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Assembleia Geral do Clero avalia o desafiador ano de 2020 e aponta perspectivas para o centenário da Arquidiocese de BH

Sacerdotes e diáconos da Arquidiocese de Belo Horizonte se reuniram nesta quinta-feira, dia 10, para a Assembleia Geral do Clero, presidida pelo arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, e pelos bispos auxiliares: dom Joaquim Mol, dom Geovane Luís da Silva e dom Vicente Ferreira. O encontro foi celebrado com fé e entusiasmo pelo clero que, unido, avaliou o caminho percorrido pela comunidade arquidiocesana em 2020, quando o mundo sofre as graves consequências da pandemia, também foi oportunidade para delinear o caminho rumo a 2021, quando a Arquidiocese de Belo Horizonte viverá o seu centenário. Durante a Assembleia, importante contribuição da renomada teóloga Maria Clara Bingermer contribuiu para os bispos, padres e diáconos a identificarem perspectivas para a ação pastoral da Igreja no próximo ano, a serem construídas a partir das diretrizes do Projeto de Evangelização Proclamar a Palavra.

Maria Clara Bingermer indicou seis perspectivas pastorais que podem inspirar o caminho da Igreja em um contexto pós-pandemia:

1) Retomar o luto com o olhar Pascal – a Igreja se fazer cada vez mais próxima às famílias enlutadas, para ouvi-las, rezar com os que sofrem. “É necessário transformar a dor em redenção”, afirma a teóloga.

2)Investir na arte e na beleza, pois a Igreja pode ajudar o mundo a lidar com o sofrimento a partir de expressões artísticas que recuperem a beleza e a estética. “A música, a literatura e a arte são elementos preciosos para reencantar os corações”, sublinhou Maria Clara Bingermer, acrescentando que a arte é um caminho para falar de Deus. Nesse sentido, os pastores e agentes de pastoral são chamados a ser ‘poetas de Deus’ e construir uma teo-poética atravessada de beleza e gratuidade, afirmou.

3) Revalorizar o espaço doméstico, pois durante a pandemia surgiu nova configuração na Igreja, com a vivência da fé se deslocando dos templos para as casas. Uma nova realidade que exige retomar as fontes e origens do cristianismo, o começo da Igreja Católica.“De casa, nos conectamos por meio da tecnologia; na casa, redescobrimos o espaço da família, da celebração da fé e a perseverança na fração do pão”, disse.

4) Dedicar-se à Casa Comum, pois o destino de todos está inexoravelmente ligado ao destino do planeta, conforme ensinou a Teóloga, que advertiu: a pandemia nos ajudou a enxergar que não adotamos estilo de vida saudável, sendo necessária e urgente uma conversão ecológica, defendida pelo Papa Francisco na Encíclica Laudato Si.

5) Orientar-se pela Encíclica Fratelli Tutti, chamada por Maria Clara Bingermer de “uma bússola para os novos tempos”. “À luz do exemplo do Bom Samaritano, o Papa Francisco chamou-nos a atenção de que existe um ferido caído pelo caminho, na estrada” e de que devemos deixar a ideia de sermos “sócios” para sermos irmãos. Com a Encíclica, segundo a professora, o Papa também revisitou a opção pelos pobres, os que mais sofreram as consequências da pandemia. “A Fratelli Tutti defende uma solidariedade nova e a fraternidade humana como um projeto tão adiado e urgente”.

6) A Igreja deve caminhar em parceria com a ciência, buscando se cercar das informações corretas, fundamentadas em pesquisas, pois discursos pseudocientíficos, que enganam por parecer bem fundamentados, estão manipulando opiniões.

Avaliar e agradecer pelo tempo que passou

Sobre o ano de 2020, a Assembleia do clero lembrou que as comunidades, alinhadas às diretrizes do documento Evangelização Missionária: um novo tempo, venceram dificuldades para fortalecer ainda mais o amparo aos pobres e os trabalhos de evangelização. Houve marcante expansão da presença da Igreja nos ambientes digitais, contribuindo para que os lares, cada vez mais, se tornem “igreja doméstica”. Ao mesmo tempo, foram criados novos Núcleos de Acolhida e Articulação da Solidariedade Paroquial (Naasp’s) que, de modo descentralizado, em diferentes lugares da Capital Mineira e da Região Metropolitana, dedicam cuidados aos mais pobres. Eram 26 Núcleos em 2019. Agora são 54.

O clero, entre outros pontos, ainda se recordou do fortalecimento dos setores social, político e ambiental do Vicariato Episcopal para Ação Social e Política da Arquidiocese de Belo Horizonte, da atuação da Arquidiocese de Belo Horizonte na defesa do meio ambiente e no amparo às famílias vítimas do rompimento da barragem com rejeitos de mineração da Vale, em Brumadinho.

Na perspectiva da ação pastoral, os bispos, sacerdotes e diáconos, entre outros aspectos, refletiram sobre as ações que buscaram reafirmar a centralidade da Palavra de Deus, especialmente as que promoveram o protagonismo dos leigos, a exemplo da formação para Ministros da Palavra, os momentos catequéticos presenciais e também aqueles transmitidos pela Rede Catedral de Comunicação Católica. A indicação da Assembleia é  investir cada vez mais nos momentos de celebração da Palavra, a partir do trabalho de diáconos permanentes e evangelizadores leigos.

Durante o encontro, houve partilha sobre o trabalho da Pastoral Presbiteral, na sua missão de zelar pelos sacerdotes, ajudando-os no exercício da missão. Mereceu destaque, em 2020, a Semana da Saúde, que teve boa repercussão no clero.

Perspectivas para 2021

Importantes indicações para o ano do centenário da Arquidiocese de Belo Horizonte foram feitas durante a Assembleia. Há um entendimento de que é preciso investir ainda mais na capacitação de agentes de pastoral para se dedicarem à ação missionária nas vilas e favelas, edifícios, condomínios, povoados rurais. Do mesmo modo, cada vez mais se dedicar à evangelização das juventudes. Um caminho que exige investimento contínuo nas redes sociais, reconhecidas como lugares de evangelização.

No horizonte do ano do centenário, bispos, padres e diáconos compreendem que é o momento de promover ampla articulação das Regiões Episcopais para que surjam novas iniciativas à luz do Projeto de Evangelização Proclamar a Palavra. Um caminho que pede ainda mais integração dos vigários forâneos.

Há um entendimento manifesto na Assembleia de que a Igreja precisa buscar caminhos para evangelizar no atual contexto cultural globalizado e de pandemia, criando espaços para a regeneração da fé, possibilitando que as pessoas levem os valores do evangelho ao próprio cotidiano. A Assembleia Geral do Clero, na sua conclusão, indicou que o tempo atual é de buscas, e não de sínteses. Exige mais criatividade e  menos repetição. Reafirmou que a Arquidiocese de Belo Horizonte deve ser cada vez mais uma igreja em saída, buscando ajudar outras igrejas particulares, sobretudo as que enfrentam mais dificuldade neste tempo pandêmico.

 



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