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Como fazer o Reinado de Deus acontecer

Nesta semana iniciamos o período da quaresma. No nosso calendário litúrgico, a Quaresma é o tempo de conversão, de reviver o nosso batismo. Tempo em que a Igreja nos proporciona para preparar para a grande festa da Páscoa. É tempo para nos arrependermos de nossos pecados e de mudar de vida. Iniciado na quarta-feira de cinzas, dia 10 de fevereiro, esse tempo quaresmal irá até a Quinta-feira Santa à tarde. Ao longo deste tempo somos chamados a viver com maior eficácia o jejum, abstinência, esmola, sacrifício, oração e escuta da Palavra de Deus.

Sempre em sintonia com o Santo Padre, o Papa Francisco, coloquemos como critério de vida o Ano Santo já iniciado na solenidade da Imaculada Conceição, no dia 08 de Dezembro. Fazemos assim, a nossa parte para recuperar o ritmo e estilo de verdadeiros fiéis, que devemos viver como filhos de Deus.

Para cumprir essa nossa missão, o Papa Francisco coloca em nossas mãos o documento “Misericordiae Vultus” (= O rosto da Misericórdia), bula de proclamação do Ano Santo Extraordinário da Misericórdia. Será muito importante que todos façam uma leitura atenta e uma reflexão bem meticulosa desse documento. Trata-se do texto-base do Jubileu da Misericórdia onde o Papa apresenta as grandes motivações para a celebração deste Ano Santo extraordinário, além de indicações importantes sobre como celebrar este tempo especial da graça de Deus. O documento contém apenas 40 pequenas páginas e nelas encontramos uma grande riqueza para o amadurecimento da nossa fé no Cristo Jesus.

 

São Paulo chama a Deus, em 1 Cor 1,1-7, de Pai das Misericórdias, sublinhando assim a sua infinita compaixão pelos homens, que ama muito intimamente

Nesse documento, o Papa Francisco nos direciona para as Escrituras sagradas nos oferecendo textos bíblicos para uma boa reflexão. Ele nos pede que a quaresma deste Ano Jubilar possa ser vivida mais intensamente como tempo forte para celebrar e experimentar a misericórdia de Deus. Convida-nos a colocar em nossas orações palavras como as que o profeta Miquéias diz em seu  livro (Mq 7,18-19): “Vós, Senhor, sois um Deus que tira a iniquidade e perdoa o pecado, que não se obstina na ira mas se compraz em usar de misericórdia. Vós, Senhor, voltareis para nós e tereis compaixão do vosso povo. Apagareis as nossas iniquidades e lançareis ao fundo do mar todos os nossos pecados” (Mv n. 17, p. 25).

O Papa Francisco explicou que a iniciativa de lançar esse documento nasceu da sua intenção de tornar «mais evidente» a missão da Igreja de ser «testemunha da misericórdia» Nesse trabalho a Igreja, continuando com a obra de Jesus, trabalha para tornar visível o Reino de Deus.

Qual é a obra de Jesus?

Jesus é a Palavra do Pai, e, por isso: sacramento. A palavra sacramento significa, em sentido teológico, um sinal visível de uma realidade invisível, de uma realidade maior. Paulo diz que Jesus é “a imagem visível do Deus invisível”. Em palavras simples, tudo o que acontece em Jesus, palavras e obras, tudo aquilo que ele faz nos revela Deus, o Pai em seu mistério. Assim, tudo o que a Igreja faz deve se voltar a ser a imagem visível do Deus invisível. Ela é sacramento do Cristo, pois caminha à luz do Espírito Santo enviada por Deus em Pentecostes. Nós, reconhecidamente como Igreja, Povo de Deus, Corpo de Cristo e morada do Espírito, somos convocados a percorrer esse caminho se tornando Igreja visível do Reino de Deus. Esse Reino que nos mostra um mundo diferente do que vemos ao nosso redor. Um mundo como já nos referimos a ele no encontro anterior: um mundo em que os pobres, famintos, sem terra, refugiados de guerra terão voz e vez ao invés de dor e sofrimento; que seja concebido por uma nova ordem: justiça para todos, liberdade, cuidado com o planeta e os seres que nele habitam, paz, desenvolvimento sustentável; que seja construído sobre valores tais como honestidade, verdade, justiça; um mundo onde se pratica a misericórdia de Deus.

São Paulo chama a Deus, em 1 Cor 1,1-7, de Pai das Misericórdias, sublinhando assim a sua infinita compaixão pelos homens, que ama muito intimamente. Assim somos chamados a amar os nossos irmãos: com amor verdadeiro e misericordioso assim como Deus que se compadece dos homens, sobretudo daqueles que sofrem a miséria mais profunda, que é o pecado.

Para que aprendamos bem, a Sagrada Escritura ensina-nos com uma grande variedade de termos e de imagens que a misericórdia de Deus é eterna, isto é, sem limites no tempo, imensa, sem limites de lugar nem de espaço; e universal, pois não se limita a um povo ou a uma raça, e é tão extensa e ampla quanto as necessidades do homem.

Para enxergarmos essas várias imagens de Deus, só pela Graça de Deus que nos transforma e nos ajuda a trabalhar as nossas mentalidades que temos sobre Deus. Discutiremos esse assunto no próximo encontro.

 

Neuza Silveira de Souza
Coordenadora da Comissão Arquidiocesana Bíblico-Catequética de BH

 



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