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[Artigo] Eucaristia: a refeição dos cristãos – Neuza Silveira, Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de BH

Nesse tempo de corona vírus somos provocados a repensar muitas coisas e formas de experimentar a vida que continua no seu percurso. A vida não se detém no isolamento. E somos nós aqueles que devemos dar à vida mais possibilidades de vida, de encantamento, e alegria, pois ela depende de nós.

O que é o tempo? Cientificamente falando, o tempo é uma grandeza física presente não apenas no cotidiano como também em todas as áreas e cadeiras científicas.

Em nosso caminhar, nós sempre determinamos o tempo: é tempo de chover, tempo de amar, tempo de sorrir, tempo de natal, tempo de quaresma, tempo pascal. Agora se diz muito: é tempo de ficar em casa, é tempo de corona vírus. Mas em cada um desses tempos, tem um tempo comum a todos: o amor de Deus, e o amor aos seres humanos, o amor á natureza, aos animais, à vida. Esse tempo é permanente e nos ajuda a viver os demais tempos. Tempos que precisam ser alimentados física e espiritualmente: com amor, com solidariedade, com oração, com cuidados. Também a eucaristia é um alimento que nos fortalece na caminhada.   E nesse tempo de “ficar em casa” esta é uma das formas de pensar a eucaristia, pois ela tem como base uma ação humana: a refeição, um alimento de partilha que constitui uma comunidade viva e forte.

Vamos lembrar como a Eucaristia aconteceu em alguns momentos difíceis.

Quando Jesus foi até Jerusalém para celebrar a Páscoa, ele não poderia ir para o Templo, pois estava sendo perseguido. Então, ele pediu que procurassem uma casa para, junto com os amigos, celebrar, estar juntos, partilhar.

Quando, depois da morte de Jesus, os discípulos de Emaús, desanimados e com medo, foram embora. No caminho encontraram um amigo e foram conversando. Quando chegaram “em casa” preparam a mesa para a refeição. No momento da partilha do pão, reconheceram no amigo, o ressuscitado. Eles foram iluminados pela luz do Cristo ressuscitado e encorajados, retornaram para o Cenáculo, uma casa onde também estavam reunidos os amigos de Jesus.

Vamos conhecer um pouco mais sobre a Eucaristia como refeição rememorativa do que Jesus fez e deixou para nós.

A Eucaristia tem como base uma ação humana: a refeição. Cristo não escolheu apenas os símbolos do pão e do vinho, mas também o simbolismo da refeição. Ela inclui convívio, segue uma ordem e obedece a um ritual. A refeição memorial torna-se um meio de recordar periodicamente um acontecimento especial, um evento sagrado, uma intervenção divina em favor da humanidade.

A Eucaristia é uma refeição rememorativa. Ela é memorial da ceia. Memorial no sentido pleno, bíblico de memória: não apenas recordar mentalmente, mas tornar o passado presente como desafio para o futuro. Por esse memorial, Cristo se faz presente, mas não sem sua história, desafiando o cristão à mesma práxis libertadora. Por essa memória de Cristo a ceia eucarística se torna a refeição cotidiana, em continuidade com as refeições diárias de Jesus com os apóstolos, e, no entanto, ceia pascal, porque memorial do mistério pascal de Cristo. No centro dessa refeição festiva estão o pão e o vinho iluminados pela palavra de Jesus e pela ação de Deus.

Pela força das palavras, pão e vinho são o lugar onde se condensa a presença do ressuscitado na Igreja. O pão e o vinho tornam-se, pois, pela ação de Cristo na Igreja e através da Igreja, meio de expressão do Ressuscitado.

O conteúdo do memorial é a pessoa de Cristo (não apenas sua morte), mas visto a partir de sua morte em que culmina sua vida e que é confirmada pela Ressurreição.

A Eucaristia é também, como diz seu próprio nome, ação de graças e louvor;

Da ação eucarística vem também o Pão eucarístico que, conservado no sacrário, além de possibilitar a comunhão dos enfermos, como já se fazia na antiguidade, torna-se objeto de oração, meditação, adoração. Jesus quis ficar presente como alimento para que nos alimentemos dele.

A celebração da Eucaristia amplia os horizontes mesquinhos de vivência cristã, torna-nos corresponsáveis pela construção de um mundo mais sólido e faz-nos avançar para as águas mais profundas do amor a Deus e aos irmãos.

A finalidade primeira da Eucaristia é a nossa participação no mistério pascal através da participação no banquete eucarístico, banquete sacrifício, porque memória do sacrifício de Cristo na Cruz”. Mas que gera o compromisso de mantermos firmes na construção do Corpo eclesial de Cristo, que somos nós a Igreja comunidade. E nesse tempo do “ficar em casa” permanecemos Igreja doméstica a serviço, lembrando sempre do Pedido de Jesus e Maria.

Jesus disse na Última Ceia: Fazei isto em memória de mim”.

Maria disse na Bodas de Cana: Fazei tudo o que ele vos disser

 

Neuza Silveira de Souza

Secretariado Arquidiocesano
Bíblico-catequético de Belo Horizonte



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