Com o novo ano que se inicia vêm novas perspectivas, novas esperanças e novas indagações. A igreja do Papa Francisco nos chama a sermos peregrinos com o anúncio da Boa Nova, proclamando’ a mensagem de Jesus a todas as criaturas.
Como falar de Jesus, ou sobre Jesus Cristo com propriedade e de forma que responda às perguntas mais sérias que as pessoas fazem ou elaboram em sua intimidade? A seriedade das nossas respostas exige de nós que levemos a sério o que Deus quis dizer a nós no homem Jesus de Nazaré.
No Novo Testamento descobrimos que Jesus nos apresenta uma nova imagem de Deus, nos faz uma revelação sobre quem é Deus e como é Deus. Ele é o revelador de Deus. Ensinou ao povo de seu tempo um novo jeito de relacionar-se com Deus. Com seu jeito de ser, Jesus tocou fundo e modificou as ideias religiosas de se povo e de seu tempo. Jesus ajudou o seu povo a mudar o conceito daquele Deus violento que muitas vezes aparece nos livros da Bíblia anteriores a Ele, e continua a nos ensinar, através dos Evangelhos, fruto das experiências daqueles que conviveram com ele.
Nesse sentido, sabemos que a recordação que fazemos de Jesus e a fé que nele depositamos, quando entendida corretamente e vivida de verdade, não pode produzir efeito maior que a aproximação e a união das pessoas, dos grupos humanos e dos povos.
Quando prestamos atenção à verdadeira memória de Jesus que encontramos nos Evangelhos, encontramos com um Jesus que, embora intransigente e intolerante com aqueles que queriam dominar e submeter os outros, ou seja, com os fariseus hipócritas e os escribas doutores da lei e autoritários, percebemos que com os demais , Jesus nunca foi excludente. Jesus não excluiu pagãos, nem romanos, nem samaritanos. Não excluiu os pecadores com os quais comia e convivia. Não excluiu as mulheres, fosse qual fosse sua conduta ou seu relacionamento social. Nem sequer excluiu Judas de seu grupo.
Assim, ao olharmos para os Evangelhos e procurar conhecer o Jesus que caminhou com seu povo, lá podemos encontrar soluções e o sentido para a vida. Lá devemos procurar a resposta para a pergunta: Quem é Jesus e para que ele veio ao mundo. Qual é a relação entre Jesus e Deus? Segundo os Evangelhos, a relação entre Jesus com Deus foi muito próxima, muito íntima. E podemos nos perguntar: o que nos diz a respeito de Jesus esta sua relação com Deus. Jesus veio nos fazer uma revelação de quem é Deus e, ao nos ensinar a falar de Deus e ao nos apresentar Deus, o que ele está fazendo é nos ensinando como o ser humano pode alcançar sua plena humanidade.Assim ele nos ensina que o modo de nos aproximarmos de Deus não é divinizando-nos, mas, sim, humanizando-nos.
Hoje, a Igreja de Francisco nos chama a sermos mais humanos, a cuidar dos humanos, a nos aproximarmos mais daqueles que, vivendo de forma desumana, excluídos de todo o sistema de vida humana oferecida por Deus.
No aqui e agora das nossas relações, a nossa Igreja de Belo Horizonte nos chama, através das propostas da 5ª APD, a nos colocarmos a serviço da evangelização, ajudando a nós, povo de Deus, a melhor descobrir ou redescobrir quem é Jesus para que, a exemplo dele, possamos melhorar nossas relações com Deus.
Através do projeto de Evangelização “Proclamar a Palavra” somos chamados ao compromisso de escutar e proclamar a Palavra, nos colocando ao serviço de discípulos missionários e discípulas missionárias.
Assim nos diz as Diretrizes da Ação Evangelizadora da Arquidiocese: “Deus mostrou seu rosto amoroso na história do mundo e por ele se comoveu, envolvendo-se com ele (cf.Ex 3,7). Mostrou-se, de maneira definitiva, em seu Filho Jesus, a Palavra que se irmanou a nós, em nossa carne, revelando-nos a vida de comunhão na qual todos e todas somos chamados a viver”. “[…] isso que vimos e ouvimos, nós vos anunciamos, para que estejais em comunhão conosco” (1Jo 1,3a).
Ao fazermos essa experiência de salvação, com esse Deus, deixemos-nos interpelar pela Palavra, assim como os discípulos de Emaús, e passemos a anunciá-la ao mundo, na busca por transformar a sociedade, profeticamente, como nos fala Amós em seu livro, capítulo 3, versículo 8.
Nós catequistas, ao elaborarmos nosso projeto de caminhada com a catequese, façamos o mesmo, considerando os compromissos que devemos assumir a partir das Diretrizes da nossa Arquidiocese: Rede de Comunidades, Opção Preferencial pelos Pobres, Igreja de Acolhida, Compromisso de Fé, Política e Cidadania, importância da Família na caminhada de fé; valorização do Protagonismo dos Leigos e Leigas promovendo a corresponsabilidade de todos os batizados e batizadas na missão da Igreja; Opção Preferencial pelas Juventudes, valorizar a Formação Integral e Permanente.
É fundamental olhar para a Catequese como o ecoar do Mistério e da educação da fé, nos colocando na escuta atenta da Palavra de Jesus e, por meio da Comunicação e Cultura, comunicar a fé, propagando a Boa-Notícia. E a Palavra iluminadora de Jesus é que nos conduzirá a na caminhada com esse Projeto de Evangelização.
Neuza Silveira de Souza
Coordenadora do Secretariado Bíblico-Catequético
da Arquidiocese de Belo Horizonte