O Sacramento do Batismo
O primeiro passo para a iniciação na fé cristã é o Batismo, que se faz professando a fé no Pai, no Filho e no Espírito Santo, ou seja, em nome da Santíssima Trindade. O Batismo é, portanto, a porta de entrada para a vida cristã.
Para falar da fé em Cristo, não se pode prescindir nem de um olhar do passado nem da prospectiva com respeito ao futuro. Captar o acontecimento de Jesus nos reporta ao evento da Palavra e das Escrituras que nos oferecem o ponto de partida de uma experiência de fé que se faz mensagem para aquele que crê e se dispõe a fazer o caminho da Igreja, ou seja, se colocar no seguimento do Cristo, à luz do Espírito Santo, que a ela foi enviado.
Para entender o sacramento do Batismo que nos introduz na comunidade de fé, devemos buscar, nas origens, como ele acontecia. Mas deve-se buscar compreendê-lo, a partir do Batismo dos adultos, pois assim era a experiência primeira. Tornar-se cristão é algo que se realiza desde os tempos dos Apóstolos. Além de ser graça de Deus, significa uma decisão pessoal, madura e conscientemente assumida. Admitida ao Batismo, a pessoa ouve a mensagem do evangelho, aceita-a na fé e se coloca disposta a pautar sua vida pelo caminho de Jesus. O Batismo é o sacramento da fé, no sentido de ser o sacramento da primeira e fundamental adesão à fé.
As primeiras catequeses
As catequeses oferecidas para as primeiras comunidades cristãs eram carregadas de um sentido profundo do anúncio de Jesus: a Boa-Nova experimentada pelos que caminharam com Jesus e com ele aprenderam seus ensinamentos. Mas a Igreja caminhou na história e, embora não possa perder a essência da fidelidade às origens, elas se atualizam e são interpretadas nas realidades atuais, sempre trazendo consigo elementos essenciais que mantêm viva a tradição, pois estar em presença da tradição cristã é participar de um acontecimento dinâmico, inserido no coração da história.
A Igreja, sempre aberta e disponível para a retomada criadora frente às novas experiências históricas, segue atenta aos ensinamentos do magistério, sem esquecer a missão que vai delineando seu rosto e colocando-a em busca de ser na história o sinal do Reino de Deus.
Nesse sentido, são os adultos que, desde o princípio, atraídos pela pregação sobre Jesus Cristo, pediam para ser admitidos como membros da comunidade, buscando dar sentido à sua vida. Isso demonstra que, na prática, as pessoas viviam essa experiência. Elas se apresentavam para os sacramentos na qualidade de recém-nascidas para a vida nova. Entendiam que, adentrar na vida da fé cristã era fazer uma opção de vida: optar por Jesus Cristo, viver, julgar, agir, amar como Ele. Assim, pelo Batismo não só eram introduzidas na vida da comunidade, mas ocorria uma transformação em suas vidas, levando-as a compreender o Batismo como o sacramento de conversão à fé cristã.
Os efeitos do Batismo: o Batismo dá o Espírito Santo e suas consequências: somos santificados, justificados e incorporados ao Mistério Pascal de Cristo, sua morte e ressurreição, o que significa revestir-se de Cristo, incorporar-se à Igreja, fundamento da vida cristã. Em Cristo, nós nos tornamos irmãos de Jesus e filhos do Pai, de um modo novo.
O Batismo de crianças
O que se diz do Batismo de adulto, vale para o batismo de criança, pois é na mesma graça de fé e de conversão que ela deverá ser educada (iniciada), até assumir pessoalmente o seguimento de Jesus. Desde o princípio acontecia também o Batismo de criança, mas essa prática só se generalizou por volta do século V. Pela tradição cristã, a criança sempre foi e continua sendo batizada na fé da Igreja, ou seja, na fé dos pais.
A criança, sem condições de fazer sua opção de se colocar no seguimento do Cristo, tem os pais e padrinhos e, ainda, a comunidade que assumem esse compromisso de conduzi-la pelo caminho de uma conversão dos valores do mundo aos valores e modo de viver do cristão. Quando, já na idade adulta, ela pode fazer sua própria opção recebendo o sacramento da Crisma.
Pode-se dizer que acontece uma interpretação da experiência-fonte na comunidade que no decorrer da história é animada por uma fé que se aprofundou à luz do evento pascal. É necessário que, no caminhar da Igreja, a comunidade tenha uma catequese capaz de levar a perceber que a experiência de Jesus Cristo, como salvação da parte de Deus, não pode ser recebida a não ser com base numa certa experiência do que é o Messias, do que é a salvação, do que é a expectativa messiânica, do que é a verdade da relação religiosa do ser humano com Deus.
Pela força do sacramento do Batismo, passando pela porta que é Jesus Ressuscitado, hoje, repassando por ela e vivendo, a partir de Jesus Cristo, nossa vida cristã adquire maior sentido, se torna verdadeira e consistente.
Neuza Silveira de Souza
Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano
Bíblico-Catequético de Belo Horizonte