A campanha da Cáritas contra a fome, a pobreza e a desigualdade: “Uma família humana, pão e Justiça para Todas as Pessoas”, entra em nova etapa neste ano. As informações partilhadas em 2014 serão, agora, analisadas para a elaboração do mapa da fome, de cada comunidade participante desse trabalho. Uma ação que tem a participação daa Arquidiocese de BH e das (arqui) dioceses em todo o Estado.
O bispo auxiliar da Arquidiocese de BH, dom Luiz Gonzaga, durante apresentação da Campanha da
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O coordenador regional da Cáritas em Minas, Rodrigo Pires Vieira, informa que já existe um diagnóstico e que estão em estudo propostas para enfrentar uma realidade em que na maioria dos lugares não há fome extrema, mas as famílias continuam sem autonomia financeira. “Observamos que além dessa questão da família continuar dependente dos benefícios governamentais e de diversas instituições, existe outro tipo de fome: a fome de alimentos de qualidade”. Segundo Rodrigo Vieira, ingere-se, hoje, alimentos cheios de agrotóxicos e outros produtos químicos que trazem como consequências negativas para a saúde a obesidade, problemas cardiovasculares, câncer e hipertensão.
A partir do levantamento e da Campanha que a Cáritas realiza por meio das pastorais da Criança, do Menor, da Terra, da Família e instituições da sociedade, uma das propostas é mostrar as ações realizadas pela sociedade e conscientizar todos de que elas precisam ser financiadas com recursos públicos, pelos governos. “Pretendemos apoiar as famílias, especialmente as mais pobres, na conquista de políticas públicas como educação, saúde, infraestrutura e segurança, bem como cobrar a liberação dos recursos por parte do Estado” – explica o coordenador da Caritas, apontando a complexidade da questão, “ diretamente relacionada à educação”.
A preocupação não é somente com a quantidade, mas com a qualidade dos alimentos, fundamental para a os saúde da população
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Para traçar o diagnóstico da fome em Minas, as lideranças da Cáritas realizaram mais de 400 encontros para entrevistas em grupos focais nas comunidades mais pobres das paróquias, nas várias dioceses do estado. A iniciativa resultou no levantamento de dados em um universo de 6.232 famílias. Depois da roda de conversa, os participantes apontavam as famílias mais pobres da comunidade e elas eram entrevistadas com base em um questionário. O objetivo era obter dados socioeconômicos das famílias, e sobre o acesso delas às políticas publicas, como saneamento básico, saúde educação.
Os participantes foram convidados a refletir a respeito da origem da fome, como a fome ocorre no Brasil e no mundo, quem é responsável pela fome e a fome na comunidade. Após a leitura de um roteiro que apontava para três perguntas sobre cada um dos temas, os debates traziam a tona os problemas das comunidades. A partir das reflexões, surgiam propostas de ações coletivas como coletas de alimentos e distribuição de cesta básica, mas sem que o motivo da campanha se perdesse.
Os esforços eram sempre no sentido de conhecer o rosto e o endereço da pobreza na comunidade, e a comunidade entender que quem passa fome faz parte da família humana. “Então, tornava-se possível conscientizar a todos sobre a necessidade da união de todos coletivo para tirar a pessoa a pobreza por meio do trabalho, da educação,da saúde”, explica Rodrigo Vieira.
Assim, segundo o corrdenador reional da Cáritas, algumas ações emancipatórias foram protagonizadas pelo Fundo Nacional de Solidariedade, e por famílias que realizaram projetos de captação de água da chuva , grupos de produção para geração de renda, fábrica de farinha, rapadura etc.
A fome no Brasil e no Mundo
Promover debates e reflexões sobre a temática da fome e da pobreza no mundo e no Brasil e disseminar a ideia de erradicação dessa realidade estão entre as principais metas da Campanha Mundial da Rede Cáritas. Os participantes das rodas de conversa foram convidados a pensar sobre a generalização da fome do mundo, especialmente na África onde os quadros são mais graves.
No Brasil as reflexões envolveram a região do semiárido – estados do Nordeste, Norte de Minas, Vale do Jequitinhonha e Norte do Espirito Santo e os bolsões de pobreza nas periferias das grandes cidades como Belo Horizonte, Juiz de Fora, Montes Claros, Governador Valadares, Uberaba e Uberlândia.
E a partir da colaboração das universidades, a Cáritas pretende aprofundar a leitura de todos os dados obtidos. De antemão, Rodrigo Vieira observa que a questão da fome está diretamente relacionada à educação e também à gestão das prefeituras municipais, onde não chega saneamento, saúde nem educação.
Rodas de conversa