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[Artigo] Como viver a fé em Jesus Cristo – Neuza Silveira

Ter fé não é ter certeza absoluta… Fé é viver em “terra de andanças. Saber armar a tenda… sair da própria segurança, da comodidade do que é conhecido… é “entrar” em uma terra nova, em um mundo (interior e exterior) que se abrirá na medida de nossa resposta.

(Pe. Adroaldo Palaoro sj)

Viver a fé, vive-se através de experiências frente a uma realidade.

Nesse tempo quaresmal, vamos viver mais intensamente a fé.

Em nossas catequeses, sempre ajudamos os catequizandos a fazer experiências de fé, partindo de uma dinâmica apropriada. Vejamos esta: convidá-los para o meio do círculo. Uns ficarão de olhos vedados com um lenço, outros irão orientá-los, mas sem falar. Colocar vários obstáculos pelos quais aqueles de olhos tampados serão conduzidos. Destampar os olhos e deixar que os participantes partilhem a experiência. Perguntar: como se sentiu caminhando sem poder enxergar? Que sentimentos experimentou ao se deixar conduzir pelo colega?

Na realidade atual é comum se deixar conduzir pelos outros, com segurança? Com confiança?

Partindo dessa experiência partilhada, podemos nos perguntar: O que é ter fé? Como é se colocar no seguimento de Jesus? (Partilhar).

Ver com os olhos da fé

Estamos caminhando com a nossa Igreja retomando a exata confiança da fé para reavivá-la, purificar, confirmar, confessar, testemunhar, anunciar. Sair em missão levando a Igreja rumo à amizade com Cristo para uma conversão a Deus, anunciando-o com alegria aos homens e mulheres de nosso tempo.

É nesse sentido que a catequese, caminhando junto com a Igreja, procura refletir com as catequistas e catequizandos o tema da fé. A “Palavra” nos dá a direção. A exemplo dos primeiros anúncios de Paulo e Barnabé, observemos com que entusiasmo eles se expressavam quando retornavam de suas atividades missionárias e contavam ás comunidades tudo o que Deus tinha feito com eles, especialmente abrindo aos gentios a porta da fé (cf. At. 14,27). Que as nossas catequeses possam despertar esse grande entusiasmo aos nossos catequizandos quando, também eles, forem contar a seus pais e amigos o que aprenderam nos nossos encontros catequéticos.

Ter fé é acreditar em Jesus Cristo (Mt. 16, 10-17)

A fé é dom de Deus. Se a fé é dom, é graça de Deus. Ela nos é dada para que possamos desenvolvê-la, cuidar, deixar se desabrochar e manifestar-se em nós. A fé é uma virtude pela qual cremos em Deus e em tudo o que nos revelou. É compromisso. Ela nos leva ao comprometimento com Deus que nos ama, mas também ao comprometimento com o outro, o meu próximo, ou àquele a quem eu preciso me tornar próxima. Assim a fé tem também suas exigências: convida-nos a darmos testemunho dos ensinamentos de Jesus.

Assim como toda semente jogada na terra precisa de cuidados para desenvolver e crescer, Assim também é a fé, esta semente colocada no coração do homem que necessita de cuidados para dar bons frutos. Não para a nossa própria satisfação, mas para o nosso crescimento humano junto com os demais irmãos e irmãs. Amar e se deixar amar nessa relação de gratuidade para com o próximo, nos faz perceber Deus. E o que nos leva a fazer essa experiência de Deus é o acreditar no seu amor, é ter fé.

Iluminar com a luz da fé (Mt 13,10-17) 

Deus nos dá a vida. E o que é a vida? Ela é amor, esperança, paz, perdão, liberdade, gratuidade, diálogo, justiça, pão partilhado, boa vivência na comunidade, na família, nos ambientes de festas, ou seja, é o amor pleno de Deus no coração de cada um, lugar onde ele é germinado e dali, deve sair para ir ao encontro do outro. O meu sim a Jesus Cristo me leva a dizer sim à vida, à comunidade, à Igreja e a todos os meus irmãos na fé.

Então nos perguntamos: Por que tanto desamores e tanta violência no mundo? Tantos males e sofrimentos não são frutos da vontade de Deus, mas muitos males são causados pelo ser humano que desrespeita o projeto de Deus, aquele projeto da construção do Reino que Jesus veio nos revelar e nos convidar para juntos construí-lo. Para Jesus, a vivência do amor nos faz felizes e participantes do Reino de Deus (Mt. 5,7).

A fé como resposta da palavra revelada

A fé é a resposta à ‘Palavra’ ouvida e acolhida. Uma afirmação constante da fé é: “crer em Deus quando ele se revela”. Pela Revelação, Deus se abre à criatura humana, manifestando-lhe os segredos de sua intimidade e amizade. Assim, a verdadeira fé é dom e assentimento (podemos ver alguns textos bíblicos que nos ajudam nessa reflexão: Rm 16,26, 1,5; 2Cor 10,5-6; Ef 1; 13; 1Cor 15,11; Mc 16, 15-16).

Observemos o exemplo de Maria, a mãe de Jesus, aquela que escutou, acolheu e amou a Palavra de Deus, que carregou em seu seio a Palavra viva, que fez a grande experiência do amor e da fidelidade de Deus, por meio de Jesus Cristo. Ela meditava e guardava a Palavra de Deus no coração, colocando-a em prática (cf. Lc 11,27-28; Lc 8,19-21).

A vivência da fé e a religião

Quem tem fé pratica as verdades da religião. A religião é a sustentação da nossa fé. Com Jesus aprendemos a amar e a servir. Com ele podemos aprender muita coisa do seu jeito de viver. Somos todos convidados a segui-lo. E seguir Jesus é seguir seu estilo de vida. Ele convoca a todos: homens e mulheres, rapazes e moças, jovens e crianças, em vista do amor para com o mundo. A fé cristã é sempre um desafio que nos provocam a descobrirmos quem somos como pessoa e quais as nossas capacidades de vivenciar encontros verdadeiros que possibilitam a nossa transformação.

Nosso agir

Olhando para o mundo de hoje, como viver a fé, o amor ao próximo? Deixo o meu comodismo de lado para ir ao encontro do outro? Nos ambientes em que frequento, estou vivendo o amor como: partilha, dom, ternura, uma virtude que me leva a amar a Deus e as pessoas, ou um amor egoísta que mais aprisiona do que liberta?

Celebrar a alegria de viver a fé

Em silêncio, leia bem baixinho Jo 15,9.15. Observe o pedido de Jesus: “permanecei em meu amor. […] tudo o que ouvi de meu Pai eu vos dei a conhecer”. Rezar a profissão de fé meditando bem estas frases: Eu creio em Deus Pai. Creio em Jesus Cristo, Creio no Espírito Santo que santifica a minha Igreja.

Neuza Silveira de Souza. 

Coordenadora do Secretariado Arquidiocesano Bíblico-catequético de Belo Horizonte.

 

 



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