Jesus crescia com grande sabedoria
Jesus nasceu em Belém, no tempo em que o Rei Herodes era o rei da Judeia. Herodes era conhecido como homem cruel e presunçoso e não se preocupava com as questões religiosas tão caras aos judeus de seu tempo. Durante o seu reinado mandou construir dezenas de fortalezas e embelezou várias cidades com uma quantidade enorme de edifícios, cuidou da construção de teatros, hipódromos e santuários em honra de seu protetor ‘César Augusto’, e se dedicou à reconstrução do Templo de Jerusalém. Nele investiu enormes recursos, transformando-o em uma das maravilhas do mundo. Ele desfrutava de uma estabilidade política excepcional. A confiança e o apoio de Augusto garantia-lhe a solidez do trono.
Mesmo tendo apoio político, o povo não gostava de Herodes, sua vida privada era insustentável, o que levou a viver seus últimos anos de forma particularmente tenebrosa. Mais perturbado ainda, ele ficou diante da notícia de que embaixadores estrangeiros pediam informações na cidade sobre um “rei dos judeus”, que acabara de nascer. Quem seria esse pretendente ao trono? Que forças políticas se esconderiam por detrás dele?
Pelas conversas que ouvia na cidade, ficou sabendo que se tratava de um menino tido como Messias que deveria vir ao mundo. Informando-se, ficou sabendo que o menino deveria nascer em Belém. Então encaminhou pessoas de seu comando para lá para lhe enviar informações.
Belém não ficava distante da capital. Quando os estrangeiros chegaram na pequena cidade, todos já sabiam de um misterioso menino que nascera em uma estrebaria. Alguns pastores foram os primeiros a encontra-lo e contavam que havia visto no céu sinais fantásticos que os guiaram até a gruta. Os pais do menino, o carpinteiro José e Maria eram oriundos da Galileia. Quando Maria levou o recém-nascido ao Templo para purificação, como era de costume, estava ali um vidente que tomando a criança dos braços da mãe, deu graças a Deus e disse que poderia morrer em paz porque vira com seus olhos “aquele que o Senhor Deus escolhera como salvador para iluminar todas as nações. Muitas profecias foram pronunciadas e passaram de boca em boca
Herodes aguardava notícias sobre o nascimento do messias, mas como não recebia nenhuma, tomou a decisão drástica de mantar matar todas os meninos com menos de dois anos de idade, mas aquele que os assassinos procuravam já estava longe da cidade de Belém, pois a pequena família da Galileia fora refugiar-se em território afastado do poder de Herodes. Foram para o Egito, um país vizinho onde viviam muitos judeus da diáspora.
Jesus em Nazaré, depois da morte do Rei Herodes
Passado o tempo e tendo chegado a notícia da morte de Herodes ao Egito, José e Maria resolveram retornar à sua terra natal, mas sabendo que os filhos de Herodes mantiveram no poder, foram se estabelecer na pequena cidade de Nazaré, uma aldeia afastada da grande Galileia, e longe dos percursos históricos. Nazaré era uma aldeia tão pequena que nos tempos dos Evangelhos havia até um ditado que dizia: “De Nazaré pode sair algo de bom?”.
Em Nazaré, Jesus viveu a maior parte de sua vida, percorreu as suas estradas de pedras, subiu as colinas da redondeza. Jesus era conhecido como o “nazareno” e eram poucas as pessoas que sabiam de sua cidade natal.
Nazaré era considerada aos olhos dos seus moradores, como um recanto sem par. Um paraíso terrestre. O ar puro de suas montanhas é límpido e transparente, Depois das chuvas de inverno, as encostas dos montes de Nazaré tornam-se um único, imenso Jardim, coberto por infinidades de flores. Na primavera era os cantos das cotovias que alegravam o ambiente. Aves e flores eram a imagem da alma que repousa sua confiança em Deus, na linguagem de Jesus.
A economia da cidade era sustentada pela agricultura. O cultivo de vinhas era grande, havia olivas e figos, apascentavam cabras e ovelhas nos prados, lavravam os campos.
Em relação à religião, Jesus seguia seus pais. A prática religiosa era as experiências vividas na Sinagoga, onde o povo ouvia a leitura das Sagradas Escrituras e os ensinamentos dos rabinos.
Muitas são as lendas apócrifas sobre esse tempo, mas podemos imaginar muitas dessa beleza ambiental se consideramos a forma como Jesus trabalha suas parábolas. Elas são carregadas dessas imagens e símbolos. Sua experiencia de vida vem carregada do tipo de vida do seu povo: os pastores, os vinhateiros, os agricultores, gente com as quais conviviam na pequena aldeia de Nazaré.
Neuza Silveira de Souza
Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte.