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[Artigo] Não se pode falar de Deus sem falar do homem – Neuza Silveira

Jesus está sempre em meio às multidões, falando e orientando os seus discípulos e todos aqueles que se colocavam a caminho e se disponham a ouvi-lo, seguir o que falava. Seus ensinamentos inspiravam a todos, e até hoje nos inspiram e nos colocam à frente do seu projeto exigindo-nos compromisso, pois Jesus quer seguidores comprometidos e que se coloquem no seu seguimento sem reservas.

Assim como Jesus realizava seus ensinamentos, deixando sua mensagem por onde andava, assim também nós somos chamados a construir nosso caminho, levando conosco a mensagem de Jesus Cristo que não se separa da vida. Busquemos a percepção da nossa realidade na perspectiva de Jesus e dos Apóstolos. Nesse sentido, pode-se assumir os desafios vindos da realidade contraditória e confrontá-la com o Evangelho.

A realidade em que vivemos se encontra permeada pelos atos de injustiça, desigualdades e desvalores. Olhando para essa realidade onde a injustiça não provém só do econômico, mas também do social, político e cultural, somos convocados à prática da solidariedade, da vida em comunhão e participação em favor de todos aqueles que clamam por justiça.

Desde os acontecimentos do Concílio Vaticano II que somos convidados a desenvolver novas linguagens e voltar às fontes buscando inspirações nas práticas e experiências das primeiras comunidades.

Podemos nos perguntar: Por que as primeiras catequeses promoviam o crescimento da comunidade que ressoa ainda hoje? Por que tantas pessoas assumiram com radicalidade a proposta cristã? Sabemos hoje que foi o testemunho daqueles que tinham Cristo como o centro da vida deles.

Como a catequese ajuda nossos catequizandos, hoje?

Temos os grandes temas programados na catequese, como o Reino, a Graça, a Justiça e a Reconciliação. Fala-se de muitas coisas, mas o essencial acaba saindo da centralidade que é Jesus Cristo! Desde os anos 1983, a partir do documento n. 26, da CNBB: Catequese Renovada: Orientações e Conteúdos, e demais outros documentos da Igreja, que aprendemos que a catequese é “Cristocêntrica”. Será que estamos cumprindo com desvelo este princípio da catequese? Colocar Cristo no centro não significa deixar de lado o Primeiro Testamento, nem deixar os temas de hoje sem reflexão, mas ler a história da Salvação narrada desde os primeiros livros da Bíblia à luz da plenitude salvífica encontrada em Cristo e trazer para nossa realidade, para que a luz de Cristo possa iluminar a vida de nossos catequizandos e ajudá-los a se encontrarem nesse mundo de conflitos, desafios, tristezas e alegrias.

Como cristãos batizados e impregnados do perfume de Cristo devemos transitar por esta realidade e descobrir qual é a mensagem que deve ser anunciada. O documento “catequese Renovada” que nos orienta para esse agir nos diz que para todos os homens a Igreja tem uma resposta: Cristo, o Redentor do Homem. Ele não se substitui ao homem, mas se oferece como caminho da plena realização humana e da vida eterna. Nele temos a salvação, obra de Deus que requer a ação do homem.

A obra de Deus depende do homem para sua realização. Quem adere ao projeto de Deus, decide-se a favor de caminhar com Jesus, anuncia a sua mensagem fazendo-se discípulo dele, e dessa forma, contribui para a concretização de sua obra.

Continuemos a aprofundar nossos conhecimentos sobre a vida de Jesus, esse mistério infundável que alimenta nossa vida. Vamos em busca de cada um dos Evangelhos e procuremos nos identificar com as características de um bom discípulo, apreendendo os ensinamentos de Jesus e nos constituindo autênticos anunciadores da mensagem de Jesus, colocando-se como colaboradores na obra da criação e manifestação do Reino anunciado por Jesus.

Neuza Silveira de Souza. Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte



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