Quando você está no meio da rua e, sem esperar, se arma uma forte chuva, o que você faz? Se não tiver o desejo de se encharcar, vai procurar um abrigo. Se em casa, sozinho está, e de repente bate uma forte ventania, creio que a primeira ação é fechar portas e janelas para se proteger e guardar em segurança o que há lá dentro. Diante de tormentas inesperadas, a busca pela segurança de si é a primeira ação que movemos para salvaguardar nosso bem precioso: a vida. Mas quando você está deprimido, frustrado, desanimado, desesperançado, quando a tristeza furta sua paz, qual é seu porto seguro? Qual sua ação? Para onde você corre? Onde está seu refugio?
As tempestades interiores armam bagunças terríveis em nós. Não sabemos o que fazer sozinhos. O barulho e os desarranjos são grandes demais. Ficamos imersos em aguarias que não molham, mas vivemos como se estivéssemos afogados, não sentimos o vento de fora, mas dentro de nós a bagunça é tão grande que parece que o pior dos furacões revirou nosso ser. E então? Aonde levar nosso coração? Como remediar, ou ainda, como curar as feridas abertas pelos toques de maldade que insistem em habitar-nos?
Como fazem bem ao coração decisões que elevem a pessoa ao máximo do que ela pode ser |
Nosso coração tem um primeiro dono. Antes de nós mesmos tomarmos posse do nosso coração, ele foi gestado, moldado e amado pelo Criador. Deus é o primeiro a marcar nosso coração com seu amor. Por isso é tão dispendioso para nós vivermos privados de amor sincero e alegria verdadeira, porque vai sendo construído um muro invisível, onde por vezes olhamos só para o lado onde está o que fragiliza, e não mais para o outro lado, onde está a marca da Graça do Senhor que nos eleva e nos faz ser melhores.
Convido a endereçar seu coração a Deus. Fazer-se oferta. Construir uma ponte até a fonte de onde jorra todo amor e misericórdia necessários para que possamos peregrinar neste mundo com mais alegria, verdade, bondade e justiça.
Faça a experiência de entrega do seu coração ao Artista que o desenhou, modelou e deu-lhe o ritmo da vida, e assim, que você possa renascer para uma vida nova em Deus.
Oração de entrega
Pai amado, Pai querido, és meu refugio, és minha fortaleza
Tua Graça é o que me sustenta, teu amor a força que me faz continuar em frente
Hoje, humildemente, coloco em tuas mãos o meu coração,
Para que possas remodelar segundo tua misericórdia
Livra-o de todos os pesos que o fazem perder o ritmo da vida
Dá-lhe novo vigor, que suas batidas sejam de amor, bondade e justiça
Que ele possa “bombar” vida para meus pensamentos, sentimentos e ações
e transborde ao ponto de vitalizar aqueles que estiverem junto a mim
Sei que só tu tens o poder de converter um coração, Pai!
Por isso lhe entrego o meu coração,
Toma posse, Senhor, deste coração que nunca deixou de ser teu.
Como fazem bem ao coração decisões que elevem a pessoa ao máximo do que ela pode ser. Nada pode ser mais importante do que o desejo de se realizar como pessoa neste mundo. Ser o melhor de nós mesmos. Interessante, não é? O melhor investimento é sempre em nossa humanidade. Quanto mais humanizados, mais divinizados.
O que você realiza em seu favor? Como tem aproveitado seus dias, suas folgas, finais de semana, férias? O que você tem valorizado? Tem destinado tempo para amar o que?
Com agendas carregadas de compromissos, não nos damos conta de pensar em nós. Por vezes, nosso pensamento está em resolver as coisas do mundo de fora, e esquecemos que há um mundo interior que precisa ser organizado, pensado, cuidado e amado. Olhar para fora dependerá muito de como olhamo-nos interiormente. Voltar-se para si é uma atitude de ternura. Afinal, é sabendo quem somos que conseguiremos ser para os outros.
Quantas pessoas vivem a desolação de não saber sobre si, de não se identificar com mais nada, de esquecer-se. Sofrem a triste realidade do autoabandono. Quando abandonamos alguém, deixando-o do lado, por mais que a pessoa não fosse merecedora de nossa atenção, isto já nos faz sofrer, então como nos sentimos quando essa desistência do ser se dá em relação a nós próprios?
Pe. Ederson Iarochevski