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[Artigo] Deus é amor e nos convida sempre a estar com Ele – Neuza Silveira, Secretariado Arquidiocesano Bíblico-catequético de BH

A nossa caminhada rumo às celebrações da Páscoa se aproxima. Fazer a experiência da Semana Santa é viver como ressuscitados nos colocando nos passos de Jesus e percorrendo com Ele o caminho, da cruz à Ressurreição, para entrar cada vez mais na lógica de Deus. Uma das exigências, nesse caminhar, é sair de nós mesmo e para ir ao encontro do outro na busca de relações fraternas, assim com Deus saiu de si mesmo para vir estar no meio de nós, para trazer a sua misericórdia que salva e dá esperança.

Segundo o Papa Francisco, Jesus, se colocando no meio de nós, ele se faz presente. “Jesus não é um Deus distante, e não o pode ser. A encarnação revelou-o de forma completa e humanamente impensável. Assim, ao inaugurar a sua missão, Jesus coloca-se à frente de um povo de penitentes, como se estivesse encarregado de abrir uma brecha pela qual todos nós, depois d’Ele, devemos ter a coragem de passar. Embora a estrada seja difícil, Ele vai abrindo o caminho”.

Assim nos encontramos hoje, no Tempo de Quaresma, um tempo que nos convida a nos deixar

-se envolver, pois a quaresma é um tempo que envolve toda a nossa vida, tudo de nós mesmos. É um tempo para verificar as estradas que estamos percorrendo, para encontrar o caminho que nos leva de volta a casa, para redescobrir o vínculo fundamental com Deus, do qual tudo depende. É um tempo que devemos aproveitar para nossas orações e busca de sentido da vida. Tempo de renovação.

Nesse processo de caminhada, a catequese tem seu papel fundamental.
A catequese é chamada a desenvolver a inteligência do “mistério de Cristo” à luz da Palavra, a fim de que o homem todo seja por ela impregnado. Seu objetivo é o de fazer ecoar a Palavra de Deus para todos, não só para crianças, mas para todos os membros da Igreja e para o mundo todo dá sua contribuição de ajudar a desenvolver o senso crítico diante da realidade da nossa sociedade, do nosso ambiente e formar cristãos para uma atitude e atuação evangélicas diante de situações e acontecimentos, tarefas estas que exigem de nós catequistas evangelizadores, uma boa pedagogia e uma boa mistagogia. Assim é o catequista: um pedagogo e um mistagogo para o anúncio da Boa Nova.

Como podemos compreender o Deus-Amor, na nossa vida? Vamos observar que imagem de Deus vamos construindo em nossa caminhada.
Vamos, aos poucos desenvolvendo, ou seja, reconstruindo a imagem de Deus para o hoje da nossa vida. Qual a imagem que temos de Deus: A Sagrada Escritura nos ensina, com uma grande variedade de termos e de imagens, que a misericórdia de Deus é eterna, sem limites no tempo, e sem limites de lugar. Ela é universal, pois não se limita a um povo ou a uma raça, mas se abre a todos os povos e nações.

São Paulo, ao nos dizer sobre a “imagem de Deus” ele faz referência a Jesus. Jesus Cristo. Ele é “a imagem visível do Deus invisível”. Em palavras simples, tudo o que Jesus fala e faz: palavras e obras, tudo isso é para nos revelar Deus, o Pai em seu mistério.

Quando Jesus se senta com as mulheres e prostitutas, é Deus que quebra todo tipo de preconceito e distinções; quando ele perdoa um pecador, é Deus que abre os braços para nos acolher; quando ele come com os pecadores e publicanos, é o Pai que se abre a cada pessoa e a acolhe com carinho e ternura. Veja como é grande o nosso Deus. Ele é Pai, ele nos ama, pois, «em Cristo, Deus reconciliou o mundo consigo, não imputando aos homens as suas faltas e colocando em nós a palavra da reconciliação» (2Cor 5, 19).

Quando permitimos que Deus aja em nossa vida, ele a transforma e nos transporta para uma nova imagem, a de um Deus que é bom, que é amor. Um Deus que para falar de sua existência, só por meio do amor, da benevolência e da graça.

A graça de Deus é, antes de tudo, descobrir o seu amor pela humanidade e vivê-lo junto aos outros, pois a resposta humana à graça só pode ser através do amor. Só amando nós podemos dialogar com Deus-amor.
Quem ama só pode amar na gratuidade e na liberdade. Se correspondido no amor, maravilhas acontecem, mas se não recebe a resposta humana do seu amor, continue amando acreditando que um dia essa resposta virá.
Enquanto espera, sabemos que há dor e sofrimento. No caso do amor de Deus, ele sempre permanece, pois Deus nunca desiste. E ele está sempre a provocar a resposta de amor do ser humano, amando-o por antecipação e gratuidade. Ele nos amou por primeiro. Ele se doa, seduz a humanidade e espera que todos possam render a esse amor por meio da graça. A humanidade precisa desse amor.

O amor de Deus ofertado a nós é Dom, e como todo Dom, precisa ser trabalhado e educado para colocá-lo em prática. Jesus, ao se fazer presente no meio de nós, nos revelando o amor de Deus, ele nos ensina viver esse amor.

Ainda temos muito a caminhar. Compreender a gratuidade de Deus e deixar se envolver por ela, buscar compreender a relação entre Deus e o ser humano, ou seja, o que é próprio de Deus e o que é próprio do homem nas relações. Somos chamados a trabalhar as relações entre nós e Deus e entre todos nós de forma fraterna e reconstruir uma nova mentalidade que nos leve a perceber o Deus da Graça e da Misericórdia.

Neuza Silveira de Souza. Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequética de Belo Horizonte



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