A prática catequética nos convoca a uma observação atenta aos temas desenvolvidos para a catequese. É importante que os conteúdos sejam realmente de textos permeados da mensagem catequética e que se estendam até a realidade do catequizando. Uma verdadeira catequese acontece quando o anúncio da salvação adentrar na realidade concreta dos seus interlocutores. Fazer essa ligação entre a fé e vida é a grande tarefa e uma arte do catequista, diante das diversas situações concretas.
O catequista é o artista que, estando com o tema proposto na mão, precisa cuidar da linguagem, metodologia e principalmente encarná-lo na caminhada do catequizando.
A Palavra de Deus é o alimento que fortalece a fé e a vida daqueles que estão sendo evangelizados. Ela traz um sabor de ternura, de infinito que elevam as pessoas para além da realidade presente. Iniciar-se ao infinito é a melhor experiência da leitura bíblica. Infinito é também a tarefa que o leitor da Bíblia sente ao iniciar o contato com o texto. Esse contato nos provocam o desejo de alcançar o contexto no qual foi escrito para que ele seja reconhecido na realidade atual e nela adquira seu valor. O que estava acontecendo? Em que circunstância esse texto foi produzido? O que acontece hoje? Como a Palavra pode iluminar esta realidade? A Palavra bíblica é uma janela, um espelho, uma fonte, uma luz imprescindível não só para a construção do caminho crente, mas também para o crescimento cultural.
Na realidade, só aquele que nunca se aproximou dela ignora que a Bíblia é um lugar de prova. Livro sagrado para os crentes de mais de uma religião, um clássico da literatura que nos ajuda a decifrar o pensamento e a história do povo do seu tempo. A Bíblia requer, evidentemente, uma arte da interpretação. Escrita há mais de três mil anos, em línguas diferentes das nossas, em uma gramática muito particular, com gêneros literários diferentes dos nossos, ela se torna um desafio para qualquer leitor.
Como conhecer a realidade?
Cada um de nós tem uma visão do mundo de hoje. Assim, cada catequista é chamado a fazer a análise da sua realidade. Ele deve ter uma consciência crítica da realidade socioeconômico-política, cultural e ideológica para aprender ler nela os sinais de Deus.
O catequista também precisa voltar o seu olhar para Jesus para compreender como ele via o mundo e interagia com ele. Como Jesus viveu a nossa história e nela anunciou o Reino.
O Documento “Catequese Renovada”, documento base para nossas reflexões catequéticas, e o Diretório para a catequese, que apresenta as várias dimensões da catequese e seus diversos interlocutores, levam-nos a refletir uma catequese com adultos e a importância da centralidade em Jesus Cristo. O estudo da Palavra de Deus e o conhecimento da realidade presente vão nos orientar para as várias visões que o homem tem da sua realidade. Percebe-se que grande parte do nosso povo possui uma visão de mundo e do homem baseada em uma crença em Deus manifestada em diversas expressões da religiosidade popular. Mas, muitas vezes, é uma fé desvinculada da vida, às vezes cheia de elementos estranhos ao cristianismo.
Vamos pensar os encontros catequéticos sempre analisando a realidade em prol do anúncio da fé. No centro de cada encontro está a mensagem da fé que deve ser vivida no contexto concreto da realidade de cada um.
Neuza Silveira de Souza.
Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano de Belo Horizonte
