A catequese se coloca a serviço da educação da fé. Ela é todo um processo de educação da fé. Um processo que engloba: o contato com a comunidade, a participação nas celebrações e nas atividades da paróquia, a conversa sobre a vida de cada um, do bairro e do país, o confronto da Bíblia com a vida, o acolhimento mútuo entre catequistas e catequizandos, a leitura crítica da realidade e do momento histórico em que estamos vivendo, a criação de laços com as pessoas que desempenham diferentes funções na comunidade, a educação para a efetiva prestação de serviço aos necessitados, a busca de um espírito ecumênico que favoreça o relacionamento dos católicos com outros cristãos, a reflexão que leve à superação de preconceitos, e muitas outras coisas que a vida – sempre imprevisível – nos convida a viver.
Adultos que caminham na fé
As Diretrizes do Processo catequético na Arquidiocese de Belo Horizonte coloca a família como a primeira responsável pela educação da fé de seus filhos, uma vez que a catequese tem início com a criança ainda no ventre materno. É através da experiência mística dos pais que os filhos vão experimentar o amor de Deus. Os filhos, ao nascer irão ser batizados. Então eles irão necessitar da experiência mística dos pais e padrinhos para ajudá-los no crescimento da fé.
Em toda comunidade sabe-se que existem pessoas nos mais variados graus de formação da fé. Têm-se adultos que convivem na comunidade, vivem a sua fé, mas não passaram pelo processo formativo para compreender o sentido da fé; Temos pessoas adultas que ainda não foram batizadas; outras, se batizadas, ainda não receberam os sacramentos da eucaristia e confirmação. Outras, ainda que não foram crismadas. A Igreja está aberta para acolher estas pessoas em um processo de catequese que as ajude a completarem a sua iniciação cristã.
A atenção dos catequistas de hoje devem estar voltada para uma formação de caráter permanente e continuada, como orientadores ou educadores. Oferecer conteúdos articulados por uma mística do seguimento de Jesus. O momento é de buscar novos caminhos, novos percursos para bem formar aqueles que desejam aprofundar o conhecimento da fé.
Na caminhada de fé todos são responsáveis pelo processo de transmissão da tradição de nossa fé: “a Palavra está perto de ti, em tua boca, em teu coração. Essa Palavra é a Palavra de fé que nós catequistas pregamos” (Rm 8,10). Anunciamos Jesus Cristo e não a nós mesmos: “De fato, não é a nós mesmos que pregamos, mas a Jesus Cristo, o Senhor”. “Quanto a nós, apresentamo-nos como servo vossos, por causa de Jesus”, diz Paulo Apóstolo em sua carta 2Cor 4,5.
Falando da nossa Arquidiocese, grande parte das famílias que constitui a grande comunidade oferece um ambiente favorável para a educação dos seus filhos. Muitas, porém, encontram problemas que dificultam a formação religiosa. As Diretrizes de catequese citam algumas: (Diretrizes n. 25).
a) Falta de interesse dos pais ou responsáveis pela formação religiosa; eles mesmos, muitas vezes, não praticam sua religião e nem têm uma formação razoável;
b) A frágil estrutura da família, dentro de uma sociedade marcada pelo egoísmo, individualismo, consumismo e competição;
c) O tempo de trabalho fora de casa que impede os pais ou responsáveis de se dedicarem, como gostariam aos seus filhos;
d) As atividades de lazer, nos finais de semana, que muitas vezes impedem a participação na comunidade;
e) Problemas graves como desemprego, falta de moradia e violência, que atingem dramaticamente muitas famílias;
f) O apelo insistente dos meios de comunicação, aliado à falta de diálogo familiar, que introjeta, sutilmente, contra valores danosos nos corações e nas mentes ainda em formação.
Observando essa realidade, sentimo-nos impulsionados a responder ao apelo do Senhor Jesus quando nos convida a irmos a todas as nações e fazer discípulos para ele, como também ouvimos os apelos da nossa Igreja e disponibilizamo-nos para trilharmos novos caminhos de fé, oferecendo a todos os nossos interlocutores uma catequese iniciática, profética e mistagógica, pois o fruto da evangelização é o fazer discípulos. São Paulo, na carta aos Romanos já advertia os cristãos sobre a tarefa da evangelização: “Ora, como evocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele que não ouviram? E como ouvirão, se ninguém o proclamar? E como proclamarão se não houver enviados? Assim, está escrito: Quão bem-vindos os pés dos que anunciam a boa nova!” (Rm 10,14-15).
Para refletir: Na sua comunidade, quem são os interlocutores que precisam abrir-se para a mensagem do Senhor Jesus?
Neuza Silveira de Souza. Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte.