É do conhecimento da cidade (e do país), que em Belo Horizonte se edifica uma catedral que se alinhará entre as demais, de todo o mundo, como detentora da mais sublime plasticidade tanto quanto a teremos como a de arquitetura mais revolucionária, porque livre completamente dos românticos estereótipos das plantas eclesiais europeias, onde a igreja nasceu.
Conceitos assim antagônicos a celebrarão como inspirada e construída por uma orquestra de anjos, tal a afinação com que, dia a dia, mês a mês, esta legião produz ousadas rapsódias de concreto, de aço, de espaço e de alturas, configurando, em futuro próximo, mais um exemplar fulgurante da concepção triunfante do secular Niemeyer.
Em breve tempo as trombetas daqueles operários da fé irão anunciar a finalização de seu esforço diário e exaustivo de um palácio consagrado a Cristo Rei, sonho acalentado por gerações, e ali passarão a aglutinar-se multidões movidas pelo eterno querer do bem estar, da paz mundial e da salvação eterna.
Esta orquestra – do adágio ao alegro majestoso – e é necessário que este conjunto fervilhante de ações humanas exercidas no sol e na chuva componha um conjunto melodioso, possui um maestro. Quem dirige este grupo corajoso e disciplinado é o chefe da Mitra Arquidiocesana, o arcebispo metropolitano Dom Walmor Oliveira de Azevedo. A capital foi destinatária feliz da missão deste pastor, que multiplica sua ação de reconhecidos resultados em todos os setores de atividade social em que se empenha a diocese. A finalização daquela engenharia valente vai se revelar como um presente dos céus para o povo belorizontino.
Em sua edificação podemos observar os movimentos daquela orquestra ruidosa, que assenta aços e revolve concretos, do piso ao campanário, em estações que vão sinfonicamente se ajuntando, ensejando que outras etapas avancem, buscando a completude do projeto. Como uma composição clássica, seu ritmo incessante e sincronizado mostra novos perfis que anunciam os contornos instigantes da obra. Podemos até medi-los, como fez Chopin nas partituras de seu apaixonante e gigantesco piano. Naquela praça se vê a aplicação dos instrumentos que lhe conferem melodia e exaltam seu vigor estrutural. É o espetáculo de uma tarefa que se cumpre com competência e oportunidade, com trabalho e devoção, com amor e sacrifício de todos, até com riscos, tal a vanguarda exigiu de um projeto que desafia a gravidade, vencida pela tecnologia e o know-how dos brasileiros reunidos na tarefa.
Aguardemos a abertura daquela Porta Santa, quando, em apoteose, o recital soará suas últimas notas para conclamar o povo a participar dos serviços religiosos naquele chão requintado, em que pisarão os homens de boa vontade, os pobres, os ricos, os esperançosos, enfim, todos irmanados na promessa da vida eterna.
Será de júbilo para a capital e o país a vitória final deste empreendimento, e todos que puderam ajudar a construir este valioso patrimônio se inscreverão na memória das indulgências . Traduzirá a união do concreto e da fé sob as bênçãos de seu inspirador, Dom Antônio dos Santos Cabral.
José Maria Couto Moreira, Advogado