Terceira e Quarta etapas do catecumenato
Continuando nossa reflexão sobre a Catequese Catecumenal, vimos que o catecumenato é dedicado à Catequese por um período mais longo, que será determinado pelas Dioceses, mas que tem como objetivo ajudar os adultos no aprofundamento da vivência e experiência de fé (formação) e aos ritos (celebração) terminando no dia da eleição.
Um segundo meio do catecumenato é a própria prática da vida cristã. Familiarizados com esta prática, ajudados pelo exemplo e as contribuições dos introdutores e dos padrinhos e mesmo de toda a comunidade dos fiéis, torna-se mais fácil dar testemunho da fé, seguir na vida as inspirações de Deus e praticar a caridade para com o próximo.
Um terceiro meio de formação na fé privilegiado pelo catecumenato é a própria participação litúrgica dos catecúmenos
Sobre esses três meios e formas formativas que acontecem no caminho do processo catecumenal, vamos conversar sobre eles logo após a apresentação de suas etapas. A formação nesse tempo leva os catecúmenos à iniciação “no mistério da salvação, na prática dos costumes evangélicos” e introdução “na vida de fé, da liturgia e da caridade.
Após essa longa etapa necessária para a prática e vivência da fé, chega-se à terceira e quarta fase da formação catecumenal, que acontecem já nas proximidades da preparação para os sacramentos da Iniciação Cristã.
Terceira etapa – Purificação e Iluminação
O tempo da Iluminação e Purificação refere-se ao último mês antes da celebração dos sacramentos e possui seus ritos próprios. Um tempo breve, que normalmente coincide com a preparação quaresmal. Um tempo de preparação espiritual, tendo como enfoque a vida interior. A “purificação” realiza-se pelo exame de consciência e pela penitência; a “iluminação” por um conhecimento mais profundo de Cristo. A quaresma tem primazia sobre outros tempos litúrgicos por ser preparatória para a celebração do mistério pascal. De fato, na liturgia e na catequese, pela comemoração ou preparação do Batismo e pela penitência, a quaresma renova a comunidade dos fiéis juntamente com os catecúmenos e os dispõe para a celebração do mistério pascal, ao qual os sacramentos de iniciação associam cada um.
Nessa etapa a Igreja procede à “eleição” ou seleção e admite os catecúmenos que se acham em condições de participar dos sacramentos da iniciação nas próximas celebrações. Denomina-se “eleição” porque a Igreja admite o catecúmeno baseada na eleição de Deus, em cujo nome ela age. Chama-se também “inscrição dos nomes” porque os candidatos, em penhor de sua fidelidade, inscrevem seus nomes no registro dos eleitos.
A eleição, como os demais ritos catecumenais, não é mera formalidade. Para garantir a autenticidade do ato, antes do rito litúrgico, as partes interessadas deliberam acerca da idoneidade do candidato, isto é, os que dirigem o catecumenato: presbítero, diáconos e catequistas, assim como os padrinhos e os delegados da comunidade local.
Antes de celebrar a “eleição”, requer-se da parte dos catecúmenos conversão de mentalidade e costumes, suficiente conhecimento da doutrina cristã, senso da fé e da caridade. Posteriormente, na própria celebração do rito haverá a declaração de seu desejo e a decisão do Bispo ou de seu representante, diante da comunidade. Vê-se assim que a eleição, feita com tanta solenidade, é o ponto capital de todo o catecumenato.
A partir do dia de sua “eleição” e admissão, os candidatos são chamados “eleitos”. Chamam-se ainda “iluminados” porque o batismo é denominado “iluminação” e através dele os neófitos são inundados pela luz da fé.
Nesse tempo, a intensa preparação espiritual, mais relacionada à vida interior que à catequese, procura purificar os corações e espíritos pelo exame de consciência e a penitência e iluminá-los por um conhecimento mais profundo de Cristo. Serve-se, nesse tempo, de vários ritos, sobretudo dos escrutínios e das entregas.
Os “escrutínios”, celebrados aos terceiro, quarto e quinto domingo da quaresma, têm em vista o duplo fim acima mencionado, a saber: descobrir o que houver de imperfeito, fraco e mal no coração dos eleitos, para curá-los; e o que houver de bom, forte, santo, para consolidá-lo. A palavra “escrutínio” tem sentido espiritual de “discernimento”. Portanto, eles estão orientados para libertarem do pecado e confirmarem o Cristo, que é o caminho, a verdade e a vida dos eleitos.
As “entregas”, pelas quais a Igreja confia aos eleitos os antiquíssimos documentos da fé e da oração, isto é, o Credo (Símbolo apostólico) e a Oração do Senhor, visam a sua iluminação. No símbolo, que recorda as maravilhas realizadas por Deus para a salvação dos homens, o olhar dos catecúmenos se enche de fé e alegria. Na Oração do Senhor, percebem melhor o novo espírito de filhos pelo qual, sobretudo na reunião eucarística, darão a Deus o nome de Pai.
Como pode perceber, a celebração da eleição é de grande importância no itinerário da Iniciação Cristã. Os catecúmenos são “eleitos” para serem iniciados nos sagrados mistérios. São declarados escolhidos por Deus para, em breve, serem batizados, crismados e participarem da comunhão eucarística.
Quarta etapa – Celebração dos sacramentos: Batismo, Crisma e Eucaristia
O catecumenato deve ser organizado de tal forma que os sacramentos sejam celebrados na Vigília Pascal. A unção do Crisma depois do Batismo significa o sacerdócio real dos batizados e sua integração na comunidade, no povo de Deus. A veste branca é o símbolo de sua nova dignidade. A vela acesa mostra sua vocação de viver como convém aos filhos da luz.
Conforme antiquíssimo uso da Liturgia Romana, o adulto não é batizado sem receber a Confirmação imediatamente depois do Batismo, salvo se graves razões o impedirem. Esta conexão exprime a unidade do mistério pascal, a relação entre a missão do Filho e a efusão do Espírito Santo e o nexo entre os sacramentos, pelos quais ambas as Pessoas Divinas vêm, com o Pai, aquele que foi batizado.
Celebra-se, por fim, a Eucaristia. Nesse dia os neófitos, de pleno direito dela, participam pela primeira vez consumando a sua iniciação. Elevados à dignidade do sacerdócio real, tomam parte ativa na oração dos fiéis e, na medida do possível, no rito de apresentação das oblatas (hóstias) ao altar. Com toda a comunidade tornam-se participantes da ação sacrifical e recitam a Oração do senhor. Comungam do Corpo que nos foi dado e do Sangue derramado por nós. Confirmam os dons recebidos e antegozam dos eternos. O Ritual lembra ainda que a celebração dos sacramentos de iniciação tenha sempre “caráter pascal”, mesmo quando realizada fora da vigília pascal. Nela deve transparecer a alegria da Ressurreição.
Assim, termina o tempo de formação do catecumenato. Após receberem os sacramentos já não são mais chamados catecúmenos, mas neófitos. Agora é tempo de saborearem o mistério. Viver a vida em Cristo.
Neuza Silveira de Souza
Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte.