Na Exortação Apostólica Evangelli Gaudium, o santo padre, o Papa Francisco inicia o texto enfatizando que “A Alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus”. Encontrar-se com Jesus provoca mudança interior profunda: o velho homem dá espaço ao novo, e a Palavra de Deus inspira um coração alegre e disposto a se colocar no caminho dos irmãos.
Jesus ensina um novo jeito de viver: em comunhão. Não há espaço para o egoísmo e o isolamento. Ele exorta a vida em comunidade, na amizade, no serviço, na partilha dos bens, na oração em comum, na alegria (cf. CNBB Doc 100, nº74).
Quando se fala em partilha refere-se não apenas aos bens tangíveis, mas também aos valores espirituais. Trata-se, inclusive, também, de uma releitura do entendimento sobre o Dízimo, que deixa de ser apenas uma Lei (transmitida pelo Primeiro Testamento) e passa a ser considerado uma manifestação autêntica da fé: “que cada um dê conforme tiver decidido em seu coração, sem pesar, nem constrangimento, pois ‘Deus ama a quem dá com alegria’” (2 Cor 9,7).
As primeiras comunidades cristãs colocavam tudo em comum, partilhavam os bens, as vitórias, os desafios, a fé, a oração; na alegria da Boa Nova, da Salvação, da doação máxima de Jesus. Hoje, cada cristão é convocado a dar continuidade à missão iniciada por Jesus. Ser dizimista, partilhar com alegria, é uma forma de dar sequência à Missão de Jesus, contribuindo com o processo de evangelização.
A opção dizimal nos confere a oportunidade e a possibilidade de dar vida à igreja, colocando-a em um estado pleno de missão: mantendo suas estruturas funcionando adequadamente, investindo na formação e catequese, acolhendo com caridade e socorro os necessitados, transmitindo o evangelho para todos os povos.
O dízimo carrega em si uma surpreendente expressão de alegria no contribuinte. Aqueles que se devotam a essa causa se sentem mais animados, confortados e motivados para viver a comunhão, pois se sentem parte do processo de evangelização. A opção pelo dízimo carrega a experiência do divino e por isso desperta um coração alegre, contemplativo, generoso e agradecido. Com certeza a alegria deve ser uma das maiores características da espiritualidade decimal, é inconcebível um dizimista triste, pois não é possível encontrar-se com Jesus e não se alegrar.
Partilhar com alegria é ser igreja, “significa ser povo de Deus, de acordo com o grande projeto de amor do Pai. Isso implica ser o fermento de Deus no meio da humanidade; quer dizer anunciar e levar a salvação de Deus a este nosso mundo, que muitas vezes se sente perdido, necessitado de ter respostas que encorajem, dêem esperança e novo vigor para o caminho. A Igreja deve ser o lugar da misericórdia gratuita, onde todos possam sentir-se acolhidos, amados, perdoados e animados a viverem segundo a vida boa do Evangelho” (Evangelli Gaudium nº114).
Renata Senhorinha Santiago
Coordenadora Arquidiocesana da Pastoral do Dízimo de BH