Setembro foi o mês escolhido pelos Bispos do Brasil para celebrar o “Mês da Bíblia” em razão da festa de São Jerônimo, celebrada no dia 30 de setembro.
São Jerônimo viveu no século II e foi ele o responsável para revisar a tradução latina da Sagrada Escritura, conhecida na sua versão latina com o nome de Vulgata, que significa “popular” e o seu trabalho é referência nas traduções da Bíblia até os nossos dias.
Ao celebrar o Mês da Bíblia, a Igreja nos convida a conhecer mais a fundo a Palavra de Deus, a amá-la cada vez mais e a fazer dela, a cada dia, uma leitura meditada e rezada. A catequese, nas suas diversas formas e fases, se apresenta como instrumento para nos ajudar a descobrir a centralidade da Palavra de Deus, pois ela está sempre a acompanhar o povo de Deus.
Neste mês, além de meditar a Palavra de Deus, aprofundar o conhecimento sobre ela, o Papa Francisco nos convida a assumir, junto com ele, o compromisso de celebrar o “Tempo da Criação”, tempo este que vai do dia 01º de setembro – dia mundial de oração pela criação – ao dia 04 de outubro – dia de São Francisco de Assis, patrono da Ecologia.
Desde 1989, os ortodoxos, para os quais o ano litúrgico inicia-se em 1º de setembro, com a comemoração de como Deus criou o mundo, celebram o Tempo da Criação e, em 2015, o Papa Francisco acolheu também esse compromisso. Cada ano, há um tema escolhido pelo comitê ecumênico. Jubileu pela Terra: Novos Ritmos, Nova Esperança é a temática de 2020.
Nesse sentido, animados pelo Conselho Mundial de Igrejas, renovamos nossa relação com o Criador e com toda a criação, através de celebrações, da busca de um estilo de vida mais simples e do compromisso coletivo com ações concretas, diz o Papa Francisco.
E nós catequistas, se queremos ser discípulos missionários de Jesus Cristo, colocar-se no seu seguimento e na prática da justiça, é a nós indispensável o conhecimento profundo e vivencial da Palavra de Deus, ela que é o fundamento de toda a nossa vida cristã.
A Bíblia contém tudo aquilo que Deus quis nos comunicar em relação à nossa salvação. Jesus é o centro e o coração da Sagrada Escritura. Em Jesus se cumprem todas as promessas feitas no Antigo Testamento para o povo de Deus
A Bíblia nas mãos do povo significa que todos nós temos nas mãos aquilo que, segundo a própria Dei Verbum nos diz: a fonte primeira da Revelação. Os bispos do Brasil têm se empenhado para que a Igreja seja casa da iniciação à vida cristã e lugar da animação bíblica da pastoral. Uma casa que seja sustentada pelos quatro pilares: a Palavra, o Pão, a Caridade e a Ação Missionária. E nós catequistas, fazemos parte dessa casa, se colocando na escuta da Palavra, se alimentando do pão ofertado, Jesus, e se disponibilizando para a missão do anúncio do Evangelho.
Por tudo isso, para dar sentido à vida, e para criar uma cultura da leitura da Bíblia, vamos estuda-la e neste mês, celebrando o Tempo da Criação, vamos então apreciar, cuidar e celebrar as belezas que Deus nos oferece – a criação. A criação dos rios, mares, peixes, florestas, animais, aves, astros, a terra e o céu, arrematando a criação com a beleza do Ser humano.
Depois de todas as coisas criadas, Deus criou o Ser humano. Homem e mulher, Deus os criou.
A glória de Deus é o homem vivo, ou seja, a pessoa em sua plenitude. Deus se interessa por tudo, no homem e na mulher: corpo e alma, cultura e alimento, trabalho e religião. Deus deseja a nossa existência e nossa felicidade, por isso Deus criou homens e mulheres humanos. Homem e mulher responsável pelos seus atos, recebendo do criador algumas tarefas a cumprir.
À humanidade criada foi dado o Reino – Um reino que nos foi apresentado por Jesus. Um Reino que é para todos, especialmente para os pobres, os famintos, os sem casas, os tristes e oprimidos. É uma nova ordem de Justiça, de liberdade, de amor, perdão e paz. Um Reino que, segundo o Papa Francisco, é preciso coragem para fazer crescê-lo.
Segundo Jesus, a plenitude do Reino ainda está por vir. “O dia e a hora, ninguém sabe, nem os anjos no céu, nem o Filho, somente o Pai” (Mc 13,32). Porém o Reino já chegou, já está acontecendo. Onde se faz a vontade do Pai, onde se pratica a justiça, onde se vive os valores do Evangelho, lá está o Reino acontecendo.
A Palavra de Deus vai nos ajudar a fazer a vontade do Pai. Ela será nossa base para a oração. O Espírito Santo será nosso guia. Conhecer a Bíblia implica coloca-la na vida. Lê-la significa que estabelecemos um diálogo com Deus.
Quando criado por Deus, o ser humano recebeu inteligência. Tornou-se um ser pensante. Um ser de memória. E o catequista, em virtude da fé e da unção batismal, na colaboração com o magistério de Cristo e como servo da ação do Espírito, ele se torna testemunho e guardião da memória de Deus. Memória essa que será sempre anunciada e proclamada. Uma memória que se encontra nas páginas da Bíblia.
Neuza Silveira de Souza
Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte