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[Artigo] Quaresma: Tempo de conversão da Igreja – Neuza Silveira

Tempo oportuno para viver intensamente a proposta do Reino de Deus

         O tempo da Quaresma carrega consigo a beleza simbólica de várias experiências do povo no caminhar da história. Um tempo de expectativa, de revisão de vida e de fortalecimento da consciência de que Deus é fiel às suas promessas. Ele nos convida para fazer adesão ao Evangelho do Senhor Jesus, o Crucificado-Ressuscitado, seguindo seus passos.

Neste tempo propício de jejum, conversão e caridade, somos chamados a estar atentos ao que Deus nos fala, pois é no caminho da conversão (pessoal, comunitária e social) que Cristo vai apresentando os sinais do seu amor e abrindo nossa consciência para o que contradiz a harmonia do que foi criado. Também é tempo de aprofundar a vocação que dele recebemos para fazer um bom discernimento que nos leve a um agir ético e solidário.

Imprescindível a cada Quaresma é a consciência da necessidade de conversão da Igreja. Podemos voltar sempre ao convite inicial da Quarta-Feira de Cinzas, pelo qual o profeta Joel chama o povo para se arrepender (Jl 2, 12-18). Não somente alguém deve-se converter, mas o povo de Deus. Esse povo, a Igreja, é o lugar da conversão individual.

A Campanha da Fraternidade (CF) deste ano nos ajuda a mergulhar ainda mais em nós mesmos e, assim, a melhor compreender as implicações de nossos pecados pessoais, comunitários, eclesiais e sociais, que podem caminhar em direção contrária ao reino de amor.

A Igreja carente de conversão é cada fiel. E cada fiel é a Igreja, pedra viva do edifício espiritual (1Pd 2, 4-5), corpo de Cristo (1Cor 12). Ligados a Jesus Cristo, cada pessoa forma a Igreja. Cada um ocupa seu lugar no crescimento espiritual da grande família de Deus. Todos os batizados são membros da Igreja em Jesus Cristo. Todos vivem da mesma dignidade de pertencer ao mistério do Cristo.

Filhos adotivos do mesmo Pai, em Jesus, somos lembrados pela CF de sermos os guardiões da criação.  Vamos lembrar do texto bíblico quando Deus disse: “Façamos um ser humano, à nossa imagem e semelhança. Que ele domine sobre os peixes do mar, às aves do céu, os animais domésticos, todos os animais na terra e tudo que rasteja pela terra”. E Deus criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o criou, homem e mulher os criou. Deus os abençoou e disse-lhes: “Sede fecundos e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a. Dominai sobre os peixes do mar, as aves do céu e todos os animais que rastejam sobre a terra”. Disse ainda: “Eu vos dou toda as ervas que dão sementes e todas as árvores que dão frutos: isso será vosso alimento. A tudo que rasteja sobre a terra e é animado de vida, eu dou como alimento toda a verdura das plantas” e assim se fez. Deus viu tudo o que tinha feito: e era muito bom. Concluído sua obra, Deus descansou no sétimo dia. Deus abençoou o sétimo dia e o abençoou. (Gn 1,26-2,3).

Essa narrativa da criação descreve a proximidade de Deus com o ser humano e a solidariedade do homem e da mulher. Como o primeiro homem e a primeira mulher, o Senhor olha para cada um de nós e nos confia a obra da criação para a cultivarmos e a guardamos. Assim, somos desafiados a cuidar da casa: da casa interior de cada um de nós (espiritualidade), da casa em que habitamos (família), da casa lugar onde trabalhamos (trabalho), da casa onde estudamos (escola), da casa onde oramos (Igreja), da casa em que nos relacionamos (cidade), etc. da nossa Casa Comum (O planeta Terra).

Nesse sentido, todos são chamados a assumir a obra do criador que foi colocada em nossas mãos e realizar a missão de cuidar, zelar e administrar todo o criado. Devemos exercer uma forma de relação que corresponda à nossa dignidade de pessoas à imagem de Deus, de Deus que é por excelência o único Senhor de tudo. Não se pode deixar que o pecado fragmente e corrompa a bondade e o destino para o qual todos foram criados.

O cuidado da Casa Comum é um compromisso participado por diferentes culturas, igrejas e religiões. Todos se encontram em conexão, em uma relação de interdependência, troca e cooperação. Por isso a Campanha da Fraternidade de 2025 nos fala de Fraternidade e Ecologia Integral, a qual se supõe um inter-relação entre o Criador e toda a criação, dentro da qual o ser humano deve-se destacar como o “protagonista”.

 

Neuza Silveira de Souza.

Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de belo Horizonte.

 

 

 



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