A Iniciação Cristã tem seu sentido exato na vida e no pensamento da Igreja. A tradição cristã designa a Iniciação cristã como o conjunto, hoje dividido nas liturgias ocidentais, que constituem Batismo-Confirmação (ou Crisma)-Eucaristia, iniciação aqui considerada no sentido da plena participação no Mistério de Cristo. Iniciado na fé, o fiel torna-se um membro ativo e autêntico da Igreja, perfeitamente apto a viver plenamente da vida de Cristo, em seu lugar no corpo eclesial.
Falar sobre o querígma é falar sobre o anúncio de Jesus Cristo. Anunciar o Mistério de sua vida, o mistério da salvação que se realiza na encarnação do Filho, o Verbo eterno, por decisão do Deus-Trindade. Essa encarnação sela a aliança definitiva de Deus com os homens, expressão do seu amor pelo povo eleito desde o princípio, e do qual pede uma resposta de amor e obediência. Nossa salvação foi realizada especialmente pelo Mistério Pascal, que se tornou possível pela encarnação: mistério de morte e de Ressurreição, pelo qual o Filho, depois de ter dado a seus apóstolos o sentido de seu gesto, oferece-se a seu Pai na Cruz.
A encarnação e a redenção pelo Mistério Pascal são, em Cristo, um processo de atos que exprimem seu amor e sua obediência, sendo o dom de sua vida no momento de sua morte o último desses atos. Amor por seu Pai e, nele, amor pela humanidade.
Jesus veio anunciar o amor de Deus Pai. Este é o ponto de partida: Deus nos ama porque somos bons; nos ama porque ele é bom e é próprio do amor espalhar-se por meio das pessoas amadas. Ao expressar o amor do Pai, Jesus proporciona um encontro que transforma e dá sentido à vida, pois seu desejo é comunicar a Boa-Nova do Reino de Deus e permitir que as pessoas, baseadas na compreensão e no amor, o aceitem em suas vidas. Assim se deu a percepção do grande amor de Deus acontecendo na vida das pessoas desde quando Ele (Deus) tomou a iniciativa de vir nos visitar em pessoa. A encarnação de Jesus Cristo é a revelação definitiva do grande mistério do Pai que deseja salvar o mundo em seu Filho Jesus.
Conhecendo um pouco mais Jesus
O nome de Jesus significa “Deus que salva”. Em Jesus, Deus se fez um de nós, veio morar em nosso meio e abrir para nós o caminho da salvação. Após ter sido batizado por João Batista e ter recebido o Espírito Santo que veio sobre ele na forma de uma pomba, de ter ouvido a vós do céu: “Este é meu Filho bem-amado” (Mt 3,17), depois de ter sido provado sua obediência a Deus quando o Espírito o levou ao deserto para ser tentado, depois de tudo isso Ele começou a anunciar seu Evangelho e a comunicar a proximidade do Reino de Deus nos convidando à mudança de vida.
Seus Apóstolos o acompanhavam, a multidão o seguia. Com Ele, “os cegos recuperam a vista, os coxos andam, os leprosos são purificados e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é anunciada a Boa-Nova” (Mt 11,5). Em seu anúncio Ele convida a todos para participar do Reino, mas para entrar nele é preciso conversão, ou seja, acolher a Palavra de Deus e viver conforme sua vontade. Assim foi a vida de Jesus Cristo: cada gesto e milagre, cada palavra, cada ação, cada sofrimento, sua maneira de ser, tudo revela a sua divindade e a salvação que ele traz. Em sua vida está revelado o mistério de Deus no meio de nós.
No Evangelho de Lucas 2,1-20, pode-se presenciar o mistério do Deus conosco, o Emanuel, que quis estar conosco como nosso irmão, o Deus que desejou mergulhar em nossa realidade com as suas fragilidades, exceto o pecado. Isto aconteceu porque Deus, movido por seu imenso amor, desejou ardentemente entrar em comunhão conosco.
Pode-se também encontrar grande demonstração do amor de Deus, na parábola do pai misericordiosos (Lc 15,11-32). Quem não conhece essa parábola? Nela brilha a vontade de Deus Pai de querer salvar a todos, envolvendo os pecadores mais afastados e arrependidos no seu abraço carinhoso de perdão.
Como a Palavra de Deus revela a ordem de Jesus para que os seus discípulos fossem anunciar a todas as nações e batizar as pessoas em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, o querígma, em nossa catequese, é o primeiro passo para levar a fé cristã a todos os povos e lugares que ainda não ouviram falar de Jesus Cristo e de sua mensagem. O anúncio de Jesus se torna fundamental para a vida dos discípulos, assim também é fundamento para nós cristãos anunciadores do Evangelho, pois não se pode conhecer Jesus sem o anúncio daqueles que já o conhecem e dão testemunho dele. Podemos lembrar aqui as palavras do etíope que não entendia o sentido das Escrituras e responde a Filipe que lhe pergunta: Entendes o que lê? O Etíope responde: “Como poderia entender se alguém não explicar”. (cf. At 8,31).
Também nós, chamados a anunciar a Palavra de Deus, temos o anúncio do querígma como primeiro ato da ação evangelizadora. O anúncio leva as pessoas a terem uma vida mais feliz, em harmonia com Deus e com os outros. Ao mesmo tempo em que se fala do anúncio para os que ainda não conhecem Jesus, hoje a Igreja também reconhece ser necessário falar de Jesus a quem já é católico. Muitas pessoas conhecem Jesus, mas muitas ainda não aderiram a Ele. Com o anúncio de Jesus Cristo a Igreja tem por objetivo continuar e tornar presente o nome de Jesus vivo, pela ajuda do Espírito Santo.
A Igreja, comunidade evangelizadora, é comunidade de salvação, corpo místico do qual Cristo é a cabeça, uma comunidade reunida por sua Palavra e alimentada com seu corpo eucarístico. A eucaristia é o sacramento para o qual convergem todos os outros sacramentos. Com ele culmina nossa assimilação ao Cristo, pois se Deus dá sua graça em qualquer sacramento, neste ele vai até ao ponto de dar a própria realidade de sua pessoa encarnada, divina e humana.
Neuza Silveira de Souza – Coordenadora do Secretariado
Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte