“A CNBB não tem a pretensão de apresentar o documento como se fosse uma receita para a reforma política, absolutamente. A Conferência quer trazer sua contribuição para que toda a sociedade esteja envolvida nesse processo e aponta alguns sinais que possam trazer elementos para ajudar na reconstrução do Estado”. A frase foi dita na tarde desta quinta-feira, 11, pelo presidente Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Geraldo Lyrio Rocha, em coletiva de imprensa, sobre o documento aprovado hoje pelos bispos do Conselho Permanente da instituição, reunido na sede da Conferência desde terça-feira, 9.
Dom Geraldo antecipou que, entre as propostas apresentadas no documento, estão a “necessidade de se rever o modelo econômico”. Outros aspectos apresentados pelo arcebispo foram a “ampliação do campo de trabalho”; “fortalecimento das exigências éticas em defesa da vida e do meio ambiente”; “democratização do acesso a terra através da reforma agrária e também reforma urbana”, além da “preservação do planeta” e da “democratização da comunicação”.
Reforma Política
O presidente da CNBB afirmou ainda que a reforma política brasileira não deve ser feita dentro dos gabinetes, mas sim com a participação popular. “A sociedade se tornou mais complexa e novos agentes democráticos apareceram. Um exemplo é o papel da mulher nesse processo. Há alguns anos a mulher não ocupava o papel que ela exerce hoje e precisa ocupar nesse contexto”. Dom Geraldo completou dizendo que da mesma forma que a mulher, também existem outras parcelas da sociedade que precisam ganhar espaço para a construção do Estado. “A classe trabalhadora, os povos indígenas, os afrodescendentes e a juventude”, enumerou.
O vice-presidente da CNBB destacou que a ideia de elaborar o documento aconteceu assim que começaram a aparecer no Brasil algumas crises políticas em 2009. “Notamos que a atitude de fazer declarações pontuais tem sua importância, mas reavaliamos que agora era o momento de entrarmos naquilo que está por trás de tudo isso que ocorre no cenário político e que o Estado passa por problemas muito sérios. É necessário reconstruir o Estado”, sublinhou.
Dom Luiz disse também que, por ser profunda a crise do Estado, a CNBB tem algumas propostas a apresentar no documento, que deve ser concluído no fim da tarde de hoje. “Essa reconstrução do Estado é um dever da sociedade, que deve discutir isso para que cheguemos a um consenso e tenhamos um Estado mais forte, que responda aos problemas que enfrentamos nessa nova civilização que começa a nascer. O documento da CNBB serve como o começo de uma discussão maior”.
Questionado sobre quais seriam as propostas apresentadas, dom Luiz respondeu que o documento em si será um instigador para o debate em torno da reforma. “Nós propomos através do documento que se abra a discussão em torno da reforma de modo que toda a sociedade participe, foi por isso que decidimos pelo título ‘Por uma reforma do Estado com participação democrática’. Trata-se de um mutirão que devemos fazer para encontrarmos caminhos para a reforma”, completou dom Luiz.