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Diaconato Permanente: o chamado ao serviço a Deus e à comunidade

O diaconato, nas primeiras comunidades, teve as funções definidas pela Palavra de Deus, em Atos dos Apóstolos.  As atribuições do primeiro grupo de diáconos são citadas, como exercícios voltados para a colaboração próxima com os apóstolos, que ficavam absorvidos no anúncio da Palavra, com o trabalho de levar o Evangelho de Jesus às comunidades, e das pessoas, para ampará-las. É o que explica, nesta entrevista, dom Luiz Gonzaga Fechio, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte e referencial para o Diaconato Permanente.

 

 

 

A função do diácono permanente, hoje, na Igreja, pode ser comparada ao exercício do diaconato nas primeiras comunidades?

 

O primeiro grupo de diáconos foi designado para colaborar de forma importante na assistência aos mais necessitados, nomeados no livro dos Atos como órfãos, viúvas, crianças desassistidas, enfermos e todos aqueles que não tinham amparo de suas famílias e precisavam do apoio mais próximo e constante da Igreja. Hoje, esse espírito permanece vivo, porque o diaconato continua associado ao serviço que, para nós, não há como não atribui-lo, em favor dos que mais precisam.
Diante dessa referência, há enorme proximidade da função do diácono nas primeiras comunidades e hoje, na Igreja. A dedicação não é exclusiva como antes, pois o diaconato ganhou outras atribuições ao longo do tempo, contudo, o serviço é a  principal referência  para o exercício desse ministério.

 

Como os diáconos permanentes são organizados no âmbito da Arquidiocese de Belo Horizonte?

Entre os vários ministérios que a Igreja distribui, conforme a sua necessidade, o diaconato é um grau do Sacramento da Ordem que tem, ainda, outros dois graus: o presbiterato, relacionado ao padre, e o episcopado, ao bispo.  Está associado ao trabalho do bispo, que ordena os diáconos, assim como ocorre com os padres. Na Arquidiocese de Belo Horizonte, a partir do momento em que aconteceram as primeiras ordenações, nosso arcebispo, dom Walmor Oliveira de Azevedo já havia pensado em colocar os ordenados em frentes de ação na evangelização, observando a caminhada pastoral na comunidade, enquanto leigos, e na vida de modo geral.  Essas frentes de trabalho atuam na educação, na área jurídica, na saúde, especialmente por meio da Pastoral Hospitalar, na evangelização voltada para lugares especiais como penitenciárias, organização de celebrações em cemitérios e junto à Pastoral do Povo em Situação de Rua. Eles também têm a missão de favorecer a organização e a criação de comunidades de fé em suas paróquias e foranias, garantindo, assim, a presença da Igreja em áreas geograficamente mais próximas umas das outras. Deste modo, eles atuam para que a Igreja atinja seu objetivo, a evangelização, por meio dos círculos bíblicos que acontecem durante o ano e dos grupos de reflexão e oração. Também contribuem para a maior comunhão entre os fiéis, multiplicando a área de atuação da Igreja. São ações que ocorrem em consonância com o Projeto de Evangelização Igreja Viva, Povo de Deus, que pede a criação de comunidades de fé e a manutenção daquelas que já existem. Além de prosseguir com a evangelização nos espaços tradicionais, entre os grandes desafios que temos está o de levar a Palavra de Deus a ambientes próprios da contemporaneidade como os condomínios, os edifícios, as vilas e favelas. Ou seja, lugares de missão dentro da realidade urbana cada vez mais complexa e desafiadora.

 

O que difere a atuação do diácono e dos leigos nas comunidades de fé?

 

A importância da missão do diácono na Igreja está fundamentada na Palavra de Deus. No chamado de Jesus todos são contemplados, mas as respostas acontecem de maneiras diferentes, conforme as atribuições.  A Igreja, desde o tempo dos apóstolos, foi especificando e atualizando os diversos ministérios.  Quando a gente vê nos Atos dos Apóstolos que eles escolheram sete homens, de boa reputação, repletos do Espírito Santo, para o serviço às mesas (Atos 6,2), essa particularização foi acontecendo por essa primeira referência- a do serviço – que está na Palavra de Deus. Sendo assim, fica claro que o diaconato, assim como os outros graus do Sacramento da Ordem,  não é classificação de valor perante os outros ministérios.  A diferenciação na atuação do diácono está em como o homem que é ordenado pela Igreja age como chefe de uma família, esposo e pai, e como atua no mundo secular, no ambiente no qual ele vive.

 

É possível a pessoa se apresentar como candidata ao diaconato permanente?

 

Essa é uma situação possível, mas mediante o cumprimento dos requisitos que o Conselho Arquidiocesano do Diaconato Permanente (CADIPE) contempla, em comunhão com o as Diretrizes para o Diaconato Permanente da Igreja no Brasil. Entre os pré-requisitos podemos destacar, vida eclesial ativa, engajamento nas atividades da paróquia em comunhão com o padre responsável e com os irmãos agentes de pastoral que atuam nos diversos ministérios. Portanto, não é suficiente  querer ser diácono. É necessário haver proximidade com o serviço da Igreja, aprovação do padre e do Conselho Pastoral Paroquial, que representa a diversidade dos ministérios naquela comunidade de fé. Esse caminho é importante para que a Escola Diaconal São Lourenço, que é o lugar de formação na nossa Arquidiocese, e o CADIPE sintam mais segurança com relação ao caminho a ser feito. Outro item importante é o consentimento da esposa e dos filhos, se eles já tiverem maturidade para compreender a atuação do pai como diácono permanente. A conduta ilibada e o bom relacionamento com a comunidade, no sentido de ser um bom exemplo para todos, é fundamental, não só no âmbito paroquial como na vida profissional e nos negócios.

 

Como o senhor avalia a atuação dos diáconos permanentes na Arquidiocese de BH?

 

A gente pode perceber que existe neles uma consciência grande quanto ao serviço  que desempenham na Igreja, à  realização do  Projeto de Evangelização da nossa Arquidiocese e ao Plano Pastoral da Região Episcopal onde atuam.  Percebo que eles têm consciência apurada ao se verem como ministros e, por estarem fundamentalmente ligados ao trabalho do bispo, desejam atuar de uma forma mais intensa, assumindo  desafios  na perspectiva de uma Igreja mais encarnada, nas diversas  realidades onde se faz presente.

 

Como o senhor definiria o diaconato permanente, tomando como referência a comunidade de fé?

 

É fundamental que todos compreendam que diaconato é missão assim como o sacerdócio. Não é algo que diferencia a pessoa, nem se refere à qualidade do engajamento dela na paróquia. Também não é uma distinção com relação aos outros membros da comunidade, é vocação. É distinção de ministério enquanto sacramento da ordem, não tem valor de superioridade ou inferioridade. E da maneira como dom  Walmor organizou o  diaconato na Arquidiocese de BH,  tornou-se uma grande oportunidade para os diáconos mostrarem a riqueza  dessa missão, como homens que têm capacidade de evangelização em realidades em que a Igreja precisa chegar e, às vezes,  com um ministério específico  de consagração.
 



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