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[Artigo] Catequese Renovada: Ministério da Palavra (3) – Neuza Silveira, Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de BH

Características da Catequese Renovada – A pedagogia de Deus

Falar da pedagogia de Deus é falar do caminho que seguiu nosso Deus, na História, para se revelar aos homens e comunicar-lhes a “Boa Notícia” a Salvação. É falar de um Deus que cuida dos seus filhos e os educam tal qual um pai educa seus filhos. Deus torna-se para seu povo como um pai e uma mãe que ensina ao seu filho os caminhos da vida. Deus ama, cuida e guia a humanidade inteira. Orienta-a, aproxima-a de si. Ele dá a força para permanecermos no caminho. Ele nos ama, não por causa da nossa bondade, da nossa justiça, mas para o cumprimento da sua fidelidade a nós e da promessa que fizera aos nossos pais da fé: Abraão, Isaac Jacó.

Deus é amor, é comunicação. E na pedagogia divina, quem toma a iniciativa é sempre Deus. É Ele que toma a iniciativa de nos amar com um amor pessoal, de dirigir a cada um em particular chamando-o pelo nome. Ele se revela a nós, e sua revelação tem por objetivo a salvação de todos.

Quando falamos de “Revelação” devemos entende-la como a manifestação sobrenatural de Deus “de si mesmo e dos decretos eternos de sua vontade”; No Concílio Vaticano II (1962-1965), na Constituição Dei Verbum, Revelação é descrita como a ação pela qual Deus livremente torna conhecido o propósito escondido da vontade divina e, amorosamente, fala aos seres humanos como amigos, convidando-os “à comunhão consigo”. Sua revelação vai acontecendo aos poucos, por etapas, construindo um itinerário. Jesus Cristo é o mediador dessa revelação. Ele nos revela: quem é Deus, quem somos nós, qual é a nossa vocação.

Para que a Revelação Divina chegasse a todos, em todas as épocas, Jesus Cristo enviou os apóstolos a pregar o “Evangelho”.  Assim, os meios pelos quais o “Evangelho” chega aos homens são pela pregação oral, exemplos e constituições provindas do contato pessoal dos Apóstolos com Cristo e da inspiração do Espírito Santo. Também pelos escritos inspirados pelo mesmo Espírito. Após o tempo dos apóstolos, estes deixaram os bispos como seus sucessores, entregando-lhes o seu próprio ofício de magistério.

Quando a nossa catequese se propõe a renovar ela coloca os ensinamentos de Jesus Cristo como centro da prática catequética. Essa renovação assume o modo como Deus se deu a conhecer e como revelou seu projeto libertador. O modo de educar a fé dos nossos catequizandos passa a seguir o mesmo “processo e pedagogia” que Deus usou para revelar-se. Revelação progressiva através de palavras e acontecimentos por dentro da vida e do respeito pela caminhada da comunidade, o amor pelos pobres e oprimidos, no processo de educação da fé. Deve também espelhar-se no jeito de Jesus que continua a pedagogia de Deus Pai: atenção e respeito a partir das situações concretas das pessoas, denunciar o mal, formar comunidade e agir no Espírito.

É se apropriando desse jeito de Jesus que a catequese renovada propõe esse caminhar em etapas, sou seja, esse itinerário que possibilita um aprendizado eficaz. Nos encontros de Deus com seu povo, Deus lhes fala partindo de algo que os homens já conhecem, que pertencem à experiência deles, e daí leva-os a descobrir e compreender algo novo, ou seja, ajuda-os a compreenderem o sentido da história que estão vivendo.

Essa comunicação de Deus com os homens, se dá em definitivo, em Jesus Cristo. Nele Deus se dá por inteiro, pois Jesus é a encarnação, na natureza humana, do Verbo. É a própria “Palavra de Deus”, feita carne (Jo 1,14). Então, Jesus Cristo é a Plenitude da Revelação. Sua encarnação, sua vida terrena, sua morte e ressurreição são fatos em que a fé reconhece Deus que se revela e se comunica.  O sentido desses fatos nos é dado pelas próprias palavras de Jesus, e nós podemos compreende-las com a ajuda do Espírito Santo e da Igreja.

Na catequese, aprendemos com a pedagogia de Jesus, que é a mesma pedagogia de Deus. Para nos levar à plenitude da fé, ele, utilizando-se das histórias da salvação, recorre também às situações de vida e às experiências das pessoas, educando-as para que reconheçam nelas os apelos de Deus. Nesse sentido, somos chamados a também renovar a nossa catequese, utilizando das histórias e dos fatos da vida de nossos catequizando para ajuda-los a reconhecerem nelas os apelos e o amor de Deus. O documento “Catequese Renovada” nos chama a atenção para esse novo jeito de catequizar: para além da Palavra de Deus, como fonte, e diante dos ensinamentos de Jesus, somos chamados a olhar e dar atenção à realidade de nossos catequizandos, pois ela passa a fazer parte do conteúdo da catequese. Juntos formamos a comunidade viva de Cristo, lugar onde se conservam as palavras de Jesus, os sacramentos, a oração que ele nos ensinou, a liturgia que vai se enriquecendo aos poucos com as expressões das várias culturas, as diversas manifestações da fé e da caridade cristã.

Lembremos sempre: Nós temos a “pertença” em Deus. A maior graça que recebemos do Pai foi a de nos tornarmos seus filhos, pela adoção em Jesus que assumiu a nossa natureza humana. “Considerai com que amor nos amou o Pai, para que sejamos chamados filhos de Deus. E nós o somos de fato. Pela fé no nome de Jesus e pelo Batismo, tornamo-nos filhos de Deus e “predestinados a ser conformes à imagem de Seu Filho” (Rm 8,29).

Neuza Silveira de Souza -Coordenadora do SABIC

Secretariado Arquidiocesano Bíblico-Catequético de Belo Horizonte

 



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