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Ato penitencial perdoa pecados?

Em artigo publicado na edição anterior, tratamos do tema Eucaristia e perdão dos pecados. Contudo, na celebração da missa nos deparamos com o rito do ato penitencial. Trata-se de um rito introduzido na missa pela reforma litúrgica do Concílio Vaticano II. Localizado logo no início da celebração, precisamente nos ritos iniciais, esse rito tem a finalidade de preparar a comunidade para a mesa da Palavra e da Eucaristia. A Instrução Geral do Missal Romano, n. 51, assim reza:

 

“Em seguida, o sacerdote convida ao ato penitencial, o qual, após uma breve pausa de silêncio, é feito por toda a comunidade com uma fórmula de confissão geral e termina com a absolvição do sacerdote; esta absolvição, porém, carece da eficácia do sacramento da penitência.”

 

Como rito comunitário, o ato penitencial exprime a atitude de um povo disposto a celebrar o mistério de Cristo com reverência e temor

A Instrução oferece alguns elementos importantes para aprofundar o sentido desse rito:
– É um rito comunitário;
– Usa-se uma fórmula de confissão geral dos pecados;
– A “absolvição” não tem a eficácia do sacramento da penitência.

Como rito comunitário, o ato penitencial exprime a atitude de um povo disposto a celebrar o mistério de Cristo com reverência e temor. Tendo sido congregados pela saudação presidencial, já pode manifestar, como corpo de Cristo, seu humilde reconhecimento de povo muitas vezes infiel, frágil e necessitado da misericórdia de Deus. Das fórmulas propostas, somente uma, o “confesso a Deus todo poderoso”, pode levar a pensar que o ato penitencial é um rito de cunho individual. Contudo, é bom não esquecer que vale, neste caso, o princípio corporativo que rege as ações litúrgicas da Igreja: o “eu” deve ser entendido como a comunidade de fé.

As fórmulas de confissão geral não descrevem pecados: “fiz isso ou aquilo”. Mas apontam para a nossa condição de povo pecador. No caso da terceira forma, que funde o ato penitencial com o Kyrie, o reconhecimento se inverte: a comunidade confessa o amor de Deus, sua compaixão e misericórdia.

A “absolvição” (note as aspas), não confere o perdão dos pecados. A Eucaristia como um todo perdoa (ver artigo da edição anterior), mas o ato penitencial não. São equivocados os gestos epicléticos do padre (estender as mãos), que também não são previstos no missal. É melhor evitar para não dar a falsa sensação de remissão dos pecados neste momento, isoladamente. Recorde-se que o padre reza: “Deus todo poderoso tenha compaixão de nós…” Como ministro da Igreja, o presidente também pede por si e jamais poderia se “auto absolver”.

 

Pe. Danilo César dos Santo Lima
Liturgista



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