Parafraseando o Eclesiastes, podemos dizer que também existe tempo para chegar e tempo para partir. Em 2011, cheguei a Belo Horizonte e agora, tendo recebido a nomeação para a Diocese de Taubaté, é tempo de partir; por isso é ocasião para agradecer e para me despedir.
Agradeço a Deus por ter vindo para esta Arquidiocese na capital mineira, onde dei meus primeiros passos como bispo. Uma grande graça foi a convivência diária com os Irmãos Bispos e o aprendizado fruto de juntos refletirmos e buscarmos soluções para as situações que exigiam nossa atenção. Pensar juntos antes de decidir é um aprendizado para perceber que, diante dos desafios, não existe uma única via de solução e que as diferentes percepções da realidade levam a decisões mais ponderadas e acertadas. Nossa convivência diária é enriquecida com a presença das religiosas que, solícita e generosamente, conduzem nossa casa com seu carisma e se dedicam a nós com grande devotamento. Além de serem o suporte para nosso trabalho, elas nos sustentam também com suas orações e horas diante do Santíssimo.
Nesta querida Arquidiocese pude conhecer e admirar o incansável trabalho de muitos padres e diáconos que se conduzem por profundo espírito evangélico, abnegação, simplicidade de vida e empenho de devotados pastores no serviço a Deus e a seu Povo. Alguns me emocionaram pelo exemplo que, inclusive, tive oportunidade de partilhar com amigos e familiares. Em particular, destaco os irmãos da Região Episcopal Nossa Senhora da Conceição, com os quais pude conviver e trabalhar mais proximamente. A eles quero agradecer pela missão compartilhada e pela pronta correspondência que os distinguiu por solícitas respostas.
Esta Igreja é privilegiada pela presença de muitas famílias religiosas que nos enriquecem com seus carismas e com relevantes serviços especialmente em áreas como: promoção e assistência social, saúde e educação. Essa atuação evidencia, em meio à sociedade, o rosto de uma Igreja servidora. Valorosos exemplos encontramos também em meio ao laicato que, além dos afazeres profissionais e familiares, ainda encontra tempo para se dedicar a inúmeros serviços na Igreja e na sociedade. Que belo exemplo! Entre esses serviços estão, destacadamente, o ministério dos catequistas que formam novas gerações de cristãos, as lideranças das comunidades, os que se dedicam à liturgia, os que servem à caridade, os que atendem aos doentes, aos presidiários, às famílias enlutadas, os que ajudam na superação de vícios e em tantos outros serviços que, de modo samaritano, levam alívio e promovem a vida entre o povo. Agradeço, também, a tantos amigos e colaboradores que através do serviço profissional, competente e dedicado, oferecem suporte e potencializam nossa ação, contribuindo para uma ação evangelizadora mais eficiente.
Recordando essa multiplicidade de ministérios e essa riqueza que é a Igreja arquidiocesana de Belo Horizonte, eu me sinto agraciado por ter tido a oportunidade de exercer aqui o início do meu ministério episcopal. Mesmo com minhas limitações pessoais, mas com toda disposição, pude oferecer minha colaboração, que se une a de tantos outros que se dedicam a esta Igreja Particular. Procurei agir segundo minhas convicções, mas, também, sempre em conformidade com as opções pastorais e diretrizes desta Arquidiocese. Busquei pautar minha atuação não pelo intuito de agradar ou granjear simpatia, mas com a consciência de que sou ministro de Cristo e da Igreja e assim tenho que agir. Parto agradecido pelo que aqui vivi, pelo aprendizado que levo comigo, pelas pessoas que conheci, pelos amigos que constituí. Deixei um pouco de mim, mas levo o muito que recebi de todos vocês. Rezem por mim, pois eu os terei presentes não só na memória, mas também no coração. Vocês serão continuamente recordados em minhas orações. Obrigado por tudo. Deus os abençoe.
Dom Wilson Angotti – Belo Horizonte, 8 de maio de 2015