O bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte dom Vicente Ferreira presidiu reunião neste domingo com representantes do Governo de Minas, da Prefeitura de Brumadinho, da Defensoria Pública da União e líderes da sociedade civil. O objetivo do encontro é unir forças para amparar as vítimas da tragédia em Brumadinho. Muitas pessoas ainda não têm informações sobre seus familiares desaparecidos, outras necessitam de orientação sobre os procedimentos para velar e sepultar seus mortos.
Dom Vicente Ferreira, padre Renê Lopes, titular da Igreja Matriz de Brumadinho, dedicada a São Sebastião, outros sacerdotes e seminaristas têm dedicado atenção integral às pessoas atingidas pela tragédia. Pouco antes da reunião, padre Renê buscava consolar a esposa de uma das vítimas do rompimento da barragem, que acabara de identificar o corpo do marido no Instituto Médico Legal.
Durante o encontro, a Igreja reforçou a importância de um acompanhamento ainda mais próximo do poder público, especialmente no cadastro das vítimas. Esse cadastro é determinante nos processos de indenização, conforme explica o frei Rodrigo Pereira, da Comissão de Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Dia e noite em contato com as vítimas, padre Renê reforça o entendimento de que a tragédia devastou a comunidade. “ Cada lar de Brumadinho está sofrendo de algum modo. Os funcionários da Vale eram moradores da nossa cidade.” A lista de desaparecidos apresentada pela empresa, segundo relatos de muitos moradores, está incompleta, faltam nomes. Também nesse sentido, a defensora pública da União, Lígia Rocha, diz que não se pode deixar que a Vale tenha domínio total da informação. “A sociedade civil local deve ser protagonista e estar bem informada”.
A Secretária Estadual de Impacto Social, Elizabeth Jucá, informou que o Estado está fazendo o cadastro das pessoas desaparecidas. Familiares podem procurar o Ginásio Poliesportivo da Cidade e também a Estação do Conhecimento, levando fotos dos que não estão nos registros oficiais.
O prefeito de Brumadinho, Alvimar de Melo, o Neném da Asa, disponibilizou o Ginásio Poliesportivo da Cidade para que os mortos sejam velados. Padres da Arquidiocese de Belo Horizonte e de Congregações Religiosas se organizam para oferecer assistência espiritual aos enlutados.
Representando o Movimento dos Atingidos pela Barragem na reunião, Joceli Andreolli indicou o que deve ser prioridade: “As pessoas saberem onde estão seus mortos, para sepultá-los, com a devida assistência espiritual”.
O Secretário de Governo de Minas Gerais, Antônio Custódio Mattos, que sobrevoou em um helicóptero a área devastada pelo rompimento da barragem, disse que o impacto da destruição é muito maior do que se pode imaginar.
A legislação ambiental
A Arquidiocese de Belo Horizonte, também está atenta à necessidade de mudanças na legislação ambiental, para que novas tragédias sejam evitadas.
Preocupados com os graves prejuízos humanos e ambientais gerados pela exploração sem limites da Casa Comum, o arcebispo dom Walmor e os bispos auxiliares da Arquidiocese de Belo Horizonte dom Joaquim Mol, dom Geovane Luís da Silva e dom Otacilio Lacerda realizaram reunião com o deputado João Vitor Xavier (que está à frente do projeto de lei que institui a política estadual de segurança de barragens) para tratar importantes questões a respeito da legislação sobre mineração em Minas Gerais.
A Arquidiocese de Belo Horizonte tem se reunido com representantes do poder público e buscado caminhos para promover a defesa do meio ambiente, a partir de novos marcos regulatórios.