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Congresso Eucaristico Nacional em BH marca história da Igreja e da Capital


Dom Cabral na celebração de aberturado Congresso Eucarístico Nacional

Selo comemorativo do Congresso Eucarístico realizado em BH

A Arquidiocese de Belo Horizonte celebra, neste mês, os 80 anos do 2º Congresso Eucarístico Nacional, ocorrido no período de 3 a 7 setembro de 1936, na capital mineira. O evento marcou decisivamente a história da Igreja pelo seu teor profético, apontando para as reformas propostas pelo Concílio Vaticano II, que só viria a ocorrer no ano de 1963. A vontade dos fiéis, reunidos em torno da Eucaristia, motivou dom Cabral no empreendimento desse sonho, só agora concretizado com as obras de edificação da Catedral Cristo Rei, iniciada em 2013 pelo atual arcebispo metropolitano, dom Walmor Oliveira de Azevedo.

Considerado um dos acontecimentos mais importantes realizados na cidade, o congresso foi motivo para a construção da Praça Raul Soares, inaugurada em sua  abertura. A cerimônia de encerramento contou com a presença de autoridades, dentre elas, o governador Benedito Valadares, o prefeito Otacílio Negrão de Lima e representantes do clero brasileiro, reunindo, aproximadamente 200 mil pessoas.

 

O Congresso Eucarístico Nacional reuniu cerca de 200 mil pessoas na Praça Raul Soares

Tendo por tema por tema  Lux Et Vita (Luz e Vida), o Congresso Eucarístico Nacional de 1936 consolidou a participação dos leigos não só no âmbito da sociedade, mas no corpo da Igreja Católica, abrindo o caminho que mais tarde resultaria em uma das principais indicações nas reformas propostas pelo Concílio Vaticano II.

As palestras proferidas por intelectuais católicos abrangeram os seguintes temas: A Ação Católica, expansão natural da vida eucarística; A Eucaristia, segredo da felicidade na família cristã; A Ação Católica, organização ativa a serviço da restauração social; Eucaristia, Ação Católica e vida interior do sacerdote; Eucaristia e ação católica dos homens; Eucaristia e ação católica na defesa da moralidade dos jovens; Eucaristia e ação católica nas organizações de senhoras; Eucaristia, ação católica da juventude feminina, sua vida no lar; Eucaristia e ação católica na assistência e defesa moral dos operários (Campos, Miranda, 1936, [s.p.]).

Foram publicados livros  para auxiliar a participação dos diversos segmentos presentes no evento:  Livro de Estudos dos Homens, Livro Estudos dos Seminaristas, Livro Estudos dos moços, Livro Estudos da Juventude Feminina.


Momentos que antecederam à inauguração da Praça Raul Soares, na abertura
do Congresso Eucarístico Nacional

O hino do congresso, composto por um padre alemão, professor de música em Juiz de Fora, contou com a grande aceitação por parte dos fiéis devido à sua musicalidade, sendo entoado frequentemente até o início da década de 60 do século passado. A letra toca fundo a alma do povo mineiro quando enaltece as “montanhas de Minas”, afirmando que elas se tornaram “altar” sobre o qual brilha a Hóstia. A composição começa com a seguinte estrofe:

“Qual resplende em manhãs purpurinas
O sublime clarão de arrebol
Sobre o altar das montanhas de Minas (bis)
Brilha a Hóstia mais fúlgido sol (bis)
(Refrão) Tú, que és Rei, e que aos povos dominas
Firma aqui teu throno Jesus!
E das plagas formosas de Minas (bis)
O Brasil para a glória conduz!”
(bis)

(Cânticos e Hymnos1936, p.24)

Padres e fiéis ao lado de dom Cabral (à esquerda),

durante o Congresso

Um enorme altar ocupou parte considerável da Praça Raul Soares para o evento coordenado pelo então arcebispo de Belo Horizonte, dom Antônio dos Santos Cabral. A cidade, ainda pacata, ao transformar-se em “Capital Eucarística” ganhou novos ares com o grande movimento de pedestres e automóveis, mas, especialmente, pelas inúmeras reflexões teológicas e práticas, dentre as quais, a que consolidou a ideia de que era necessária a edificação de uma catedral na nova diocese.

O Congresso Eucarístico Nacional deixou no coração dos mineiros, especialmente dos belo-horizontinos, outro legado de grande importância no mundo católico: o desejo de criar um movimento para tornar perpétua a adoração à Eucaristia. O Santíssimo Sacramento passou, então, a ficar exposto ininterruptamente em várias paróquias de Belo Horizonte. Essa era a transição para o desejo maior do povo de ter um local  de referência para a contemplação de Jesus Eucarístico, o que só viria a se realizar em outubro de 1937. O inicio da Adoração Perpétua na Igreja Nossa Senhora da Boa Viagem mobilizou grande parte da cidade na Procissão do Triunfo Eucarístico.

História

A Adoração Perpétua foi popularizada pelo padre Pedro Julião Eymard, fundador da Congregação do Santíssimo Sacramento, o mesmo sacerdote que teve a iniciativa de apoiar um grupo de leigos para a realização do primeiro Congresso Eucarístico, celebrado em 1881, na cidade francesa de em Lille. Fiéis e sacerdotes de países europeus participaram do evento, fazendo do Congresso Eucarístico tradição em diversas regiões do continente.

No Brasil, o Primeiro Congresso Eucarístico Nacional ocorreu em Salvador (BA), em 1933. Até este ano de 2016, o evento foi realizado nas seguintes cidades brasileiras:

1.   1933 – Salvador (BA) – Vinde, adoremos o Santíssimo Sacramento
2.   1936 – Belo Horizonte (MG) – Luz e Vida
3.   1939 – Recife (PE) – A Eucaristia e a vida cristã
4.   1942 – São Paulo (SP) – Vinde a mim todos
5.    1948 – Porto Alegre (RS) – Ação Social
6.    1953 – Belém (PA) – A Sagrada Eucaristia, sacramento da unidade e da comunidade
7.    1960 – Curitiba (PR) – Eucaristia, luz e vida do mundo
8.    1970 – Brasília (DF) – A mesa do Senhor
9.    1975 – Manaus (AM) – Repartir o Pão
10. 1980 – Fortaleza (CE) – Para onde vais?
11.  1985 – Aparecida (SP) – Pão para quem tem fome
12.  1991 –  Natal (RN) – Eucaristia e Evangelização
13.  1996 – Vitória (ES) – Eucaristia,vida para a Igreja!
14.  2001 – Campinas (SP) – Fonte da missão e Vida solidária
15.  2006 – Florianópolis (SC) – Ele está no meio de nós!
16.  2010 – Brasília (DF) – Eucaristia, pão da unidade dos discípulos missionários
17.  2016 – Belém (PA) – Eucaristia e Partilha na Amazônia missionária.



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