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[Artigo]Cristãos construtores do desenvolvimento humano integral – Neuza Silveira (Catequista)

Reconhecer o outro, construir pontes, estreitar laços

Aqui estamos nós, diante de um mundo plural, situado numa realidade de indiferença, violência e exclusão, uma cultura moderna que distancia as pessoas dos valores ético e espirituais. Os grandes desafios como os ambientais, sociais e religiosos suscitam a busca de soluções concretas para a construção de uma sociedade mais harmônica e sustentável baseada no respeito aos direitos humanos, bem como ao ser humano na sua concretude e integralidade.

O Papa Francisco, na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium (a alegria do Evangelho) denuncia essa forma de cultura (EG 53), um sistema injusto que marginaliza grande quantidade de pessoas. Mas, por outro lado, há também os sinais dos tempos que possibilita a formação de uma nova cultura em muitos homens e mulheres, crentes ou não, que se empenham em construir uma cultura que permita uma maior realização humana. Uma cultura que respeite e ajuda a desenvolver a pluridimensionalidade da pessoa humana, sua autonomia e abertura ao outro e a Deus.

O que é o ser humano diante dessa realidade?

Todo ser humano possui sua individualidade que está ligada ao fim que quer atingir. Afinal todos somos seres de desejo e nos colocamos na busca pela conquista da felicidade e vida boa, mas alertados para o “respeito” e o “enxergar” o outro como uma pessoa que possui seus próprios objetivos. Esse alerta provém pela necessidade do uso da alteridade que se caracteriza pela relação de uma pessoa com outra ou entre um grupo de pessoas, onde se torna exigente o aceitar as diferenças ali existentes, ou seja, compreender as diferenças e aprender com elas através do respeito ao outro, ao individuo como ser humano psicossocial. Na relação, o objetivo maior é assinalado pela boa vontade, pelo desejo de atender da melhor maneira possível. Demonstrar empenho, interesse e atenção. Dessa maneira, atentar-se para o fato de que a pessoa não pode ser considerada objeto utilizado para atingir uma satisfação particular.

Viver a alteridade, parte do pressuposto de quer todo ser humano social interage e interdepende do outro. É um processo de convivência onde acontece a interação e socialização humana entre o “eu” e o “outro”. Essa interação entre o “eu”, interior e particular a cada um, e o “outro”, o que ou “quem” se encontra para além de mim, é o que chamamos de alteridade.

Viver a alteridade é viver o amor. Viver a exemplo das primeiras comunidades que aprenderam com Jesus a amar o irmão. Deles provinham a coragem e a força que vem do Batismo, o Espírito Santo, que dá pulsão aos cristãos. Assim somos chamados a caminhar com a grande responsabilidade que existe em nós, batizado: anunciar Jesus Cristo, fazer o bem dando testemunho do amor de Deus, trilhar o caminho da humildade que eleva para Deus. Um caminho que faz com que a caridade de Deus venha a essa estrada que é a única que ele escolheu.

Fazendo memória de uma das homilias do Papa Francisco, ele diz que o cristão que quer anunciar o Evangelho deve dialogar com todos, sabendo que ninguém possui a verdade, porque a verdade é recebida do encontro com Jesus. Cita como Exemplo o apóstolo Paulo que teve uma atitude corajosa para fazer o seu anúncio: ele se aproxima de coração aberto de quem o escuta, busca o diálogo, procura fazer-se entender, ser aceito, recebido e não rejeitado, mas também sabe que deve fazer todo o possível para o anúncio, mas o anúncio da verdade depende do Espírito Santo, a verdade é um encontro.

Paulo nos ensina a evangelizar por esse caminho da verdade, pois assim o fez Jesus: saiu do seu lugar e foi para o encontro com o outro nas periferias da vida. É um sair, construir pontes e ir em frente. Levar sempre a alegria que produz felicidade, esta que é dom de Deus. Ela nos enche a partir de dentro. É como uma unção do Espírito; Ele nos enche de felicidade para leva-la a peregrinar conosco no caminho da evangelização.

Junto a esse peregrinar levamos a nossa espiritualidade que diz respeito à vivência cristã no interior da comunidade eclesial. Faz referência ao seguimento de Jesus, na fidelidade do Evangelho, e o desejo de realizar a vontade de Deus. A proposta de um relacionamento pessoal com Deus, que se realiza em Cristo Jesus, através da Palavra de Deus e do serviço ao próximo.

Anunciar o Evangelho, primeiramente pelo testemunho de vida, é projeto da missionariedade dos cristãos.

Neuza Silveira de Souza

Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano
Bíblico-Catequético de Belo Horizonte.



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