Foi divulgada nesta quinta-feira, 21, a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, no dia 1º de setembro.
O Dia inaugura o “Tempo da Criação”, que vai até 4 de outubro, festa de São Francisco de Assis – uma iniciativa ecumênica inspirada pelo Patriarcado de Constantinopla que une os cristãos em torno da necessidade de uma conversão ecológica.
O tema deste ano é “Escuta a voz da criação”. Esta voz, segundo o Papa Francisco se tornou um coro de gritos em decorrência dos maus-tratos humanos: grita a Mãe Terra, gritam as criaturas, gritam os mais pobres e, entre eles, os povos indígenas, e grita a futura geração. Esses clamores são provocados pelos nossos excessos consumistas, que impactam diretamente nas mudanças climáticas.
Diante deste quadro é preciso limitar o colapso dos ecossistemas e há uma única opção explica o Pontífice: “arrependimento e mudança dos estilos de vida e dos modelos de consumo e produção. Não só em âmbito individual, mas também comunitário”. Esta catástrofe ecológica, afirma o Pontífice, “merece a mesma atenção que outros desafios globais, como as graves crises sanitárias e os conflitos bélicos”.
Um pedido, “em nome de Deus”
O Papa também mencionou dois eventos de fundamental importância promovidos pelas Nações Unidas: a COP27 sobre o clima, programada para o mês de novembro no Egito, e a COP15 sobre a biodiversidade, que se realizará em dezembro no Canadá.
O Santo Padre recordou a importância da adesão da Santa Sé ao Acordo de Paris, que prevê limitar o aumento da temperatura a 1,5°C e reduzir a zero, com a maior urgência possível, as emissões globais dos gases de efeito estufa. A finalidade é caminhar rumo à direção mais respeitadora da criação e do progresso humano integral de todos os povos presentes e futuros, um progresso fundado na responsabilidade, na prudência/precaução, na solidariedade e atenção aos pobres e às gerações futuras.
“Na base de tudo, deve estar a aliança entre o ser humano e o meio ambiente que, para nós fiéis, é espelho do amor criador de Deus, destacou o Papa, que também reforçou por meio de uma importante mensagem ao Povo de Deus: “Quero pedir, em nome de Deus, às grandes empresas extrativas – minerárias, petrolíferas, florestais, imobiliárias, agro-alimentares – que deixem de destruir florestas, zonas úmidas e montanhas, que deixem de poluir rios e mares, que deixem de intoxicar as pessoas e os alimentos.”
Dívida ecológica
Neste processo de conversão, aponta o Papa Francisco, não se pode negligenciar as exigências da justiça, especialmente para com os trabalhadores mais afetados pelo impacto das mudanças climáticas.
O Santo Padre reforça ainda que “é impossível não reconhecer a existência duma ‘dívida ecológica’ das nações economicamente mais ricas, que poluíram mais nos últimos dois séculos”. Por outro lado, os países menos ricos não estão isentos de suas responsabilidades. “É necessário agirem todos, com decisão. Estamos a chegar a um ponto de ruptura.”
A mensagem foi concluída com um convite do Papa, para que neste “Tempo da Criação” as cúpulas COP27 e COP15 possam unir a família humana. “Choremos com o grito amargo da criação, escutemo-lo e respondamos com os fatos para que nós e as gerações futuras possamos ainda alegrar-nos com o canto doce de vida e de esperança das criaturas.”