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[Artigo] Jesus ensina a viver – Neuza Silveira, Secretariado Bíblico Catequético de Belo Horizonte

Somos catequistas chamadas a fazer a experiência do encontro pessoal com Jesus Cristo. Aprender com ele e a partir dele apresentar uma catequese querigmática e mistagógica. O Papa Francisco, em suas catequeses, está sempre a nos convidar a fazer a leitura bíblica e colocar na prática os ensinamentos de Jesus, que representam a escola do bem viver no amor de Deus.

Jesus nos ensina a viver contribuindo para a visibilidade do Reino de Deus, um reino já apresentado por Ele, mas que ainda se encontra escondido pela falta de nossas ações.

Como fazer acontecer o reinado de Deus, hoje?

O Reino de Deus carrega consigo um significado de mundo diferente, em muitos aspectos, do que vivemos hoje. Já nos dizia Isaias que, embora, em um momento de cólera, Deus tenha escondido seu rosto do seu povo (Is 54,8), logo Ele se compadeceu, levado por um amor eterno, semelhante ao amor de um pai por seus filhos (vejam Dt 4,37; 10,15; Jr 31,3; Sf 3,17); amor semelhante à paixão de um homem por uma mulher (vejam Os 2, 16-17.21-22; 3,1), ou seja, um amor verdadeiro expresso em sua gratuidade, fidelidade e poder criador.

Nas parábolas da misericórdia, Jesus fez tocar e ver a misericórdia. Movido de compaixão pelo “outro”, “irmão”, Ele chega, toca, conversa, cuida, cura, escuta. Fazendo essa experiência com Jesus, seus discípulos, cumprindo seu ordenamento, saem e vão fazer o mesmo. Essa experiência nós a encontramos no Evangelho de Lucas, chamado o “Evangelho da Misericórdia”, que narra a vida de Jesus escolhendo a misericórdia como fio condutor.

No Evangelho de Jesus segundo o evangelista Lucas, encontramos as oito parábolas que nos fazem experimentar o amor de Deus através dos seus ensinamentos. São elas: Lc 7, 41-43 que narra a parábola dos dois devedores; Lc 10,29-37 que nos apresenta o Bom Samaritano; as chamadas parábolas da Misericórdia que trazem as três narrativas: 15,1-37: a ovelha perdida, a moeda encontrada e o filho pródigo, também conhecido como o Pai misericordioso. Encontramos ainda, o tema da misericórdia, nas parábolas: o rico e o pobre Lázaro em Lc 16,19-31, o Juiz injusto e a viúva insistente em Lc 18, 2-14 e o fariseu e o publicano no Templo em Lc 18, 10-14.

Neste tempo difícil de pandemia que estamos vivendo, percebe-se a falta de esperança, pessoas se sentindo desinstaladas em seu próprio ambiente, sem compreender o caminho a seguir. Há muitos sofrimentos, violências, desemprego. Tempo difícil, mas não definitivo. É um tempo passageiro que, acreditando no amor e misericórdia de Deus, todos vencerão. Quando se abre o coração ao amor de Deus e se coloca na escuta de sua Palavra, assim como os discípulos de Jesus fizeram, tornamo-nos aptos a compreender que há uma fonte na qual podemos beber – Jesus Cristo. Assim somos chamados a enveredar em seu caminho e nele acolher a todos que encontrarmos, praticando a misericórdia, curando, ajudando o outro assim como Jesus fez. Vamos fazer florescer um tempo novo e viver o amor de Deus e a fraternidade humana.

Ao apresentar os ensinamentos der Jesus, Lucas nos ajuda a percorrer um grande caminho de interioridade. Trata-se de um caminho de misericórdia que todos podem trilhar, basta ter disposição interior, que amadurece quando nos mantemos unidos a Jesus. É um caminho oferecido e possibilitado a todos. Somos chamados a ser misericordiosos, como é misericordioso o Pai que está no céu.

Jesus, ao narrar suas parábolas, o faz a partir da vida. Trata-se da sua vida real, espelhando sua relação com Deus e com os seus irmãos pecadores. Por isso, podemos trazer essas parábolas para a nossa vida; deixar nossas vidas se espelharem nas parábolas de Jesus e, assim, fazer a experiência do encontro com Ele e com os irmãos.

Vamos deixar brotar do mais íntimo do nosso coração a “compaixão”. Deixar fluir , a partir do coração, pensamentos que, iluminados pela luz de Cristo, sejam impulsionados para o outro, o próximo, o necessitado, colocando em prática a alteridade, ou seja, acolhendo o outro na sua miséria.Vendo-nos no espelho da vida de Jesus Cristo, façamos transparecer o reinado de Deus.

O reino significa o mundo diferente em muitos aspectos do que vivemos hoje:

  • Um mundo em que os pobres, famintos, sem-terra, refugiados de guerra terão voz e vez ao invés de dor e sofrimento;
  • Um mundo concebido por uma nova ordem: justiça para todos, liberdade, cuidado com o planeta e muita paz para todos os seres que nele habitam, desenvolvimento sustentável;
  • Um mundo construído sobre valores tais como honestidade, verdade, justiça;
  • Um mundo onde se pratica a misericórdia de Deus.

Neuza Silveira de Souza
Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano
Bíblico-Catequético de Belo Horizonte.

 

 

 

 

 



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