um presbítero, um sacerdote consagrado, um padre. Na verdade, antes de tudo, fui chamado a ser um cristão.
Como a minha mãe bem disse, na minha presença e na de meu pai, na terça-feira, 18 de janeiro, um dia antes da publicação da minha nomeação, quando eu antecipei a notícia somente para eles, para que não se assustassem no dia seguinte, enquanto tomávamos o café da manhã: “Filho, no dia do nosso casamento – isso aconteceu há quase 51 anos – nós pedimos a Deus a graça de um filho padre, mas não bispo”, querendo dizer que já era suficiente a primeira situação. Isso me faz reforçar ainda mais a expressão que escolhi como um “farol”, uma “bússola” para o meu novo ministério: “pela graça de Deus”.
Muitas pessoas já sabem que a consagração decisiva acontece logo no momento da primeira ordenação, a diaconal. Neste terceiro grau do sacramento da ordem – para mim, recebido na tarde do 2º domingo da Páscoa de 1990, dia 22 de abril, com 24 anos, nesta mesma igreja – o candidato deve assumir o ministério do diaconato consciente que está sendo chamado a ser um grande servidor.
Passado um tempo de pouco mais de 20 anos, assumo o episcopado, tendo em meu coração a certeza de que só posso fazê-lo na graça de Deus, para que a motivação que me levou a afirmar aquele primeiro “sim” decisivo seja a mesma que digo agora, sem perder o espírito servidor. Estou certo de que é para esta permanente diaconia que o Espírito Santo me consagra, agora como bispo, sucessor dos apóstolos.
Pelo pouco que conhecemos da vida dos apóstolos, mas, considerando Aquele que os chamou e, consequentemente, o motivo pelo qual os chamou, penso como é grande a missão de suceder aqueles primeiros consagrados pelo Senhor Jesus e ungidos pelo Espírito Santo. A doação ao Reino de Deus exigiu-lhes, naquelas circunstâncias, ainda, às vezes, atuais, a doação da própria vida, na radicalidade do martírio.
Para que eu exerça este serviço episcopal que a Igreja me pede, só posso contar, ciente da minha fraqueza, com a graça de Deus e o auxílio da própria Igreja, principalmente nas orações de todos, em especial das pessoas que conviveram comigo ao longo do meu diaconato e presbiterato.
O Concílio Vaticano II, que provocou e continua provocando a Igreja a exercer a sua missão pelo Reino de Deus como um povo cada vez mais sacerdotal, profético e real com os ministros consagrados, afirma que o bispo tem o tríplice ministério da Palavra, dos sacramentos e do pastoreio.
Peço, pois, à Igreja, particularmente a que está presente na diocese de São Carlos e à comunidade arquidiocesana de Belo Horizonte, que orem sempre por mim. Cada irmão e irmã em Jesus Cristo, membro destas duas Igrejas Particulares, como uma pessoa consagrada ou como uma pessoa leiga comprometida em procurar viver melhor a fé, numa doação de cada dia para que o Reino chegue à vida da ovelhinha desamparada, perdida, desprezada e tão amada por Jesus, ore ao Senhor, a fim de que, anunciando, celebrando e pastoreando, eu procure agradá-Lo sempre mais.
A graça que recebi nesta celebração não é um ponto de chegada. Todos sabem que é um novo início. A graça não é para mim. Ou, se posso dizer que é para mim, não é para que eu a guarde comigo, e sim, pela graça deste ministério, o Senhor me use para distribuir muitas graças a quem Dele precisar, através de minha pessoa, principalmente ao pequeno. Como disse Santa Teresa D’Ávila, “ser grande é amar os pequenos”.
A você, meu irmão e minha irmã, a você da minha família de origem, do meu tempo de formação escolar e cristã, na infância e na adolescência, do meu tempo de seminário e do tempo de ministério presbiteral, irmão ou irmã consagrados, irmão ou irmã no batismo, que me ajudou de alguma forma ao longo de minha vida, a você que me formou, em qualquer pequeno detalhe, que nem eu sei dizer, mas que Deus conhece, a você que, especificamente nesta celebração e na preparação dela e desde o dia 19 de janeiro tem me ajudado tanto, a você que me quer muito bem e que eu quero também, e que Deus ama com um amor perfeito, meu muito obrigado pela sua presença em minha vida, ontem, hoje e amanhã!
Meu afetuoso agradecimento a Dom Bruno Gamberini, arcebispo metropolitano de Campinas e meu conterrâneo, e a Dom Paulo Sergio Machado, nosso bispo diocesano, meus ordenantes, e aos senhores bispos que, vindo de perto e de longe, nos deram o prazer dessa presença que me acolhe no colégio dos apóstolos.
Uma particular gratidão a Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, na pessoa de quem agradeço a presença de todos, consagrados e leigos tão atuantes da Arquidiocese, bem como das autoridades. Pelo terno acolhimento e atuação tão dedicada do senhor, do bispo auxiliar, Dom Mol, dos padres, religiosos e religiosas, leigos e leigas, não posso deixar de dizer que deslumbro, verdadeiramente, uma “Igreja Viva e Sempre em Missão”, ao longo desses 90 anos de existência da Arquidiocese, e, ao mesmo tempo, vislumbro um “belo horizonte” no início deste meu ministério, evidentemente, com muito trabalho!
Ao finalizar, faço dois pedidos: a vocês e a Deus. A você, meu irmão, minha irmã, confirmo o que disse a todos que me cumprimentaram, desde o dia 19 de janeiro, pessoalmente, ao telefone e pela internet: ore para que eu seja um pastor segundo o coração do Bom Pastor e que Nossa Senhora – que eu lembro hoje com o título de Nossa Senhora da Piedade, padroeira de Minas Gerais – me carregue em Seu colo. Como não poderia deixar de lembrar, peço que rezem ao humilde e glorioso São José, ao mesmo tempo servidor e patrono da Igreja, que me ajude a zelar por ela. O meu outro pedido é ao nosso Bom Deus: que por essas minhas simples mãos, mas consagradas, e, mais ainda, pelo meu coração, de pecador, mas também de quem deseja ter um carinho de pastor, Ele abençoe você, meu caro irmão, minha querida irmã, tão amado e amada por Ele!
Um filósofo grego, chamado Antístenes, que viveu no séc. III a.C., afirmou: “A gratidão é a memória do coração”. Com todo o meu coração, muito obrigado!”