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Dízimo versus X captação de recursos

 

Aristóteles nos ensina: “Distribuir dinheiro é algo fácil e quase todos os homens têm este poder. Porém, decidir a quem dar, quanto, quando, para que objetivo e como, não está dentro do poder de muitos e nem, tampouco, é tarefa fácil”. A partir desse pensamento de Aristóteles, pretendo achar o diferencial entre dízimo e captação de recursos. São pequenos detalhes que fazem essa diferença.

O dízimo não significa captação de recursos para a paróquia, vai além disso. A montagem de um “aparelho de captação de dízimos”, devido à sua frieza, preocupação aritmética e impessoalidade,  estaria, portanto, excluída pelo próprio sentido do dízimo (Estudo CNBB, N.8,56).
 

O dízimo é o comprometimento de partilha e comunhão diante de Deus que se manifesta na comunidade eclesial

O dízimo é uma contribuição ou doação livre, fruto de uma obrigação moral (e não jurídica) que expressa a vivência da maturidade de fé do fiel que, por meio do seu comprometimento de partilha e comunhão diante de Deus, manifesta na comunidade eclesial.
 

Por outro lado, a captação de recursos é atividade complexa, em que é preciso ser bom em várias atividades, saber vender e elaborar propostas, ser criativo, rápido no raciocínio, enxergar os objetivos do cliente e adequar as suas necessidades aos desejos dele.

Vamos agora aprofundar os conceitos de dízimo e captação de recursos.

1) Dízimo:

a) O dízimo é uma contribuição ou doação livre. “Dar, receber e retribuir fazem parte do circuito da reciprocidade”. Doar resulta em reciprocidade, e uma das grandes maravilhas do ato de doar é que doando também recebemos. “Há quem dá generosamente, e sua riqueza aumenta ainda mais, e há quem acumula injustamente, e acaba na miséria”. (Pr 11,24). “Doar requer desprendimento, sacrifício. Há mais felicidade em dar do que em receber”. (At 20,35).

b) O dízimo é fruto de uma obrigação moral (e não jurídica). Marcar prevalentemente o aspecto de obrigação jurídica do dízimo seria falta de sensibilidade diante do homem de hoje e perda de uma verdadeira pista, rica de catequese e sentido. Hoje existe uma consciência de que o mundo dos bens materiais só se dignifica por meio do dom livre, jamais por imposição de uma lei que o reduz de novo à faixa dos meros impostos, taxas e obrigações materiais. As contribuições devem ser fruto de uma obrigação moral de generosidade e não de observância de uma lei positiva. O dízimo leva os homens a formar consciência para a generosidade.

c) O dízimo expressa a vivência da maturidade de fé do fiel. É um instrumento prático de inestimável valor na superação do individualismo cristão. Uma promoção da pastoral da comunidade. O dízimo ajuda o fiel a sentir, ainda mais, que ele é o protagonista da evangelização. Vai fazer da Igreja de Jesus Cristo um ambiente próprio à reflexão e à escuta orante da Palavra de Deus e da Igreja, lugar da oração pessoal e comunitária da vivência dos sacramentos.

d) O dízimo é o comprometimento de partilha e comunhão diante de Deus que se manifesta na comunidade eclesial. O fiel comprometido e não envolvido é aquele que tem motivação elevada de vivenciar o dinamismo da partilha e da comunhão com sua comunidade eclesial. Tem verdadeiro ardor missionário e sabe vivenciar a harmonia nas relações com seus irmãos pela partilha e comunhão. É autêntico e verdadeiro para expressar a verdadeira harmonia com a Igreja, onde se vive o mistério da salvação.

2) Captação de Recursos:

a) Saber vender e elaborar propostas. A técnica é fundamental na captação de recursos. Através de mala direta (correios), telefone, e-mail, Call Centers, faz necessário divulgar as necessidades e desejos da instituição. A divulgação é importante como dizia Steuart Britt  “ fazer negócios sem fazer propaganda é como piscar para uma garota no escuro. Você sabe o que está fazendo, mas ninguém mais sabe.”

b) Ser criativo e rápido no raciocínio. Elaborar um material promocional que colabore para levar as necessidades, os desejos e a imagem da instituição desejada. Escolha um nome, cores, logomarca, etc… Uma frase que resuma a necessidade e o desejo da captação de recursos. Quanto mais bombardear os sentimentos e as emoções do cliente melhor será aquisição de recursos

c) Enxergar os objetivos do cliente. Eles são fatores vitais para obter êxito na captação de recursos. Sempre é bom confrontar cada ação com o objetivo para conferir se combinam mesmo. O método usado tem que combinar com o objetivo que se quer alcançar. Os objetivos futuros têm que ser bem definidos, com quantidades e prazos tangíveis.

d) Adequar as suas necessidades aos desejos. Com muita simplicidade, criatividade, cortesia, colaboração e conhecimento, devemos planejar as motivações para levar a pessoa a contribuir com a instituição. Devemos despertar na consciência das pessoas motivações que as levem a fazer as suas doações. O importante é que as pessoas façam da sua necessidade e desejos as necessidades e desejos dos outros. Quanto mais conhece o cliente, seus desejos, hábitos e necessidades, mais fácil é satisfazê-lo.



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