A Igreja está vivendo um grande momento de dedicação ao processo de evangelização, e a catequese toma grande impulso. Principalmente a catequese com adultos, colocada em primazia desde o Sínodo de 1977, e enfatizada como prioridade no Documento Catequese Renovada (1983), considerando sua importante característica de se dirigir a pessoas que têm maiores responsabilidades e capacidade para viverem a mensagem cristã na sua forma plenamente desenvolvida (Catechesi Tradentae, isto é, catequese hoje, nº 43). Este documento já dizia: “A catequese visa o duplo objetivo de fazer amadurecer a fé inicial e educar o verdadeiro discípulo de Cristo, mediante um conhecimento mais aprofundado e sistemático da pessoa e da mensagem de Nosso Senhor Jesus Cristo” (CT, n. 19).
Hoje, o Diretório para Catequese, documento atual do Pontifício Conselho para a promoção da Nova Evangelização, em sintonia com os diretórios anteriores e com esse ensinamento da CT (Catechesi Tradentae), ele nos atualiza para a realidade atual, e nos faz perceber que o objetivo, ainda que desafiador, permanece o mesmo, principalmente no contexto cultural das últimas décadas.
A catequese continua, no seu processo permanente e evangelizador, na busca do crescimento da fé ainda inicial, no desejo de torná-la mais madura, mais desenvolvida na vida cristã dos fiéis de todas as idades e na realização plena de todas as dimensões da pessoa humana. Chama atenção para uma catequese querigmática, que busca fazer crescer a semente de fé lançada pelo Espírito Santo, com o primeiro anúncio do Evangelho. É a catequese que vem das origens e mantém viva a Palavra de Deus no percurso da caminhada, nos atualiza nas experiências das primeiras comunidades que receberam dos Apóstolos o primeiro anúncio e adquiriram suas pertenças na vida da comunidade pelo Batismo.
Todos os discípulos missionários recebem a missão de estar a serviço da vida plena. A comunidade é o espaço privilegiado para iniciar o cristão a esta missão. O compromisso que brota da leitura da Palavra de Deus nos impele a nos posicionarmos contra uma cultura de morte e de violência.
O desafio de catequizar – Fazer ecoar a Palavra de Deus
A catequese procura se concentrar naquilo que é comum para os cristãos exercendo as tarefas de iniciação, instrução e educação, respeitando o ritmo de crescimento de cada um e as etapas de amadurecimento da fé. Hoje se fala muito na catequese que inicia no ventre materno e vai iluminando a vida das pessoas até a vida adulta, na velhice.
Trata-se de um grande desafio que vivenciamos na Igreja, comunidade de fé, vida e testemunho que é convidada a continuar no seu papel de discípula missionária de Cristo. E, para bem exercê-lo, ela precisa de se inserir em uma boa formação catequética que lhe permita crescer e amadurecer na fé, superando a visão de que a catequese é somente para crianças.
O Diretório para a Catequese atualiza a fala do Diretório Nacional sobre a Catequese com adultos. Ela continua como uma prioridade. Coloca a Bíblia como fonte principal e o conteúdo da mensagem catequética a pessoa de “Jesus Cristo”.
Nesse sentido, a Igreja percebe a necessidade de exaltar a importância da Palavra de Deus na vida da comunidade. Trata-se de uma de suas preocupações que é a de apresentar uma maneira de levar o povo a melhor ouvir o que Deus quer comunicar. Nós nos constituímos Igreja pelo acolhimento do anúncio da Palavra, pela escuta. Mas uma escuta que leve à ação. A escuta deixa marcas, enriquece a vivência espiritual, amadurece o conhecimento dos desafios.
A apresentação da mensagem evangélica ao povo é para a Igreja um dever, pois ela representa a beleza da revelação, comporta uma sabedoria que não é deste mundo e é capaz, por si só de suscitar a fé, ou seja, fazer brotar e ou crescer uma fé madura que sustenta a vida em Deus. Ela é capaz de levar a uma experiência concreta, vivida com verdadeira participação, refletida, reinterpretada de tal forma que provoque transformações, que impulsione para uma mudança de vida com novos conteúdos e favoreça um sentido de vida existencial.
Saborear, interiorizar, rezar
Como membros da Igreja, o chamado inicial já se deu no nosso Batismo. Ao entrarmos na comunidade da Igreja, assumimos também um compromisso, uma responsabilidade. O chamado se fortificou na Crisma. Mas, mesmo assim, o chamado vai tomar forma diferenciada e específica pelas situações da vida e pelo chamado de Deus para tarefas diferentes, e cada qual na sua capacidade de se colocar a serviço.
O chamado de Deus vem, geralmente, através de uma mediação. Não ouvimos a voz de Deus diretamente, nem O vemos. Deus se comunica conosco através de “sinais” ou mediações. Pode ser uma pessoa, uma leitura, o contato com a miséria humana, qualquer acontecimento que faz um forte apelo a nós e que nos leva a um engajamento, a uma ação, a um compromisso. O chamado não acontece uma só vez. Ao longo da vida, podem surgir diversos chamados conforme os apelos, os sinais, de Deus. Precisamos estar sempre atentos para colher esse chamado de Deus e responder.
Vamos refletir: Deus já me fez um chamado especial? Como percebi este chamado? Tive medo? Quis fugir? O chamado se repetiu mais vezes, em outras circunstâncias?
Vamos ler e refletir sobre Mt 28,19-22 (Tempo para ficar em silêncio)
Parece pesado responder ao chamado de Jesus, tão exigente e radical. Mas, quando sentimos, de fato, o amor que Jesus tem por nós, tudo muda. O amor torna leve a opção. O amor dá novo brilho à vocação, torna ágeis os passos, torna atraente a ação. O aspecto comunitário é muito importante na missão. Jesus mandou seus discípulos dois a dois.
Que podemos falar, neste momento, com o Mestre que nos chama?
Neuza Silveira de Souza
Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano
Bíblico-Catequético de Belo Horizonte