Assim como Deus desceu e veio ao encontro de Moisés, conforme nos ensina a Bíblia, Ele continua descendo e vindo ao nosso encontro. Ele está sempre a nos visitar e caminhar conosco, nos revelando seu amor e sua misericórdia. No meio de nós, nos convida a fazer a experiência do seu amor e da sua misericórdia. Essa experiência se dá quando nos abrimos ao outro e possibilitamo-nos a abrir os nossos corações e deixar fluir de dentro de nós a caridade que nos leva a partilhar o amor de Deus para com os outros. Viver esse amor e testemunhar.
Assim foi Jesus. Ele viveu intensamente essa misericórdia e testemunhou-a através de suas ações. Ele nos ensina até hoje, em que consiste essa misericórdia, que deve ser praticada sempre, e em todo lugar. No seu agir não pode haver lugar para o julgamento, a condenação, mas sempre perdoar e permanecer no amor. O perdão das ofensas torna-se a expressão mais evidente do amor misericordioso, e para nós cristãos torna-se algo do qual não podemos O Papa Francisco diz em seu texto da Misericórdia Vultus (O Rosto da misericórdia) como são tantas as vezes que perdoar parece difícil. Mas nos lembra de que o perdão é o instrumento colocado em nossas mãos para alcançar a serenidade do coração. Diz ele: deixar de lado o ressentimento, a raiva, a violência e a vingança são condições necessárias para se viver feliz. Também nos chama a atenção para escutarmos a palavra de Jesus que colocou a Misericórdia como um ideal de vida e como critério de credibilidade para a nossa fé.
Devemos acolher o irmão com misericórdia. Ser instrumento do perdão, porque primeiro o obtivemos de Deus |
A missão que Jesus recebeu do Pai foi a de revelar o mistério do amor divino na sua plenitude. “Deus é amor” (1 Jo 4,8-16): afirma-o, pela primeira vez em toda a Escritura, o evangelista João. Esse amor tornou-se visível em toda a vida de Jesus. Ao se relacionar com as pessoas ele deixa manifestar esse amor. Toda a sua atividade foi impregnada de misericórdia. Assim, a sua misericórdia é a sua responsabilidade por nós.
Em sintonia com tudo isso, se deve orientar o amor misericordioso dos cristãos. A Igreja vive uma vida autentica quando professa e proclama a misericórdia. Ela nos convida a peregrinar e continuar sendo caminho para o outro. É o Senhor Jesus que indica as etapas da peregrinação. Ele nos pede para perdoar e dar. Devemos acolher o irmão com misericórdia. Ser instrumento do perdão, porque primeiro o obtivemos de Deus. Para que possamos agir com misericórdia, diz o Papa Francisco, devemos primeiro pôr-nos à escuta da Palavra de Deus. Colocando-nos no silencio para meditar a Palavra que nos é dirigida, torna-se possível comtemplar a misericórdia de Deus e assumi-la como próprio estilo de vida.
Nessa caminhada do ano jubilar possamos redescobrir as obras da misericórdia corporal e espiritual e vivenciando-as como discípulos de Jesus.
Neuza Silveira de Souza
Coordenadora da Comissão Arquidiocesana Bíblico-Catequético de BH