Jesus recebeu um batismo destinado a pecadores em processo de conversão. Com esse gesto ele se coloca numa atitude de solidariedade com todos os pecadores, com a decisão de nunca se separar deles. “De fato, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido” (Lc 19,10). Pelo batismo somos inseridos no mistério pascal de Jesus: sua vida, paixão, morte e ressurreição. O próprio gesto do batismo nos mostra que mergulhamos na fonte da água da vida que é o Espírito de Jesus. Recebemos o Espírito Santo, a luz de Cristo que ilumina nossas trevas, chamando-nos a uma verdadeira conversão. Somos sepultados com Cristo para ressurgimos para uma vida nova. O batismo por imersão mostra isso: a pessoa é mergulhada e, em seguida, retirada, elevada das águas.
O Batismo nos torna filhos amados de Deus. Quando Jesus foi batizado no Jordão, saiu da água, viu o céu se abrindo e o Espírito descendo sobre ele. E do céu veio uma voz que dizia: “Tu és meu Filho amado; em ti encontro o meu agrado” (Mc 1,9). Todo batizado é também chamado “filho amado”. O batismo nos faz descobrir o carinho, o amor paternal e maternal de Deus por nós. Apesar dos nossos pecados, Deus nos ama com amor infinito. E, quanto mais estropiada a “ovelhinha” mais Deus a ama, não por que seja melhor ou pior que as outras, mas porque mais precisa de cuidados. O batismo nos ajuda a ouvir a voz carinhosa de Deus misericordioso que perdoa nossos pecados e nos chama a uma verdadeira conversão.
O batismo nos chama à conversão nas nossas relações com Deus e as pessoas e na resposta à nossa vocação
Toda pessoa submergida nas águas batismais é também chamada “filho(a) amado(a)”, é ungida pelo Espírito e enviada para uma missão. Todos viemos a este mundo para realizar uma missão, uma vocação na comunidade. Muitas vezes esquecemos disto. Pensamos que só batizar já resolve tudo num passe de mágica. Esquecemos que, se por um lado, no batismo recebemos a graça de Deus (seu Espírito); por outro lado, temos de responder ou corresponder a esta graça a vida toda. Se recebemos a graça de sermos filhos de Deus, temos de ir nos tornando filhos cada dia da nossa vida. E nos tornamos filhos com ações bem concretas, com nosso jeito de viver.
O batismo nos chama à conversão nas nossas relações com Deus e as pessoas e na resposta à nossa vocação – missão.
Como vai meu relacionamento com Deus? E com meus irmãos e irmãs, minha família, minha comunidade? Que vocação recebi de Deus? Como estou vivendo esta vocação? Estou colocando meus dons a serviço da comunidade? O batismo nos convida a sairmos do isolamento, do egoísmo, do comodismo, da indiferença, da preguiça, do desamor. Nos convida a participarmos mais e melhor da vida da comunidade.
Padre Júlio César Gonçalves Amaral
Pároco da Paróquia N. S. de Guadalupe (Castelo)
Vigário Forâneo da Forania São Dimas